Na casa de Juracema da Silva Lopes, de 67 anos, só havia rosas de plástico. Na varanda, na sala, e em cima da geladeira da cozinha, eram todas flores artificiais. Há cinco meses, tudo mudou. Após participar dos encontros no Centro de Convivência da Melhor Idade (CCMI), junto ao Cras Beatriz Jungblut, do Bairro Santa Vitória, Juracema recebeu a sugestão das colegas para que passasse a cultivar flores naturais. “Este grupo mudou a minha vida. Eu ficava só em casa, não me sentia bem, e ainda mais que meu marido tinha falecido. Este lugar é a minha recuperação”, relata.
Agora, os ambientes na casa de Juracema estão tomados por azaleias e samambaias. O cuidado dela com as flores também influenciou os demais atendidos no próprio centro de convivência, conforme a responsável pelo local, Silnara Noronha. “Cada um deles tem uma muda plantada nos vasos, e é responsável por cuidar da plantinha”, explicou.
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É neste ambiente de harmonia, descontração e cuidado que 40 idosos passam os dias, de segunda a sexta-feira. A rotina começa cedo. A maioria deles chega às 7h30. Após realizarem um momento de oração e reflexão coletiva, tomam café e na sequência já se preparam para a primeira atividade. E todos os dias há opções diferentes.
Além de exercícios físicos, através do projeto Maturidade Esportiva, há oficinas de artesanato, pintura, dança, música, bingo e roda de viola. O local também disponibiliza alfabetização e oficina de fisioterapia, com serviços básicos, como o de aferir pressão arterial, taxa de glicose, verificação de frequência cardíaca e respiratória, entre outros, estes realizados em parceria com a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Uma profissional da assistência social também acompanha o grupo.
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Moradora do Residencial Viver Bem, Clarice Barbosa, de 65 anos, é uma das participantes. Todas as manhãs ela pega o transporte coletivo, e, apoiada em uma bengala, devido a uma artrose, não falta aos encontros com os amigos. “Aqui é tudo de bom. Antes eu precisava ir até o Centro para fazer fisioterapia no joelho. Agora faço aqui, é uma maravilha”, disse. Feliz com o atendimento recebido estava o músico Carlos Alberto dos Santos, de 70 anos. “Aqui é bom porque cuidam também da saúde da gente. Minha pressão está 12×7, fico tranquilo porque estou bem”, contou.
Outra participante, Apolônia de Mello, de 70 anos, parte do Bairro Dona Carlota de bicicleta para ir até o centro de convivência. “Moro sozinha, então minha vida é aqui. Fico triste quando é feriado, porque sinto falta do grupo, dos exercícios. Aqui é a minha segunda casa”, elogiou. Mais feliz que Apolônia se diz Aldovandro Farias, de 84 anos, o mais maduro do grupo. “Aqui tem tanta coisa para fazer que a memória da gente fica sempre ativa”, brincou.
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Local foi reativado há 15 anos
Reativado há 15 anos, o CCMI funciona junto ao Cras Beatriz Jungblut, do Bairro Santa Vitória, coordenado por Márcia Weber. Cerca de 40 pessoas frequentam o local durante todo o dia, de segunda a sexta-feira. Além das refeições – café da manhã, almoço e lanche –, recebem atendimento em saúde e participam de oficinas. A secretária de Desenvolvimento Social, Roberta Pereira, explica que o objetivo é promover a qualidade de vida. “Temos uma série de ações para que o protagonismo do idoso aconteça, para que ele se sinta útil, e, assim, garantimos direitos e cidadania”, afirmou.
A prefeita Helena Hermany entende que acolher os idosos é promover saúde. “Em um mundo tão agitado, onde muitas vezes os filhos não podem dar muita atenção aos pais idosos, o centro de convivência é a melhor alternativa para que possam conviver entre eles. Quanto mais investirmos na pessoa idosa, menos vamos precisar investir em saúde pública”, declarou.
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Projetos
Além do CCMI, o município atende ainda cerca de 800 idosos no projeto Maturidade Esportiva, através da Secretaria de Relações Institucionais e Esporte, e dispõe também do Centro de Referência do Idoso, localizado na Rua Tenente Coronel Brito, 425, no Centro, onde são oferecidas diversas atividades. Grupos também são recebidos nas unidades de saúde do município. No Cras Integrar, do Bairro Bom Jesus, outros 45 idosos são atendidos periodicamente.
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