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SANTA CRUZ DO SUL

Público do Festival de Cinema chega a 1,8 mil pessoas em três dias

Foto: Alencar da Rosa/Banco de Imagens

Mais de 700 pessoas acompanharam a abertura do Festival de Cinema no ano passado

Durante os três dias de exibição de curtas-metragens, o 6º Festival Santa Cruz de Cinema superou todas as expectativas da organização. Além de se tornar a edição com o maior número de filmes inscritos – 695 ao todo –, contou com recorde de público, de 1,8 mil pessoas. A última noite de exibição dos filmes, nessa quinta-feira, 26, reuniu mais de 700 espectadores no auditório central da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). E mais uma vez, as obras exibidas prenderam a atenção de todos.

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A sessão começou com o terceiro e último filme da Mostra Olhares Daqui. Em Existe ou Resiste, o estudante de audiovisual da Unisc Vitz Almeida fez uma “carta de amor” ao teatro santa-cruzense e ganhou aplausos. O documentário inicia explorando as origens da arte na cidade, passando pelos altos e baixos até culminar no fechamento forçado dos espetáculos na pandemia do coronavírus. Diante desse cenário, somos apresentados aos protagonistas da cena teatral e à sua luta para estabelecê-la na cultura local. Os depoimentos apaixonados dos artistas cativaram o auditório, deixando claro que, apesar dos desafios, o teatro resiste. 

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O estudante revela as motivações que o levaram a produzir a obra. “Sou cria do teatro, faço desde os 16 anos de idade. Comecei a escrever o roteiro em 2019 para exaltar a arte, mas aí veio a pandemia. Quando chegou a ideia de tirar do papel e filmar vi que o grupo estava desmantelado. Percebi que as festas já estavam voltando e o teatro estava se perdendo”, afirma Vitz.

Risos e comoção

Chove lá fora, de Mirela Kruel, deu o pontapé inicial da Mostra Competitiva Nacional. Com uma história simples, mas comovente, o público se envolveu na história de um motoboy, Alexandre, que recebe uma proposta inusitada durante uma entrega de pizza: o cliente, Otávio, pede que o jovem jante com ele em troca de dinheiro. “Eu só não quero comer sozinho”, explica Otávio.

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A reação inicial do jovem à oferta gerou risos no público, ainda que intrigados com a estranheza do momento. Porém, à medida que a trama se desenrola, o público passa a criar empatia pelo homem, que sofre de depressão e está solitário. E em uma noite chuvosa, os dois estranhos criam uma forte conexão. Questionamentos sobre felicidade são feitos enquanto os personagens bebem e comem a pizza. O curta encerra mostrando a importância das relações humanas e como às vezes basta escutar alguém para ajudá-lo. Mais uma vez, o público aplaudiu.

Também não faltaram aplausos e risadas durante a animação Ernesto, de Fernanda Roque. Nela, o personagem-título é um redator de obituários que passa por uma viagem de autodescoberta. No entanto, o destino o tira da zona de conforto e faz com que o homem que ganhava a vida escrevendo sobre a morte investigue o próprio nascimento. Com doses de humor pesado e escatologia, a plateia gargalhou enquanto a vida de Ernesto ia pelo ralo. 

Em seguida, veio Dinho, de Leo Tabosa. Em uma história comovente, o personagem-título precisa lidar com o retorno da mãe ausente, que o deixou com a tia no interior. Afastada após decidir viver com o novo marido em Recife, a mulher precisa restabelecer uma conexão com o filho. A oportunidade surge justamente na véspera de Natal. A importância das relações também ecoa na despedida de Dinho de seu melhor amigo, que estuda em Fortaleza e está de passagem pela cidade.

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Leo Tabosa trouxe suas experiências de vida para a tela. “Dinho surge a partir do recorte da minha infância no período em que morei no interior de Pernambuco. É um filme sobre afetos, abandono e descobertas. Ele mostra a força que o cinema tem de movimentar as pessoas mesmo diante de tanta adversidade. O cinema é capaz de fazer a gente sonhar, refletir e acreditar em dias melhores”, revela.
Apesar de já ter filmes exibidos em outras edições, é a primeira vez que o pernambucano vem a Santa Cruz para o festival. “Tenho um carinho muito grande pelo evento. Ele é importante por descentralizar e levar a cultura dos grandes centros urbanos para o interior”, destaca.

Mais tarde, a tela do festival foi invadida por um ser de outro mundo. Em Rasgão, P3RFEIT0 recebe a missão interestelar de viajar à Terra e descobrir o motivo de algumas pessoas tentarem fugir do planeta. No Brasil, acaba entendendo os motivos. Dirigido por Victor di Marco e Márcio Picoli, a obra, quase toda em preto e branco, traz uma crítica às políticas públicas para as pessoas com deficiência propostas nos últimos quatro anos, durante o governo Bolsonaro. A maneira como a dupla aborda o tema foi ovacionada pelo público.

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Pássaro da Memória, de Leonardo Martinelli, foi o próximo. Na trama, um pássaro chamado Memória esquece o caminho para casa. Cabe a uma mulher encontrá-lo, mas ela precisa lidar com a hostilidade da cidade. Mais uma vez, a plateia aplaudiu. Por fim, foi a vez Deixa, de Mariana Jaspe. A história inicia com uma ligação. Carmem, vivida pela atriz e cantora Zezé Motta, recebe uma ligação do marido avisando que ele está saindo da prisão e em breve estará em casa. Os espectadores acompanharam a sua última noite de liberdade antes recebê-lo em sua vida. As atuações foram o destaque do curta-metragem, que encerrou a noite com chave de ouro.

Após a sessão, os realizadores das sete obras exibidas participaram de um debate no auditório para revelar segredos das produções e responder aos questionamentos da plateia.

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