A chuva começou fraca, sábado, perto do horário estabelecido para a concentração da Procissão das Criaturas. A equipe da organização reuniu-se, observou que seria em pequena quantidade e que a estrutura estava toda montada para cruzar a Marechal Floriano. E não deu outra. Com guarda-chuva ou encarando alguns momentos de precipitação mais forte, monstros, personagens de todos os tipos e público puderam se divertir.

Travestida de uma autodenominada Malévola do Paraguai, a rio-pardense Lidiane Greiner, acompanhada do esposo Alex Soares, dos filhos Pedro e Miguel, e da sogra Maria Mafalda, debutou no evento. “É a primeira vez que estamos vindo e, com certeza, vale a pena encarar a chuva para ver toda essa festa”, garantiu.

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Quem também não deu atenção ao fato de que estava chovendo foi o vendedor ambulante Maicon Lara. Ele mora no Bairro Faxinal há pouco mais de uma semana. Veio de Canoas. Estava pronto para comercializar brinquedos, mas teve que usar a veia empreendedora e mudar o estoque. Apelou para a venda de capas de chuva. Por R$ 10,00 era possível evitar ficar molhado.

Assim como Lara levou para a rua do Túnel Verde uma possibilidade de negócio, Leandro Pacheco dos Santos aproveitou com os filhos Lorena e Leonardo. As crianças viram a fantasia do Halloween, cultuada na escola e na vizinhança, com a brincadeira do “doces ou travessuras”, ganhar uma proporção gigante, tomando toda a principal via comercial de Santa Cruz do Sul. “Sou natural de Bagé, mas já moro aqui há algum tempo. É a segunda vez que viemos, e as crianças curtem demais”, afirma.

Se Santos tem sua origem bem distante, Everton de Souza e Pietro, pai e filho, atravessaram o país. Naturais de Manaus, estavam em uma motocicleta, no estilo “motoqueiro fantasma”, e o pequeno conseguiu encantar o público indo ao chão e fazendo acrobacias. Também chamaram a atenção os que abriram o desfile, com potentes motos do grupo Insanos de Santa Cruz.

Toda essa empolgação do público natural do município ou daqueles que escolherem para visitar a cidade ou morar nela refletiu-se na equipe de organização. Eduardo Dalla Costa, que organiza o evento com Ana Luisa de Lara, diz que o público surpreendeu, mesmo com a chuva. “A expectativa, antes da chuva, era de que tivéssemos 20% a mais do que no ano passado, quando reunimos 50 mil pessoas. Ainda vamos aguardar os números oficiais, mas acredito que tenhamos, pelo menos, o mesmo público de 2022”, comemorou.

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Entre tantas pessoas estavam Mariele e Marcos Costa dos Santos, que levaram as filhas Alice e Laura. Eles foram de Monstros S.A. e sempre adotam uma família para ilustrar. Ano passado, os moradores do Bairro Bonfim foram de Família Stranger Things.

Evento se consolida e movimenta a economia

A adesão do público demonstra que o projeto está consolidado. A avaliação é do publicitário Eduardo Dalla Costa, que organiza o evento desde 2015. Além de representar um novo atrativo para o calendário local, a Procissão das Criaturas mexe com a economia, uma vez que contribui para movimentar o segmento ligado a fantasias, adereços e confecções de trajes temáticos. “Vimos o comércio aderindo e divulgando o tema de forma espontânea até no período da Oktoberfest. Até o Fritz e a Frida participaram fantasiados, e isso quer dizer que são dois eventos importantes que estão juntos”, disse.

Além do setor de caracterização, outros ramos colheram frutos. Entre eles estão os hotéis, bares e restaurantes. “Vimos famílias interagindo meses antes do evento, planejando a participação, testando maquiagem, construindo fantasias. E a noite de sábado foi o coroamento disso tudo, com milhares de famílias felizes nas ruas. Assim como nós, realizados com o engajamento de todos, até na chuva”, salientou.

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