Era uma típica manhã para o agricultor Guilherme Jessof, morador de Linha Capão Grande, interior de Venâncio Aires. Após realizar as tarefas em sua propriedade, saiu para prestar serviços aos vizinhos quando se deparou com uma casa de joão-de-barro em uma cerca. Apesar de a presença da ave ser bastante comum na região, o abrigo chamou a sua atenção por uma peculiaridade: a porta de entrada não havia sido construída na lateral da moradia, mas no topo. Normalmente, o acesso fica na direção contrária ao vento e à chuva, diferente desta.
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Impressionado com a cena, Jessof resolveu fotografar o ninho e publicar as imagens nas redes sociais no início desta semana. “Ninguém havia visto uma casa assim por aqui. Chamou a atenção de todo mundo”, conta. A publicação viralizou rapidamente, gerando dezenas de curtidas e comentários, e foi compartilhada mais de 240 vezes. “Esse joão-de-barro não teve aula de engenharia”, comentou um dos seguidores, enquanto outro sugeriu, em tom de brincadeira, fazer um toldo para o casal de aves não se molhar.
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Erro de iniciante, diz professor
O biólogo Andreas Köhler, professor do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), confirma que a localização da porta de entrada da casa foge ao padrão das construções feitas pelo joão-de-barro. “É esquisito, com certeza”, pondera. No entanto, não é a primeira vez que Köhler se depara com uma obra assim, embora não tenha servido de morada para o casal de aves. “Não saiu como deveria e não poderia ser usada para a fêmea chocar os ovos”, explica.
Para o professor, o fato de a entrada estar no topo indica que a obra pode ter sido feita por um macho mais novo, sem experiência para erguer uma casa da maneira correta. Köhler ressalta ainda que, diante do volume de chuva registrado nos últimos dias, ela pode ser destruída ou ficar inundada. Porém, até o momento, a construção permanece intacta e Jessof avistou, nessa terça-feira, a ave “faceira” em cima de sua obra.
E não é só o lar que o joão-de-barro pode ter perdido. Exigente, a fêmea não costuma ficar satisfeita quando o resultado dá errado, colocando o companheiro em uma situação delicada. “Duvido que ela tenha aceitado o ninho para chocar os ovos na chuva. E, quando não aceita, tem duas opções: ou faz uma casa nova que agrade a fêmea ou ela vai procurar outro companheiro”, finaliza.
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Integrante da família Furnariidae, o joão-de-barro, ou forneiro, é conhecido por criar seu próprio abrigo, utilizado para a fêmea depositar os ovos. Além de usar o barro para a base da estrutura, a ave pode utilizar palha e gramíneas na construção.
A obra, realizada normalmente na primavera, deve ser precisa e planejada com cuidado. A entrada, além de ficar em um ponto estratégico, não pode ser pequena a ponto de o animal precisar se abaixar, mas também não pode ser grande, evitando que animais maiores, inclusive predadores, entrem. Já o interior é forrado com penas e folhagens, para garantir o conforto da fêmea e proteger os ovos.
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São necessárias dezenas de viagens para transportar o material. Por isso, o ninho pode demorar em torno de duas semanas para ficar pronto. Depois disso, as aves podem ficar até um ano na morada, evitando a presença de parasitas, doenças ou predadores.
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