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PARA TOCAR O CORAÇÃO

Luis Borges: mestre do acordeon em uma vida inteira

Luis Borges: mestre do acordeon em uma vida inteira

Ainda que seja empresário do ramo de restaurantes, em Santa Cruz do Sul, é a condição de acordeonista que acompanha Luis Borges (ou Luisinho, para quem frequenta o ambiente tradicionalista) pela vida toda. Aos 65 anos, desde o começo da adolescência compartilha seus dons artísticos nos mais diversos recantos.

Toda essa história iniciou-se em Coxilha Fontoura Xavier, sua localidade natal, situada a cerca de 25 quilômetros da sede do município de Fontoura Xavier. É filho do casal Eleodoro e Catalina Deola Borges, ambos falecidos, e é o penúltimo de dez irmãos, sete homens e três mulheres, a maioria deles fixados na região vizinha à terra natal. Por volta dos 8 aos 10 anos, e por influência de irmãos mais velhos, que já tocavam, teve contato com o acordeon. Nunca mais deixou de se interessar por esse instrumento.

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Com 12 anos já tocava bailes com seus irmãos, com gaita. Com 15, fazia 15 quilômetros a cavalo para pegar o ônibus e ir se apresentar na rádio Difusora, em Porto Alegre, no programa Nelson Giannetti, e ainda em Soledade, onde ia até a Rádio Cacique. Aos 17 deixou a propriedade dos pais, que se dedicavam ao cultivo agrícola diversificado, em uma pequena propriedade, para “tentar a vida” em Soledade. Fez um pouco de tudo, foi atendente de lojas e lapidou pedras, mas com frequência se apresentava em rádio, interpretando músicas da época, e logo integrando bandas, por vezes até no teclado.

Então conheceu uma conterrânea, Maria Fátima Borges, e com ela se casou. O casal retornou a Fontoura Xavier, fixando-se na cidade, e ali nasceram os três filhos: Vinícius, 40 anos; Diego, 37; e Natany, 31, que é jornalista e atualmente reside no Rio de Janeiro, com passagem de vários anos pela redação da Gazeta do Sul. Por lá Luis foi bancário e funcionário público. Manteve em paralelo a rotina de músico, já liderando a formação de sua primeira banda, o Grupo Sinuelo, que atuou ao longo de uma década, com a gravação de dois discos.

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Quando os filhos cresceram, e era chegada a hora de prosseguirem nos estudos, Luis e Maria Fátima decidiram buscar novos ares, que oferecessem ao trio melhores oportunidades de formação. A primeira opção foi por Porto Alegre, onde ele apostou no ramo de restaurantes, na zona norte. Bastou um mês para concluir que seu futuro não estava lá. Como o filho mais velho já estudava em Santa Cruz, na escola Murilo Braga de Carvalho, a decisão foi por toda a família fixar-se nessa cidade, em 1997.

Seguiram no ramo de restaurante, e abriram o Isto & Aquilo, referência na área central. E por aqui, logo enturmado no ambiente musical, reativou o Grupo Sinuelo, agora com uma nova formação, local, e com um sócio, Ademir Batista Kretzmann, e seis integrantes. Foram mais dez anos de intensa agenda de apresentações por todo o Estado, e mais um disco gravado. A formação se manteve na ativa até 2010. Na região, autodidata que era, Luis aproveitou para ter algumas aulas com outro mestre do instrumento, Lydio Frantz.

Quando o Sinuelo encerrou as atividades, veio novo conjunto, Madrugada Campeira. Com ele Luis e colegas percorreram o Estado por mais dez anos, apresentando-se em eventos junto a Centros de Tradições Gaúchas (CTGs). E, claro, também gravaram um disco, com várias composições assinadas por ele. Em paralelo, por uma vida toda, como diz, tocou acordeon acompanhando grupos de danças de variadas modalidades, a convite de CTGs, em eventos, provas e concursos, inclusive desde as primeiras edições do Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart). Por anos também acompanhou ternos de Reis.

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Atualmente, dedica-se a gerir os negócios de seu restaurante, o Bifão, na Rua Ramiro Barcelos. Há cerca de nove anos, perdeu a esposa. Hoje está em outro relacionamento, com Lúcia Inês da Mota. E mantém rotina de atendimentos a convites de músicos e conjuntos, com os quais se apresenta ou grava, como artista nato.

Cinco músicas referenciais para Luis Borges:

  • Xote Laranjeira (G. L. Soledade/E. Darci)
  • Para Pedro (José Mendes)
  • Adeus Mariana (Pedro Raimundo)
  • Mocinho Aventureiro (Teixeirinha)
  • Casamento da Doralice (Bertussi)

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