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LISSI BENDER

Brasileiros e alemães – eles se conhecem?

Com frequência ouço pessoas dizerem que os alemães pouco se interessam pela questão imigratória alemã aqui no sul do Brasil. Isso me faz matutar sobre o que os alemães sabem a respeito do Brasil e o que os brasileiros sabem sobre a Alemanha. Cito alguns exemplos, extraídos dentre as muitas vivências minhas. Certa vez, num Fortbildungskurs – curso de aperfeiçoamento pedagógico-cultural – no Goethe Institut de München – fui incumbida de visitar o Viktualienmark – famosa feira pública – e Reisebüros – agências de viagem. Deveria observar, interagir e documentar tudo que me chamasse a atenção, para posterior relatório.

Nas cinco agências visitadas, nada encontrei sobre o Rio Grande do Sul. A maioria divulgava as praias do Rio e nordeste, Bahia, Foz do Iguaçu. Noutra vez, enquanto estudava na Universidade Albert Ludwig em Freiburg, uma senhora me perguntou se havia muitas cobras no Brasil. Eu lhe respondi que sim, que até já havia distraidamente pisado em uma. Do lado brasileiro, minhas vivências também não são animadoras: em viagem de trem entre Itália e Viena, encontrei uma família paulistana.

Quando souberam que de Viena eu iria à Alemanha, perguntaram-me se eu tinha coragem de ir a àquele país nazista. Noutra oportunidade, havia sido convidada para falar sobre a Alemanha contemporânea a alunos do segundo grau. Para quebrar o gelo, iniciei perguntando com o que associavam a Alemanha – “Hitler” foi a primeira resposta que recebi. Nessas oportunidades, e em diversas outras, pude perceber que muitos brasileiros e alemães pouco sabem uns dos outros.

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A mídia, de certa forma, contribui. Qual a imagem que mais exportamos para fora do país? Mulata, samba, praias, futebol… Do lado de lá a mídia foca muito a questão indígena, a floresta amazônica, a violência, a política… No entanto, existem muitas e boas relações entre os dois países que são pouco conhecidas pelo grande público, tanto de lá quanto de cá. Cito alguns exemplos: os convênios científicos entre universidades, as parcerias entre cidades alemãs e brasileiras; a Deutsch-Brasilianische Gesellschaft – Sociedade Brasil Alemanha, com sede em Berlin, da qual participo; intercâmbios culturais, a exemplo da Camerata de Ivoti, que está se apresentando em diversas regiões na Alemanha; também na região do Hunsrück há interessantes iniciativas de intercâmbio cultural.

No Brasil existem em torno de 1.200 empresas alemãs e a AHK – Câmara para o desenvolvimento bilateral na área da indústria e comércio. E no que concerne à emigração de alemães, existe o enorme museu de Bremerhafen, que documenta amplamente a história alemã da Emigração : https://www.bremerhaven.de/de/tourismus/museen-erlebniswelten/historisches-museum-bremerhaven.16716.html. Também em minhas palestras proferidas em Tübingen, em Rottenburg, na Phantastische Bibliothek de Wetzlar e no Deutsches Literarisches Archiv de Marbach, seja para lançar livro ou para falar sobre imigração alemã em Santa Cruz, sempre encontrei bom público atento e interessado.

Tudo que citei ilustra as muitas relações existentes. Lamentavelmente, parece não alcançarem o grande público. Mas cultivo a expectativa de que as celebrações voltadas para os 200 anos da Imigração Alemã no Brasil e os 175 em Santa Cruz sejam um marco de maior visibilidade e integração entre os dois países e seus habitantes.

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