O final de ano, os festejos de Natal e a véspera de Ano-Novo, principal e espontaneamente, despertam e aceleram um sentimento coletivo de esperança e otimismo. Quase um delírio geral. Afinal, queremos crer, e precisamos crer, que será melhor o ano que se inicia. Por mais racionais que sejamos ou pretendemos ser, restamos ecumênicos. Outros tantos dão crédito à numerologia e ao tarô.
Em nosso devaneio, é como se o tempo – que não existe, e só existe porque o inventamos para dar sentido e demarcar nossas épocas – pudesse se reconstituir, se refazer como destino na própria e simples mudança numérica da data. Nesse momento mágico, somos quase imunes às negativas circunstâncias que nos cercam, duradouros e eventuais contratempos pessoais e coletivos da vida real.
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Em 2024, espero que todos possamos exercitar o espírito da tolerância e da moderação como formas de diminuir e evitar os fanatismos e a inerente “cegueira tribal”. Que sejamos mais suscetíveis e permeáveis à argumentação, à reflexão e à revisão das idéias e das condutas, de modo a compatibilizar nossos ideais com os olhares, pensares e direitos alheios.
Que a transformação de nossas crenças não seja retrato de antigas experiências, mas, sim, reflexo de receptividade às novas idéias. Também espero que tenhamos e exercitemos mais humor, ironia e autocrítica.
Todavia, importante afirmar que o exercício da tolerância e da moderação também tem seus custos. Afinal, não oferecem garantias e exigem prudência. Em determinadas circunstâncias, moderação e tolerância se constituem em novas posições pessoais e coletivas. Logo, é natural que gerem reações e efeitos contrários, nem sempre previsíveis.
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Moderação e prudência, em termos. Espero que sejamos mais reagentes e atrevidos em torno e em defesa do que consideramos valores essenciais. As inverdades e as injustiças estão por aí contaminando a sociedade. E mesmo quando não estivermos totalmente seguros de nossas ações, sejamos, ao menos, corajosos. E enquanto não tivermos liberdade, atitude, ação e representação massiva e organizada, prossigamos fazendo a pequena “guerrilha” e a rebeldia local.
Reflexão
Para encerrar, duas frases do imortal Millôr Fernandes (1923-2012):
“Há duas coisas que ninguém perdoa: nossas vitórias e nossos fracassos.”
“Não devemos resistir às tentações: elas podem não voltar.”
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