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“Não me deixe morrer”: Papai Noel relembra pedido comovente de criança

Foto: Rafaelly Machado

Era início da noite de sábado, 2, quando Henrique Stein Severo, de 7 anos, chegou com a mãe, Roberta Stein, na Vila do Noel, no Parque da Oktoberfest, em Santa Cruz do Sul. O tempo já se firmara e indicava uma noite sem chuva, propícia para que o garoto pudesse ficar frente a frente com o Bom Velhinho. Em uma das mãos, carregava uma carta com a lista de presentes. Perguntado sobre o desejo, preferiu deixar em segredo, confidenciando apenas para o anfitrião e suas ajudantes.

Com a carta entregue, chegou o momento da tradicional foto com o Papai Noel na poltrona. A alegria entre os dois contagiou a todos que acompanhavam a cena. Não só pelo contentamento de Henrique por ter a oportunidade de fazer seu pedido, mas também pelo entusiasmo do Noel, especialmente na hora da tão esperada risada natalina, que ecoou pelo ambiente.

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Para o menino, a visita à vila é um momento bastante aguardado durante o ano. “Ele fala todos os dias sobre o encontro. Está contando os dias para o Natal e me perguntava se dezembro já tinha chegado”, contou Roberta.

Com o cancelamento da programação da Christkindfest naquele dia, em função do mau tempo, restou ao personagem a tarefa de entreter as crianças sedentas para vivenciar o Natal antes do dia 25 de dezembro. A incumbência, entretanto, foi recebida com festividade. “É meu momento de diversão”, garantiu.

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Um pedido que mexeu com o Papai Noel

Ao sentar-se na poltrona, o Papai Noel precisa estar preparado para escutar pedidos inusitados durante a interação com o público infantil. “Alguns nem vão lá porque querem presentes. Pedem paz no mundo e para que não falte comida para nenhuma criança”, contou. Uma noite, há cerca de dois anos, uma menina chegou no colo do avô, pois estava doente e não conseguia caminhar. Ao recebê-la, perguntou o que gostaria de ganhar no Natal. “Não me deixe morrer”, ela pediu.

Imediatamente, ele começou a chorar. “Eu me desesperei”, admite. Depois de se recompor, olhou para ela e disse convicto: “Tu vai ficar boa, esse vai ser o nosso presente”. A comoção foi tanta que o Papai Noel quase acabou no hospital no dia seguinte. “A pressão estava muito alta”, recorda. Por pouco, a vila ficou sem o seu anfitrião, mas ele retornou para seguir com a sua missão.

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Para a sua surpresa, no ano seguinte, a criança voltou, caminhando, e agradeceu ao Papai Noel por ter atendido o seu desejo. “Tu falou que eu ia ficar boa e fiquei”, contou. O reencontro, é claro, comoveu-o novamente. Histórias como essa o inspiram a continuar. Prestes a completar 59 anos, o homem tem a certeza de que não vai parar tão cedo.

“Tem que fazer por amor”

Para assumir o papel de Papai Noel da Christkindfest, há alguns requisitos. É necessário muita serenidade, energia, empatia, amor e, o mais importante, compreensão sobre o maior símbolo do Natal. “O Papai Noel é a representação da alegria, da união e da paz, valores que estamos precisando”, avaliou. Essas aptidões foram incorporadas pelo protagonista da maior festa natalina de Santa Cruz do Sul. “Tem que fazer por amor. Não pode ser só uma obrigação”, reitera. São duas décadas no papel de Bom Velhinho e pelo menos em seis edições da festividade. 

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Tudo começa na preparação. O simples ato de colocar a roupa se torna mágico. Apesar de o processo ser rápido, cerca de 15 minutos, a finalização é muito especial. “Quando visto o traje, me transformo”, admitiu. A obstinação pelo ofício é fruto da emoção que ele sentia ao ver o Papai Noel enquanto criança. Era um momento muito aguardado e especial. E quando cresceu, passou a sonhar em ocupar a função e garantir que garotos como Henrique pudessem ter a mesma experiência vivida na sua infância.

Para isso, busca ser carinhoso e atencioso com cada pequenino que entra na casa – em uma noite movimentada, o número pode passar de 300 – mostrando que é de fato o Bom Velhinho. “Tem que saber como tratá-las. Quando chega uma criança com medo, ou envergonhada, eu vou conversando, acalmando, e logo ela já se aproxima e senta no meu colo”, afirmou.

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Para visitar

A Vila do Noel vai funcionar até o dia 23 de dezembro. Até lá, as famílias podem interagir com o Bom Velhinho, tirar fotos e entregar as cartinhas. No espaço, há a opção de fotografias impressas na hora, por R$ 15,00. De quarta a sexta-feira, ela fica aberta das 19 às 22 horas. Já nos fins de semana, o horário de funcionamento é das 17 às 23 horas.

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