As declarações da prefeita Helena Hermany, na tarde desta quinta-feira, 16, já repercutem em Santa Cruz do Sul. Ela concedeu entrevista coletiva no Palacinho, quando declarou que a situação se trata de “uma armação política”, além de ter apresentado dados e justificado o que acredita ser o montante de R$ 47 milhões citado pela investigação do MP. Em nota emitida à imprensa no fim desta tarde, os promotores responsáveis pela Operação Controle afirmaram que as informações partiram “de suposições que ela fez a respeito da operação”.
Os promotores Érico Barin, João Beltrame e Flávio Passos assinaram o posicionamento, que elencou cinco pontos em relação ao pronunciamento da prefeita nesta tarde. “Temos a convicção de que, quando [Helena Hermany] tiver pleno acesso às provas coletadas na investigação, entenderá a gravidade dos crimes”, diz a nota.
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O texto ainda cita a menção da chefe do Executivo à vereadora Nicole Weber e a própria fala da parlamentar, que alegou ter levado denúncias ao MP. “Rechaçamos com veemência a pretensão de uso político da investigação […]. Rechaçamos, da mesma forma, ilações de terceiros, colocando-se como ‘autores de denúncias'”, segue o comunicado.
Ao fim, a nota dos promotores declara que a operação “não está gerando nenhum prejuízo a Santa Cruz do Sul, e sim protegendo os cofres públicos”. Além disso, refere termos usados por Helena Hermany durante posicionamento: “Refutamos com o mesmo ênfase as expressões usadas pela Prefeita de que a ação do MP é ‘absurda’, ‘uma barbaridade’ ou ‘deboche’. Nossa atuação é técnica e pautada em provas”, conclui o texto.
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Leia a nota dos promotores na íntegra:
“Nota da Operação Controle:
Considerando a entrevista coletiva concedida pela Prefeita Municipal na tarde de hoje, o Ministério Público, pelos três promotores de Justiça responsáveis pela Operação Controle, manifesta o que segue:
- Embora tenhamos o máximo respeito pela posição da Prefeita, como ela mesmo disse na entrevista, partiu de suposições que ela fez a respeito da operação. Temos a convicção de que, quando tiver pleno acesso às provas coletadas na investigação, entenderá a gravidade dos crimes e a necessidade das medidas postuladas e determinadas pelo Poder Judiciário, inclusive de afastamento de servidores e de paralisação de obras.
- Rechaçamos com veemência a pretensão de uso político da investigação, que é técnica, analisa fatos e decorre das funções constitucionais do MP. Rechaçamos, da mesma forma, ilações de terceiros, colocando-se como “autores de denúncias”. A investigação teve início a partir da atuação da 2ª promotoria de justiça especializada de Santa Cruz do Sul, mediante análise de licitações e contratos públicos de Santa Cruz do Sul.
- O prejuízo aos cofres públicos foi estimado em 47 milhões, já que tais valores correspondem a contratos feitos ou a licitações em fase de lançamento com suspeitas de fraudes mediante ação de organização criminosa. É preciso pontuar que, se comprovadas as fraudes, sequer se poderá conceber que houve contratos públicos, e sim sem interesse público e direcionados para enriquecimento ilícito.
- O MP não está gerando nenhum prejuízo a Santa Cruz do Sul, e sim protegendo os cofres públicos. Se algumas obras serão paralisadas, é apenas porque existem indícios muito fortes de que foram concebidas mediante fraudes. Ou seja, as paralisações não decorrerão da ação do MP, e sim das supostas infrações penais cometidas pela organização criminal.
- Por fim, refutamos com o mesmo ênfase as expressões usadas pela Prefeita de que a ação do MP é “absurda”, “uma barbaridade” ou “deboche”. Nossa atuação é técnica e pautada em provas coletadas dentro da legalidade, sempre com o crivo do Poder judiciário. Com o encerramento da investigação, o que levará algum tempo, pela necessidade de análise das demais provas coletadas no último dia 14, o MP poderá esclarecer totalmente tudo o que foi investigado e as pretendidas consequências legais.
Santa Cruz do Sul, 16/11/23.
Érico Barin,
Promotor de Justiça.
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João Beltrame,
Promotor de Justiça.
Flávio Passos,
Promotor de Justiça.“
A Operação Controle
O Ministério Público do Rio Grande do Sul, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou na terça-feira, 14, a Operação Controle. A investigação apura fraudes em licitações, peculato e lavagem de dinheiro em Santa Cruz do Sul, especialmente em obras públicas.
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A ação resultou no afastamento das funções públicas dos secretários da Administração, Edemilson Severo; do Planejamento e Governança, Everton Oltramari; do Desenvolvimento Econômico e Turismo, Márcio Martins; e da Segurança e Mobilidade Urbana, Valmir José dos Reis; do vice-prefeito, Elstor Desbessell; e do líder do governo na Câmara de Vereadores, Henrique Hermany.
VEJA COMO FOI A COBERTURA COMPLETA SOBRE A OPERAÇÃO CONTROLE
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