A startup Limbx, de Santa Cruz do Sul, desenvolveu ao longo de 2023 uma mão robótica capaz de auxiliar pacientes amputados em diversas atividades. O fundador e CEO da empresa, Natã Vargas, concedeu entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9 e contou como ocorreu o desenvolvimento e quais são as funcionalidades do equipamento, que já foi apresentado em eventos nacionais da área de tecnologia e começará a ser vendido no ano que vem.
Vargas explicou que o princípio de tudo foi estudar e criar a mecânica do aparelho. No início, não havia nenhuma eletrônica, somente mecânica. “Ela tinha alguns fios de náilon que funcionavam como tendões artificiais, e fazendo movimentos de alavanca a mão abria e fechava, algo bem rústico.” Ao mesmo tempo, a parte estética foi desenvolvida pelo estagiário Kieran Rocha com o auxílio de uma impressora 3D. “Esse protótipo que apresentamos hoje está sendo trabalhado desde agosto”, ressaltou.
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Ao comentar o pouco tempo necessário para desenvolver um produto tão complexo, Vargas salientou que isso exigiu muita dedicação da equipe. “Às vezes começamos pela manhã e vamos até a noite. Pesquisamos a fundo sobre aquilo que já existia nessa área e estudamos muito.” Agora, Vargas, Rocha e o sócio Rafael Tauffer já têm as funções bem definidas dentro do grupo. “Eu faço a parte comercial e de visibilidade, o Kieran faz a modelagem 3D e o Rafael é o responsável pelo desenvolvimento eletrônico da prótese.”
A startup está situada no Gauten, o parque de Inovação e Tecnologia de Santa Cruz do Sul, e é incubada pelo Parque Científico e Tecnológico da Universidade de Santa Cruz do Sul (TecnoUnisc). Isto é, recebe suporte em diversas áreas para acelerar a evolução dos projetos e da empresa. O CEO diz ainda que é fundamental ter uma rede de contatos extensa e bem estabelecida, o conhecido networking, para que seja possível buscar em outras pessoas e startups auxílio em situações de dificuldade.
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Objetivo é tornar a prótese mioelétrica mais acessível
Quando um paciente tem o braço ou a mão amputado por algum motivo, explica Natã Vargas, o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece somente a prótese fixa/estética ou um modelo mecânico operado por alavancas, que faz o movimento de abre e fecha. Equipamentos mioelétricos (que identificam e interpretam os sinais biológicos emitidos pela musculatura) não são fornecidos em função do elevado custo, que costuma ultrapassar os R$ 150 mil, com tecnologia importada.
“Produzindo esse aparelho no Brasil, com tecnologia própria, nós conseguimos reduzir esse valor em mais de 90%”, afirmou. Isso é possível, em grande parte, pela impressão 3D, que utiliza materiais mais baratos e produzidos no País. “Unindo impressão 3D e eletrônica, nós conseguimos ter um custo muito reduzido e democratizar esse acesso.” De todos os componentes usados pela Limbx, apenas o sensor mioelétrico é importado, mas por ser fabricado na China, também é encontrado a preço bem mais acessível.
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O ponto de maior dúvida entre a população diz respeito ao funcionamento. Kieran Rocha explica que o corpo humano possui uma grande rede por onde passam os estímulos elétricos emitidos pelos músculos, medidos em microvolts. Assim, quando determinado músculo é estimulado, os eletrodos que integram a prótese captam e intensificam essa energia em mais de 20 mil vezes, para que o sensor mioelétrico consiga captar, identificar e transmitir ao controlador. O motor, então, faz com que o equipamento execute o comando que o cérebro deseja, da mesma forma que a mão e/ou o braço natural faria. “Por enquanto, temos somente o movimento de pinça. A movimentação individual dos dedos e a rotação de pulso ainda estão em desenvolvimento”, complementa Rocha.
O número de eletrodos e o local onde são fixados no corpo dependem do nível de amputação, mas todos podem se beneficiar do sistema de alguma forma. “Queremos que os usuários voltem às atividades cotidianas com facilidade, como pegar e interagir com objetos, escovar os dentes, varrer a casa. Enfim, recuperar a autonomia.” Os testes estão sendo feitos com a colaboração de pessoas amputadas. O projeto é custeado com recursos próprios dos dois sócios, que buscam investimentos de parceiros e também dos governos por meio dos programas de fomento à inovação, ciência e tecnologia.
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Lançamento
A previsão da equipe da Limbx é de que a prótese continue em pesquisa e desenvolvimento até maio do ano que vem, com auxílio dos voluntários e também dos professores do curso de Fisioterapia da Unisc. A partir de maio começará a parte de pré-venda, quando os interessados já poderão adquirir a prótese antes da conclusão, além da busca por certificações junto aos órgãos competentes. Com esses recursos e outros que ainda estão buscando, o objetivo é fazer o lançamento em dezembro de 2024.
*Colaborou o jornalista Ronaldo Falkenback
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