Passava das 9 horas quando Mariene Romilda Erdmann Campos, 70 anos, e a neta Maria Sofia, 11, chegaram no Cemitério Santo Antônio. Munidas de produtos de limpeza, as duas começam a limpar o túmulo onde repousam os pais e o irmão de Mariene. “Eles eram inseparáveis, então decidimos deixá-los juntos”, disse, enquanto dava os últimos retoques.
A partida do casal Otto, 76, e Eribia Erdmann, 82, foi provocada por causas naturais. O mesmo não ocorreu com o irmão Auri, vítima de um acidente de trânsito em 1984. Ele tinha 36 anos e trabalhava como bombeiro.
Apesar de não ter convivido com os antepassados, Maria Sofia aproveitou a visita para conhecer um pouco mais sobre suas histórias e o legado que deixaram. “É a nossa maneira de homenageá-los”, ressaltou.
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A troca de flores e a manutenção dos jazigos não foram os únicos motivos para as visitas de familiares e amigos das pessoas sepultadas nos cemitérios de Santa Cruz do Sul ontem, durante o Dia de Finados. O comparecimento também serviu para evocar memórias e celebrar a vida daqueles que partiram. O movimento foi intenso durante a manhã, graças à trégua dada pela chuva. Porém, mesmo com a instabilidade ao longo do dia, a circulação de visitantes foi grande.
Amor sob chuva
A manhã chegava ao fim quando o barulho dos trovões interrompeu o silêncio no Cemitério Municipal. E com eles, as primeiras gotas de chuva. Bastaram alguns minutos para um grande volume de água desabar do céu.
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Apesar das condições climáticas, parte das pessoas só passou a procurar abrigo após encerrar a visita aos falecidos. Ilyan Faller foi visitar o túmulo onde repousa o pai Eron, que faleceu há menos de dois anos. O jovem e sua companheira Sheila Daniele Ferreira conseguiram deixar a homenagem antes da mudança do tempo. “É uma forma de demonstrar que continuamos amando ele”, disse.
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Visita como forma de demonstrar gratidão
No Cemitério Católico São João Batista, a movimentação se intensificou com a missa, realizada às 9 horas. A reposição das flores coloriu o ambiente.
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O vermelho dos botões de rosa no jazigo da família Funk foi a maneira de as irmãs Traudi Bueno, 71 anos, e Vera Hermes, 58, demonstrarem o amor pelos seus parentes que partiram. “É uma forma de expressar a saudade que sentimos por eles”, afirmou Traudi.
Entre eles, o irmão Luiz Renê Funk, que faleceu aos 44 anos, em 1998, vítima de um acidente automobilístico. Traudi ainda lembra das piadas que ele fazia. Já Vera guarda na memória os sabores dos dotes culinários do irmão. “Era o nosso confeiteiro, gostava de fazer tortas e doces maravilhosos.”
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Além das lembranças, a visita foi um momento para lidar com a saudade. Estar com a mãe, Olivia Funk, era parte do dia a dia de Vera. Por essa razão, a morte dela, aos 80 anos, foi difícil de superar. “Com o passar do tempo, a gente amadurece e entende o significado da morte. Hoje venho aqui como uma forma de agradecer por tudo que ela fez pela gente e não por obrigação”, destacou.
Mensagem do culto ecumênico levou conforto para familiares
Cristãos evangélicos e católicos se uniram na manhã do Dia de Finados para participar de cultos ecumênicos. O padre Fabricio Nierdele, da Igreja Católica Apostólica Romana, e o pastor Eliézer Bublitz, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), realizaram a cerimônia com palavras de conforto.
“Queremos aqui nesse dia ter presente, com carinho e amor, aqueles que partiram do nosso convívio, que transmitiram valores. Esta vida no mundo termina, mas tem uma continuidade junto com Deus”, falou o padre Fabrício. A celebração iniciou às 9 horas no Cemitério Santo Antônio e reuniu dezenas de pessoas. Mais tarde, os religiosos seguiram até o Cemitério Ecumênico da Paz Eterna.
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Padre e pastor trabalharam juntos para preparar um culto onde a devoção de um complementa a do outro. “Tudo é bem pensado e organizado para que cada um possa trazer uma palavra com ênfase em um tema. Não existe diferença para nós na compreensão de morte e ressurreição”, destaca o pastor Eliézer.
A união entre as igrejas na cerimônia também buscou reforçar que, independente da religião, Deus criou a todos para viver na fraternidade e na solidariedade. “Vemos que a religião não deve separar e promover o ódio ou a violência, como ocorre em alguns lugares do mundo. Queremos nos integrar porque Deus enviou seu filho ao mundo para promover a paz. E nada mais belo e divino que unir as religiões cristãs em torno de um momento único e especial”, concluiu o padre Fabrício.
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Venda de flores
O Dia de Finados movimentou o Mercado das Flores, na Avenida Independência, em frente ao Cemitério Municipal. Para atender o público, as irmãs Marlete e Ana Fritzen, sócias-proprietárias do estabelecimento, chamaram mais cinco funcionários especialmente para a data. A movimentação começou há uma semana, mas foi intensificada ontem.
Por superar as expectativas ano após ano, o Dia de Finados é um período aguardado pelas comerciantes. “O dia 2 de novembro está sendo cada vez mais valorizado pelas pessoas. Elas entenderam o significado e vêm até aqui para prestar suas homenagens aos mortos”, afirmou Marlete.
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