Tendências atuais da pandemia de Covid-19, a interiorização e a aceleração da doença na região são algumas das informações disponibilizadas pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). A instituição, por meio do Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional, divulga o segundo mapa com dados do coronavírus.
O estudo, denominado de Observa DR – Covid-19, foi elaborado por um grupo de 30 profissionais e acadêmicos da Unisc, com a colaboração da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos e da Secretaria Municipal de Planejamento. Conforme o mapa, Santa Cruz tinha 111 casos confirmados de coronavírus nesta quarta-feira, 10. O estudo compreende o período de 2 de maio, quando o número de casos era entre 10 e 15, até essa terça-feira, 9.
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“A Covid-19 começa a se instalar em alguns bairros, como Centro e Universitário, e depois vai se expandindo em direção a alguns bairros mais próximos, como Santo Inácio e Higienópolis – embora este bairro tenha uma situação muito particular em função da clínica que teve várias pessoas contaminadas. Precisaria de uma análise mais detalhada de quem são as pessoas contaminadas e onde residem para se ter uma distribuição mais adequada. Neste período mais recente, o que estamos observando é, também, uma difusão da epidemia para esse quadrante em direção ao leste, como Linha João Alves, Country, Linha Santa Cruz, e para a periferia Sul, que é o que mais nos preocupa por ser a região mais frágil, por causa da infraestrutura e por concentrar um grande número de pessoas”, avaliou o coordenador do Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional da Unisc, Rogério Leandro Lima da Silveira.
O coordenador também avaliou o padrão de transmissão do vírus em Santa Cruz. “O padrão espacial de distribuição do vírus no território dos municípios brasileiros segue, mais ou menos, esse padrão: ele não inicia na periferia, ele inicia nas áreas centrais ou nos bairros de classe média alta, com a população que veio do exterior e que estava em viagem, ou os empresários que vivem nessas áreas centrais intermediárias, e a partir dali o vírus começa a se expandir pelo território dos municípios, indo em direção à periferia, para depois ir em direção aos locais mais distantes”, explicou.
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Em 25 de maio, de acordo com o mapa divulgado nessa terça-feira pela Unisc, o município chegou à marca de 80 casos, na maior expansão do vírus até agora. Depois, em 2 de junho, passou para 100 e para 110 até essa terça-feira. Silveira comenta que, pelos números, a transmissão da doença está estabilizada em Santa Cruz. “Mostra uma certa inflexão da curva, no sentido de estabilização entre os dias 2 e 9. Se nós compararmos com maio, há um crescimento ainda, mas se compararmos com a última semana do dia 2, o crescimento se dá de forma menos intensa. As próximas duas semanas serão decisivas, pois houve um relaxamento em função das bandeiras amarelas. Muitas pessoas, equivocadamente, no meu entendimento, pensam que voltamos à normalidade que tínhamos antes da epidemia, com muita gente na rua e aglomerações”, afirmou.
Além dos bairros, o coronavírus também se espalha para o interior, sobretudo na região de Monte Alverne, conforme analisou o coordenador. “Em Santa Cruz, o que a gente observa é que, no caso dos distritos do município, praticamente não há uma difusão, a não ser em Monte Alverne, com nove casos, mas é preciso compreender que parte destes contaminados tem vínculos com Venâncio Aires ou trabalha em algum frigorífico na região do Vale do Taquari”, explicou.
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Com base no que aconteceu em outros municípios do Estado e do Brasil, Silveira diz que onde a flexibilização da atividade econômica foi maior, os casos da doença cresceram. ”O que a gente tem observado, nos lugares onde houve uma flexibilização, é que a epidemia recrudesceu. Então, temos que estar muito atentos para que isso não ocorra em Santa Cruz e nos municípios da região. Não tem como saber isso, pois há muitas variáveis que não dominamos, como a subnotificação e a falta de testes para todos”, explicou.
Em Santa Cruz, de acordo com o coordenador, as próximas duas semanas vão ser decisivas para se afirmar se o pico da doença já passou ou se ainda está por vir. “Iremos verificar o resultado dessa flexibilização que houve há duas semanas atrás, quando muita gente saiu, circulou, foram às compras, em que o comércio e alguns restaurantes reabriram. Temos que ficar atentos. Outra coisa que é importante, neste levantamento regional que estamos fazendo, é pensar enquanto região. O processo de regionalização da saúde que o Governo do Estado está usando para definir bandeiras tem relação, inclusive, com os casos nos municípios vizinhos”, finalizou.
O estudo, produzido pela Unisc, busca apresentar o comportamento da epidemia segundo a velocidade de disseminação no tempo e no espaço, entre outras situações. O observatório da instituição foi criado em 2012, sendo o primeiro do Brasil, e reúne uma rede de pesquisadores em nível nacional. O programa de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Regional completou 25 anos no ano passado.
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