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O poder dos sonhos

Alguém poderia perguntar: o que os sonhos têm a ver com educação financeira,  geralmente fundamentada em atividades técnicas, como pesquisas de preços, elaboração de orçamento, noções de investimentos, alguns cálculos e, principalmente, no comportamento e hábitos das  pessoas?

Crianças tem muitos desejos e sonhos. Perguntadas a respeito, elas sabem na ponta da língua a resposta sobre o que gostariam de ganhar de presente no Natal. Ou o que gostariam de ser ou fazer no futuro, inclusive como atividade profissional. À vezes, confundem necessidades – estudar, trabalhar, ter um bom emprego, etc – que são meios para atingir objetivos maiores. Infelizmente, por desconhecerem o efeito nocivo na mente de uma pessoa ainda em formação, muitos pais ou responsáveis repreendem, podam ou até ridicularizam a manifestação de sonhos dos filhos ou enteados, com frases do tipo “isso não é pra nós ou pra ti”. Talvez por causa disso e, principalmente, com o avanço da idade adulta em que as ocupações com afazeres, rotinas, compromissos, trabalho e outras atividades ou até algumas frustrações, que os sonhos se perdem.

Acreditando na força e importância dos sonhos, imprescindíveis até nas finanças pessoais e familiares,   Reinaldo Domingos, pós-doutor em educação financeira e criador da DSOP Educação Financeira, além de outras atividades, incluiu em sua metodologia DSOP de quatro pilares o passo “sonhar”.  Logo depois do primeiro passo – diagnosticar – a metodologia  prevê o sonhar, seguido de orçar e poupar. Reinaldo crê e repete que os sonhos mantém as pessoas vivas e as faz ter atitudes necessárias para a sua realização. Por isso, o sonho vem antes dos recursos. A pessoa precisa sonhar, mesmo que ainda não tenha condições de realizar o sonho. Há quem considere isso vender ilusão. Mas não é. Isso é  plantar esperança, fazer com que a pessoa, mesmo numa situação momentânea de penúria e até de endividamento, não esteja condenada a levar uma vida sem sonhos. No conceito de Reinaldo Domingos, “o sonho é um agente motivador que nos mostra o caminho e o verdadeiro sentido da vida e, com ele, nos sentimos empoderados  para realizá-lo.”

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Na metodologia da DSOP Educação Financeira, a recomendação é que as pessoas trabalhem com vários sonhos, às vezes desdobrados em metas menores, simultaneamente, para realização em curto prazo (até um ano), médio prazo (de um ano até dez anos) e em longo prazo (mais de dez anos). Mas, para que esses sonhos se tornem realidade, é preciso responder a um conjunto de perguntas que, uma vez conscientes, provocarão a atitude de sair da inércia ou da zona de conforto, em que muitos podem estar:

  1. Qual é o sonho? Comprar uma casa, um carro, uma moto; iniciar um negócio; quitar as dívidas; casar; fazer uma faculdade, uma especialização, uma pós, um doutorado; realizar uma viagem  especial;
  2. Quanto custa esse sonho? Buscar informações detalhadas e cotar preços, não poupando ferramentas de pesquisas, como internet, jornais; conversar com pessoas que podem fornecer informações importantes;
  3. Quando quer realizar o sonho? Definir uma data;
  4. Quanto é preciso poupar por mês para dar de entrada ou pagar integralmente?
  5. De onde tirar esse valor que vai ser poupado? Reduzir, substituir ou eliminar algum item específico do orçamento; obter alguma renda extra; solicitar um empréstimo financeiro.

Muitas pessoas questionam o passo sonhar, alegando que quem quer alguma coisa não sonha e  simplesmente entra em ação, fazendo o que é necessário para alcançar o objetivo. É mais ou menos como diz a letra de uma música: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.  Existem, também, aquelas pessoas para as quais os sonhos não fazem parte de suas vidas. Muito atrapalhadas com as finanças ou até endividadas, não conseguindo pagar nem as contas básicas, acabam conformadas e desistem de sonhar com alguma coisa melhor.

Os sonhos são pessoais e intransferíveis. Pais podem acalentar sonhos em relação a seus filhos, mas não podem sonhar o sonho dos filhos. Nos relacionamentos, a primeira consequência da falta de sonhos comuns é a inexistência de objetivos comuns, de prioridades. Um sonha com um carro novo, o outro com uma viagem para a Europa. Se cada um sonhar sozinho, a relação e as finanças ficam no prejuízo.

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Tudo começa com um sonho. O que vemos, tocamos, ouvimos, cheiramos, usamos ou comemos era, em algum momento, invisível para todos, exceto para um sonhador. Na verdade, os sonhadores criam o mundo. Em finanças pessoais, sonhar é positivo e ajuda na realização ou na obtenção de determinado  objetivo que, geralmente, requer algum dinheiro. Não é preciso esperar algum aumento de salário ou renda, uma herança ou qualquer verba extra para realizar sonhos. Com educação financeira, que requer algum esforço e um consistente planejamento financeiro, além de criar um modelo mental que promova a sustentabilidade, a realização de qualquer sonho fica mais fácil e pode tornar-se possível.

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