Uma série de arrombamentos ao longo das últimas semanas vem chamando a atenção na região. Embora com características diferentes, os furtos tiveram como foco um item em especial: fios de cobre. Utilizado como condutor elétrico em equipamentos como ares-condicionados e computadores, o produto é um alvo comum de bandidos, que geralmente praticam os crimes em redes elétricas de rodovias e estradas.
Contudo, recentemente, três escolas da região e um centro social tiveram prejuízo em virtude dos arrombamentos. Na madrugada do dia 10 para o dia 11 de maio, ladrões entraram no pátio do Centro de Referência em Assistência Social (Cras) Beatriz Frantz Jungblut, no Bairro Santa Vitória, arrancaram a grade que protegia um ar-condicionado e abriram o equipamento para retirar os fios de cobre.
Pelo buraco que foi aberto na retirado do equipamento, os ladrões ainda furtaram seis violões, latas de tinta, caixas de parafusos, cabos de internet e de computadores e sacolas de roupas que estavam sendo coletadas para a campanha do agasalho. Naquela mesma segunda-feira, a Prefeitura consertou o buraco do arrombamento.
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“Naquela noite eles vieram de novo, arrancaram os tijolos que os funcionários da Prefeitura tinham colocado e roubaram outros três ares-condicionados que estavam na sala do almoxarifado. Para completar, voltaram na noite do dia 13, arrancaram outra grade e pegaram mais um. Ao todo, depenaram cinco ares-condicionados e roubaram outros materiais em apenas três dias”, disse a coordenadora do Cras Beatriz, Márcia Weber.
Os equipamentos eram utilizados em sala para oficinas com crianças e idosos. “É uma pena porque prejudica toda a comunidade, inclusive uma criança ou idoso de sua própria família”, complementou Márcia.
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Prejuízo de R$ 10 mil na Escola Polivalente
A Escola Estadual de Ensino Médio Vera Cruz, o Polivalente, também foi alvo de arrombamento para furto de fios de cobre. Até então inédito na instituição de ensino, tratou-se de um ataque de grande porte. Ao todo, cerca de um quilômetro em fios foi levado na madrugada de 23 para 24 de maio.
O prejuízo, conforme o diretor Carlos Jardel Henn, chegou a R$ 10 mil. “São os fios de toda a nossa rede elétrica que fica no entorno ao prédio. Foi um ato muito planejado, feito por um especialista”, analisou Henn. Segundo ele, os cortes foram realizados sem que faltasse luz na instituição de ensino. “Era alguém que sabe cortar, não levou ferros, não forçou nada. Foi minucioso no trabalho”, complementou.
Tão logo o crime foi identificado, o diretor registrou um boletim de ocorrência via internet na Polícia Civil. Medidas de segurança também foram tomadas pela direção e núcleo financeiro da escola. “Instalamos novas câmeras, alarmes e pontos de iluminação, num custo total de R$ 6 mil”, comentou Carlos Jardel. A instituição, atualmente parada em virtude do decreto estadual que proíbe aulas presenciais, conta com cerca de 800 alunos.
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Conforme o coordenador da 6ª Coordenadoria Regional de Educação, Luiz Ricardo Pinho de Moura, outras duas escolas da região foram alvos de furto recentemente. “O Lepage e a Guia Lopes também sofreram com as ações dos bandidos, mas não por causa de fios e sim de equipamentos como notebook, televisão e materiais de cozinha”, salientou.
Conforme o delegado Paulo Schirmann, que chefia a Delegacia de Polícia de Vera Cruz, em casos de furtos menores normalmente ocorre a troca do material por drogas pelos ladrões. Contudo, situações envolvendo grandes quantidades de fios de cobre precisam de um trabalho minucioso de investigação. “Existem casos de expressivas quantidades em que normalmente os bandidos procuram receptadores que atuem nesse meio, que comprem esse tipo de material sem se preocupar com a origem”, comentou. Schirmann disse ainda que o caso da Escola Polivalente vem sendo analisado pela Polícia Civil.
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“Nunca tinha visto isso”, diz coordenadora do Cras
Márcia Weber trabalha no local desde 2001, quando ainda era um centro de cultura – desde 2007 é o Cras Beatriz Frantz Jungblut. Ela conta que pequenos arrombamentos já haviam acontecido durante esses quase 20 anos, mas nunca desse porte. “Alguns vidros quebrados para roubar rádios e coisas pequenas, mas nunca tinha visto essa destruição.” Ela acredita que a época de pandemia, em que muitas pessoas estão em casa, sem emprego e renda, pode ter influência no episódio.
Na época dos arrombamentos no Cras Beatriz Frantz Jungblut, o alarme não soou. Na opinião de Márcia, este fato facilitou a ação dos bandidos e os incentivou a ir pela segunda e terceira vez buscar mais itens. O local utilizado por eles para adentrar o terreno foi uma tela que dá acesso ao centro social, nas proximidades do Arroio das Pedras, que cruza ao lado.
A Gazeta do Sul encontrou pedaços de peças de computadores deixados pelo caminho durante as fugas. Após os incidentes, a Guarda Municipal fez uma primeira abordagem ao local. Posteriormente, segundo Márcia, foram registrados os boletins de ocorrência na Delegacia de Polícia. Um guarda foi designado para ficar no local durante a noite. Câmeras também estão sendo providenciadas.
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Dez funcionários trabalham no local. Cerca de 300 atendimentos mensais são realizados, principalmente de famílias em situação de vulnerabilidade. Durante a pandemia, os atendimentos subiram para mil por mês,. Para agravar, a equipe está reduzida em 50%, por conta dos que estão no grupo de risco.
No local também ocorrem as atividades da Associação de Projeto Educacional e Social para Crianças e Adolescentes (Aesca). Conforme o delegado titular da 2ª Delegacia de Polícia, Alessander Zucuni Garcia, ainda não existe um indicativo de autoria. “Estamos averiguando as possibilidades, mas ainda não temos novidades sobre este caso”, comentou.
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