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BASTIDORES

Boate Kiss: o dia em que foi criada uma freeway no céu gaúcho


Com atuação decisiva no atendimento às vítimas durante a tragédia ocorrida na Boate Kiss, em janeiro de 2013, o médico Carlos Fernando Drumond Dornelles, de 45 anos, foi o primeiro convidado do podcast Papo de Polícia, que é produzido pela Gazeta Grupo de Comunicações e gravado pela Albus Produtora. A estreia do programa foi no último sábado, no YouTube do Portal Gaz.

Entre as muitas histórias contadas por ele, chamam a atenção algumas que mostram a verdadeira força-tarefa de personagens considerados, em vários momentos, meros coadjuvantes em todo o drama da maior tragédia da história do Estado, mas que nos bastidores foram responsáveis por salvar muitas vidas. Um desses casos diz respeito às transferências de pacientes feridos para Porto Alegre, visto que Santa Maria não tinha – e até hoje não tem – uma unidade referência em atendimento nessa especialidade.

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Dornelles atuou na coordenação daquela considerada a maior operação de transporte aeromédico da história brasileira. “Utilizei a portaria 2048, na qual o médico do Samu do local onde aconteceu a tragédia tem poder de Ministério, e pode requisitar qualquer situação logística para benefício das vítimas”, explicou o médico no podcast. O trabalho teve atuação da central de gerenciamento de crise em Santa Maria, Samu de Porto Alegre, Força Área Brasileira (FAB) e Infraero, que literalmente abriu espaço no céu gaúcho para transferir os pacientes.

“Como eram vítimas queimadas, havia poucas horas para movimentar antes de entrarem em condições críticas e precisarem ficar onde estavam. Naquela operação, a Infraero criou uma espécie de freeway entre Porto Alegre e Santa Maria, para que o espaço aéreo fosse totalmente destinado ao transporte de feridos”, lembrou.

Dornelles foi o primeiro entrevistado | Foto: Albus Produtora

Essa foi uma de muitas histórias contadas por Dornelles no podcast, sobre a atuação no gerenciamento de crise que se instaurou em Santa Maria após o incêndio na Kiss. Em alguns momentos, o médico chegou a se emocionar, ao falar sobre pessoas em busca de atendimento que chegavam com familiares já mortos, o que causava grande desespero em todos.

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Parte do episódio ainda foi destinada a relembrar sua experiência no Haiti, onde ele atuou em missão de paz pelo Exército em 2010. “Quando cheguei em Porto Príncipe, no aeroporto o cenário era de guerra, parecia coisa de filme, com aqueles helicópteros modelo Chinook voando, carregando contêineres.”

Apesar de todo o drama da situação no país da América Central, o médico pôde ali trocar experiências com agentes de outros lugares. Entre elas, uma curiosa situação envolvendo um policial de Mali, que nas operações sempre levava consigo uma esfera de aço. “Um dia perguntei se era um amuleto dele. E ele disse que não, que se precisasse deter alguém que fugisse, jogava a esfera na cabeça ou costas.”

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Dornelles ainda detalhou a troca de informações entre os exércitos brasileiro e norte-americano, e como foi conhecer os agentes da divisão 101, os Band Of Brothers da vida real. No episódio completo, ainda é possível conferir a conversa do médico com um capitão americano que saltou abaixo de tiros na guerra do Iraque.

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