O fechamento da unidade Carrefour em Santa Cruz do Sul está provocando transtorno e preocupação para os lojistas que ocupam as salas comerciais dentro do hipermercado. Segundo eles, foram menos de 30 dias entre a notificação oficial sobre o encerramento das atividades do local e o prazo final para a desocupação dos espaços. Com um tempo tão curto e tendo sido pegos de surpresa, muitos encontram dificuldades para transferir as lojas para outros pontos. Além disso, o Carrefour fechou as portas cinco dias antes do que havia sido divulgado.
De acordo com a lojista Ingrid Reinicke, sócia-proprietária da Cia do Chimarrão, o primeiro indício do fechamento foi percebido poucos dias antes do Natal, quando os funcionários do hipermercado receberam o aviso prévio sobre a demissão. “Nós então ficamos em alerta, mas não fomos informados.” Ingrid revela que há um portal que os locatários usam para se comunicar com o Carrefour e lá também não havia nenhuma notícia. “Ficamos sabendo oficialmente no dia 3 de janeiro, por e-mail, que o fechamento estava previsto para 31 de janeiro.”
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Esse prazo de apenas 28 dias, afirma Ingrid, foi insuficiente para buscar um novo local e fazer todo o planejamento que a mudança exige. “Não é apenas encaixotar tudo e ir para outro lugar, tem a questão do ponto, eu preciso ir para um local onde consiga atender bem os meus clientes e eles se sintam confortáveis”, afirma a empresária, que está instalada há 14 anos, quando a unidade do Big passou a operar. Além da burocracia com uma nova locação, ela lembra que há toda a questão financeira de uma mudança que não estava prevista.
“Desesperador”, essa foi a palavra usada por Ingrid para descrever o mês de janeiro. Ela diz que depende unicamente dos resultados da loja para as despesas da casa e da vida pessoal. “É o meu ganha-pão. Como vou vender se na sexta-feira fui convidada a fechar mais cedo?”, questiona. Segundo ela, no dia 26 de janeiro os funcionários do Carrefour passaram nas lojas da galeria e pediram para que os lojistas fechassem às 18 horas, visto que o hipermercado já havia encerrado definitivamente as atividades. Com isso, Ingrid e a sócia, Andréia, tiveram que selecionar alguns produtos e atender dois clientes em casa.
Ela afirma que o movimento já estava baixo nos últimos meses e, com isso, não havia dinheiro em caixa para a mudança. Diante de todo esse transtorno, a exaustão física e mental é inevitável. “Foram muitas noites sem dormir. Eu tenho uma filha que depende de mim, ela demanda atenção, cuidado, então não posso chegar em casa e chorar na frente dela”, lamenta.
Além de um prazo maior, Ingrid entende que o Carrefour poderia ter prestado auxílio aos lojistas para encontrar outro local, na mudança e na divulgação. A Cia do Chimarrão agora vai funcionar junto ao Miller localizado no Bairro Ana Nery.
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“É horrível, não deveria ser assim”
O relato é do comerciante Adelar Bueno da Silva, que por mais de dez anos manteve a tabacaria Rezalenda na galeria do Carrefour. Ele também foi pego de surpresa com a notícia do fechamento. Desde o anúncio oficial, afirma, o movimento de clientes no hipermercado foi caindo gradativamente e afetou as vendas da tabacaria. “Eu tinha clientes fixos, mas muitos também eram os que vinham fazer compras no mercado, então isso afetou muito.” Ele revela que a proprietária de uma das lojas chegou a ficar doente.
“Psicologicamente é muito difícil, eu já tinha fechado lojas mas por vontade própria, nunca tinha passado por isso dessa forma.” Adelar conseguiu um novo ponto na Rua Tenente Coronel Brito, próximo à esquina com a Rua Senador Pinheiro Machado, e agora corre contra o tempo para reabrir o estabelecimento. “Não tenho condições de ficar muito tempo parado, então vou abrir quase que de forma provisória.”
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Procedimentos como instalação da fachada, pintura, adequação dos móveis e outras mudanças não poderão ser feitas no novo local a tempo da abertura, prevista para 5 de fevereiro. “É horrível para nós que vamos trabalhar e também para o cliente que vem fazer as compras, não deveria ser assim.” Assim como Ingrid, Adelar diz que esperava mais assistência por parte do Carrefour em um momento como esse. Os empresários são representados pela advogada Patrícia Lacerda. Segundo ela, no momento há tratativas administrativas com o Carrefour, mas uma ação judicial não está descartada se não houver acordo.
A Gazeta do Sul tentou contato com o Carrefour por meio da assessoria de comunicação, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.
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