Apesar de nunca terem sido campeões do Enart – o melhor resultado foi um vice-campeonato, em 2011 -, é notável que a União Gaúcha João Simões Lopes Neto, de Pelotas, é uma das entidades mais tradicionais do festival. Desde 2001, participam de forma ininterrupta da finalíssima do encontro. E para 2023, o grupo, fundado em 1899, já é presença garantida no evento, que começa nesta sexta, 24, e segue até domingo, 26, no Parque da Oktoberfest, em Santa Cruz do Sul. Eles dançarão logo na primeira noite do evento, sendo os terceiros do bloco 1.
Dançar na sexta-feira agradou ao patrão e um dos coordenadores do grupo adulto, Romualdo Cunha Júnior. “Tem uma magia diferente por vários fatores: é o primeiro dia do festival e as pessoas estão ansiosas para ver o Enart acontecendo, o ginásio normalmente está mais cheio em razão da cerimônia de abertura e do show do campeão do ano anterior. Então, estamos bem felizes com a ordem de apresentação porque isso também reflete a confiança no trabalho que será apresentado.”
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Parceria entre Rio Grande do Sul e Uruguai é tema das coreografias
A escolha da temática para as coreografias da União Gaúcha neste ano ultrapassa as fronteiras do Brasil. Na entrada, os dançarinos estarão retratando a história do intercâmbio entre gaúchos e uruguaios através da comercialização do couro. “No Uruguai, essa figura se chamava ‘corambreiro’, pessoa que vinha até Pelotas comprar o couro nas charqueadas e levava para vender na Europa através do porto de Montevidéu”, explica Romualdo. A relação entre os dois países também passará pela música, que será uma milonga. “Ritmo semelhante, mas com características de dança bem diferente”, comenta o patrão.
Ainda, a apresentação terá um fato para entrar para a história do Enart: pela primeira vez, um grupo de outra nacionalidade fará parte de uma apresentação. Um grupo de bailarinos uruguaios que compõem o Ballet Folclórico Rumbo Norte de Tacuarembó se juntará aos dançarinos da União Gaúcha na coreografia. Os estrangeiros viajarão mais de 500 quilômetros para participar do evento.
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Já na saída, também se aborda as relações entre Brasil e Uruguai, mas em um momento histórico diferente. Será retratada a visita de Paixão Côrtes e Barbosa Lessa, os dois folcloristas gaúchos mais importantes, ao país vizinho. Durante a viagem, ficaram encantados com a dança de par entre homens e mulheres. Romualdo explica que, quando voltaram ao Rio Grande do Sul, deram início ao Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) com a criação do 35 CTG e a presença da mulher nas danças de par, com a criação do tatu de castanholas. “Por essa razão, nossa música de saída fará uma alusão a criação do movimento por oito pioneiros e hoje somos mais de 8 milhões no mundo inteiro cultuando a tradição gaúcha”.
A União Gaúcha também é tradicional pelas pilchas utilizadas pelos dançarinos: eles são famosos por dançarem usando trajes de charqueadores. Para este ano, estão preparando algo ainda mais ousado e inusitado. Serão três indumentárias na mesma apresentação: alguns casais estarão dançando com trajes de charqueadores, outros de estancieiros farroupilhas e outros de citadinos aristocratas, para encenar a recepção aos uruguaios daquela época.
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Expectativa por mais um bom resultado
Buscando seguir com as participações ininterruptas na finalíssima do Enart desde 2001, a União Gaúcha têm se preparado intensamente. Romualdo conta que, no final do ano passado, os instrutores Marco e Cármen Ávila passaram a cuidar da instrução do grupo. Os ensaios normalmente ocorrem três vezes por semana, mas passaram para quatro encontros semanais desde setembro. “O trabalho tem sido minucioso, cuidando cada detalhe para compor o trabalho deste ano”, relata.
Outro fator positivo é a experiência dos dançarinos. “Conseguimos manter 60% do grupo que retornou pós-pandemia em 2021 para o Festival dos Festivais. Mesmo alguns integrantes sendo novos na União Gaúcha, já participaram do Enart representando outras entidades”, explica o patrão do CTG. Os impactos do pós-pandemia, segundo ele, ainda refletem na realidade da União Gaúcha e muitos outros grupos do estado. “Será uma grande conquista nos mantermos entre os finalistas, principalmente se vier um resultado entre os cinco primeiros colocados”, revela.
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As boas campanhas recentes também fizeram a União Gaúcha conquistar o carinho do público. “Acreditamos que isso se deva ao fato de, ao longo da nossa história, sempre termos levado temáticas de fácil compreensão pelo público”, comenta Romualdo. Mesmo que as expectativas já estejam altas pela apresentação, o patrão diz que poderão até mesmo superá-las. “Acredito que o público e os avaliadores irão se surpreender com a nossa evolução, se comparado ao nosso trabalho do Enart passado.”
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Romualdo explica ainda que a arrecadação de recursos é um trabalho realizado por muitas mãos ao longo de todo o ano. Promoções, como jantares, bailes, almoços e rifas, são feitas para custeio das coreografias, adereços, músicos e instrutores. Já a estadia em Santa Cruz do Sul é paga por patrocinadores. Por outro lado, as pilchas são 100% subsidiadas pelos próprios integrantes. “Por fim, a pré-estreia também foi um grande momento pra colocar em dia todos os nossos colaboradores e chegar em Santa Cruz do Sul com tudo pago.”
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