O que é realização profissional para você? Algum tempo atrás, seria sinônimo de carreira estável para a venâncio-airense Mel Huwe, de 37 anos. Mas essa realidade mudou. Há seis anos, a maternidade proporcionou uma virada na vida dela – e colocou tudo no lugar. Os escritórios de arquitetura deram lugar ao estúdio de tatuagem e à arte. A nova perspectiva veio com a chegada da pequena Lily; foi quando também começou a história de Mel com o empreendedorismo.
LEIA TAMBÉM: Caderno Elas de outubro: a potência feminina em foco
Veio morar em Santa Cruz ainda na época da faculdade, há cerca de 12 anos. Em 2017, trabalhava com arquitetura, área em que é formada, quando se tornou mãe. “Depois que a Lily nasceu, a rotina de trabalhar oito horas por dia, fazer hora extra, não ter liberdade, começou a pesar muito. Não estava mais fazendo sentido. Então, eu queria um trabalho que me realizasse, ao mesmo tempo que me proporcionasse mais qualidade de vida e tempo”, explica. Antes disso, nunca tinha sonhado com a profissão que hoje preenche o coração. “Ser tatuadora nunca tinha passado pela minha cabeça”, brinca.
Publicidade
A ligação com o mundo artístico, até mesmo em função da arquitetura, fez com que arriscasse os primeiros passos na tatuagem. “Foi meteórico; logo já havia pessoas interessadas e o traço mais fino e delicado foi ganhando muita força e espaço. Na época, era um trabalho predominantemente masculino, e as clientes mulheres logo se identificaram com o meu estilo”, conta.
LEIA TAMBÉM: Santa Cruz do Sul tem mais mulheres do que homens, diz IBGE
Chegou a ter medo de ser julgada, mas conquistou o próprio espaço no cenário santa-cruzense, com muita determinação. “Ainda existe preconceito com trabalhos artísticos, por parecerem menos profissionais, e a tattoo em si tem uma má fama por ter sido feita de forma muito amadora em outras épocas. Hoje não existe mais espaço para isso”, destaca, ressaltando a qualidade dos materiais e serviços oferecidos. “Acredito que consegui conquistar o meu espaço explorando estilos diferenciados e trazendo um novo conceito para o studio, que incluem um atendimento mais personalizado, acolhedor e individualizado.”
Publicidade
O jeito próprio de fazer arte
Os registros das tatuagens nas redes sociais já são exemplos do talento da artista. Mas poucos conhecem o processo antes da foto final. Conforme Mel, o princípio mais importante é respeitar o próprio estilo e o desejo dos clientes. “É importante para mim compreender o significado e a estética que o cliente deseja. Hoje já cheguei em um momento onde consigo orientar algumas decisões e conto com a confiança de quem me escolhe para desenvolver o projeto”, destaca.
Mesmo dominando as técnicas necessárias, leva em consideração o instinto na hora de tatuar: “Um fato curioso é que sou muito mais tatuadora do que desenhista”, diz. “Meus desenhos geralmente são esboços que servem para me guiar na tattoo. O cliente precisa confiar no processo. A arte mesmo acontece na pele. É muito intuitivo.”
LEIA TAMBÉM: Do luto à luta: Tati Theisen dá exemplo de superação dentro e fora do ringue
Publicidade
Lidando com a burocracia
Indispensável, além da intuição, é a organização quando o quesito burocrático do empreendedorismo entra em cena. “Como tudo na vida, existe ônus e bônus”, diz Mel. No começo da carreira, lidava com todas as etapas do processo sozinha, como é a realidade de muitos empreendedores santa-cruzenses.
A crescente demanda, no entanto, a obrigou a buscar um par extra de mãos para dar conta de parte contábil, compra de materiais, agenda, pagamentos etc. Assim, consegue focar na própria arte e paixão. “Hoje, eu conquistei a liberdade de horários, trabalho em um ambiente que eu amo, com pessoas que amo, fazendo o que mais gosto. Apesar dos desafios, sou muito grata por fazer isso acontecer todos os dias”, destaca.
LEIA TAMBÉM: FOTOS: diferencial de Thais Rediske a tornou referência no mercado de unhas
Publicidade
A realização profissional, neste sentido, ultrapassa a simples noção de estabilidade. “Vejo muitos profissionais hoje neste processo de busca por realização. Acho que estamos com outra perspectiva sobre qualidade de vida”, reflete. Se resume, como sempre, ao amor pelo que se faz. “Gostaria sim de dar o exemplo para a Lily de tudo o que aprendi nessa jornada, sobre fazer um trabalho autêntico, com amor.”
LEIA MAIS REPORTAGENS DA EDITORIA ELAS
Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!
Publicidade