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FORÇA DA NATUREZA

FOTOS: temporal arrasa áreas do interior de Santa Cruz; veja

Foto: Alencar da Rosa

Localidades do entorno de Monte Alverne tiveram prejuízos significativos pelo temporal

O temporal que deixou um rastro de destruição no Vale do Rio Pardo e em várias outras regiões do Rio Grande do Sul na noite de terça-feira também atingiu com força total o interior de Santa Cruz do Sul. Diversas localidades do entorno de Monte Alverne, com destaque para São Martinho, Linha General Osório e Linha Júlio de Castilhos, registraram prejuízos significativos. Basta uma rápida passada pelas estradas principais para perceber muitas casas destelhadas, postes tombados ou caídos e árvores partidas ao meio pela força do vento (veja fotos ao fim da reportagem).

Proprietário de uma serraria em São Martinho, Giovane Dittberner, de 30 anos, conta que tudo começou por volta das 21 horas de terça, momento em que a chuva e o vento ganharam intensidade nunca antes vistas por ele. “Procuramos nos abrigar no lugar mais seguro da casa e aguardamos, não tinha mais o que fazer.” Ele calcula que o fenômeno havia durado cerca de 15 minutos, quando a tempestade atingiu o ápice. “Eu nunca tinha escutado um barulho como aquele, olhei para fora e eram só árvores e telhas voando. Pensei que fosse levar a casa.”

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Se a casa sobreviveu quase intacta, a serraria não teve a mesma sorte. Várias telhas foram arrancadas e também as placas solares acopladas ao telhado. Algumas foram achadas a mais de 150 metros do local onde estavam instaladas. “Graças a Deus, foram só danos materiais. Não podemos reclamar porque poderia ter sido muito pior. Se tivesse gente trabalhando aqui naquela hora, eu não imagino o que poderia ter acontecido.” Para ele, a partir de agora o objetivo é trabalhar para reparar os estragos e agradecer por ninguém ter se ferido.

Próximo dali, na propriedade do agricultor Perci Kuehl, o galpão onde o tabaco fica armazenado foi destelhado e ainda atingido por uma árvore que se partiu e caiu sobre a estrutura. Em 57 anos morando no mesmo local, ele é enfático ao afirmar que nunca havia visto nada sequer parecido com o ocorrido da terça-feira. “A gente vê sobre isso na televisão, pensa nos estragos, mas nunca imagina que possa acontecer aqui”, observa. Assim como Dittberner, ele conta que o vento ganhou força de repente e, quando percebeu, tudo estava sendo levado.

O galpão onde o tabaco estava armazenado perdeu algumas telhas, com os estragos maiores se concentrando em um dos fornos e nas áreas externas cobertas, onde ficavam guardadas a lenha e as ferramentas usadas no manejo da lavoura. “O fumo ainda conseguimos proteger com plásticos, mas o feijão que já tinha sido colhido molhou tudo”, lamenta. Com uma safra que já estava abaixo da expectativa em qualidade e produtividade, ele diz que o temporal chegou no pior momento possível e agora buscará alternativas para retomar a atividade.

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São Martinho

Muitas localidades permanecem sem energia elétrica e o trabalho de retomada do fornecimento, pelo que se percebe, será longo. Durante a passagem por São Martinho, a Gazeta do Sul cruzou por diversas vezes com uma equipe da RGE que parecia estar identificando os pontos onde as intervenções são necessárias. Ainda assim, vários postes permanecem caídos ou inclinados, assim como a fiação. Também é comum ver caminhões e caminhonetes carregando freezers para locais onde há energia elétrica, com o objetivo de evitar a perda dos alimentos congelados.

Tabaco pronto para a venda acabou molhado

Na propriedade do agricultor Volmir Frantz, de 54 anos, toda a safra de tabaco estava dentro do galpão e pronta para ser vendida, até que o temporal destelhou a estrutura e a chuva molhou a produção. “Em um ano difícil como esse, nós conseguimos um fumo com ótima qualidade e agora acontece isso. Se antes pegaríamos preço cheio, agora vai valer a metade.” A sede da associação comunitária, onde os moradores deixavam maquinário e parte da produção, não resistiu à força do vendaval e desabou.

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Nesse local estava o feijão colhido pela família Frantz, que serviria para subsistência nos próximos meses. “Um feijão que tivemos tanto trabalho para colher nesses dias de sol e calor. Colocamos ali acreditando que estaria seguro e foi tudo perdido”, afirma a esposa de Volmir, Cristine. Com o desabamento da estrutura, tudo o que estava dentro dela foi perdido. “Se tivessem voado só as telhas ainda poderíamos ter tentado recuperar. Como está agora, vai ficar ali até apodrecer.”

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A casa também foi destelhada e, segundo Cristine, a água dentro dos cômodos chegou à altura do joelho. A filha do casal, de apenas 7 anos, se escondeu embaixo de uma mesa para se proteger da água e ficou traumatizada com o que vivenciou. “Desde aquele dia, ela está com uma febre que não passa. Como estamos sem energia elétrica, mandei ela para a cidade.” Ver tantos prejuízos e o trabalho de um ano inteiro comprometido faz Volmir repensar o futuro. “Imagina perder em questão de minutos aquilo que você demorou uma vida para construir. Dá até nojo de continuar na roça.”

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Na propriedade da família Frantz, temporal também afetou a produção armazenada | Foto: Alencar da Rosa

Veja fotos da situação no interior:

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