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ENTREVISTA

Fetag completa 60 anos de lutas e conquistas para a agricultura e a pecuária familiar

Carlos Joel: representatividade para os agricultores familiares do Estado | Foto: DIvulgação/GS

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS) comemora nesta sexta-feira, 6, seis décadas de lutas e conquistas para a agricultura e a pecuária familiar. A data é marcada com uma festa no Parque da Expoagro Afubra, em Rio Pardo, que reúne desde cedo caravanas de associados e líderes sindicais de todo o Estado.

A previsão dos organizadores é receber cerca de 1,5 mil pessoas. Um dos momentos mais aguardados da programação será a entrega da Medalha do Mérito Farroupilha à entidade, uma proposição do seu ex-presidente, hoje deputado estadual, Elton Weber.

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Com sede em Porto Alegre, tem no seu quadro social 315 sindicatos de trabalhadores rurais filiados e abrangência em 450 municípios, através das suas extensões de base. Possui 23 regionais sindicais e em torno de 200 mil associados. A propulsora de sua criação, em 1963, foi a Frente Agrária Gaúcha (FAG), fundada por iniciativa dos bispos da Igreja Católica para estudar a questão agrária, formar líderes rurais, desenvolver a educação de base, incentivar a sindicalização e outras iniciativas voltadas aos assalariados rurais e agricultores.

Atualmente, a Fetag/RS é presidida por Carlos Joel da Silva. Agricultor familiar, natural de Faxinal da Guardinha, interior de Cachoeira do Sul, ingressou na entidade em 1994, no Conselho Fiscal. Também exerceu as funções de secretário e vice-presidente, até assumir a presidência, em 2014. Para avaliar o 60o aniversário da entidade e seus nove anos de gestão, Silva concedeu entrevista à Gazeta do Sul.

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Entrevista com o Presidente da Fetag – Carlos Joel da Silva

O que a Fetag representa, de modo geral, para a agricultura familiar?

A Fetag representa a evolução na agricultura familiar. Foi fundada através da Igreja Católica porque os agricultores familiares (naquela época chamados de trabalhadores rurais) não tinham nenhum benefício. Quando adoecia um da família, vendiam-se as vacas de leite ou uma junta de bois para pagar o hospital.

Era assim que funcionava: não tinha nada, não tinha política agrícola, não tinha financiamento no banco, não tinha previdência, não tinha aposentadoria. Então, os sindicatos e a Fetag foram criados para isso, para lutar, defender a categoria. A agricultura se modernizou através de todas as políticas que foram criadas e a agricultura familiar do Rio Grande do Sul, especialmente, deixou de ser de subsistência para se tornar uma agricultura familiar forte, que produz de igual para igual com os agricultores empresariais, pois investiu em tecnologia, em maquinário e conhecimento. E a Fetag tem muito a ver com todas essas políticas criadas.

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Como o senhor avalia as lutas travadas pela entidade ao longo desses 60 anos?

Avalio como fundamentais para o desenvolvimento da agricultura e da pecuária do Rio Grande do Sul e para a qualidade de vida das pessoas que moram no meio rural. Fundamentais porque “o SUS nasceu num caminhão de som”, numa mobilização da Fetag, na frente do Palácio Piratini e da Assembleia Legislativa.

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A Previdência Social trouxe dignidade a essas pessoas. O crédito rural também foi fundamental para os nossos agricultores poderem investir em tecnologia, em maquinário. Assim como o seguro rural (o Proagro) foi importante para que a gente pudesse trazer mais segurança para os agricultores e agricultoras na hora do plantio, e também as lutas por preços que a Fetag e os sindicatos vêm fazendo. Isso tudo foi luta importantíssima e que traz um resultado positivo para os nossos trabalhadores.

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Quais as principais conquistas obtidas na sua avaliação?

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Em primeiro lugar, o nome “agricultura familiar”. Nós criamos uma identidade, deixamos de ser trabalhadores rurais, e passamos a ser reconhecidos por tudo e por todos. Em segundo lugar, eu diria que foi a Previdência Social, que trouxe dignidade, além do crédito e da saúde. Essas são as três principais conquistas.

Quais são seus objetivos nesse mandato? Qual desafio ou projeto pretende realizar?

Fortalecer cada vez mais os sindicatos, mostrar a importância que os sindicatos têm para os trabalhadores, para os agricultores familiares e toda a sociedade. A gente tem grandes desafios pela frente, para lutar por políticas públicas que façam com que os jovens queiram permanecer no campo. Cada vez mais, nós estamos ficando com as pessoas de idade avançada no meio rural. Não temos mais famílias numerosas e dos jovens que temos, que são poucos, uma parte vai para a cidade. Nós precisamos garantir a soberania alimentar, a produção de alimentos e a sucessão rural. Para isso, o grande desafio é ter políticas que garantam o acesso dos jovens à terra e que garantam renda. Precisamos ter qualidade de vida no meio rural e garantia da sustentabilidade do agricultor, a fim de garantir a produção de alimentos para saciar a fome no Brasil e no mundo.

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Santa-cruzense fez parte dessa construção

Muitas mãos uniram forças para que a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS) se tornasse um instrumento de luta e representatividade daqueles que vivem no meio rural. Desde a fundação, a entidade foi presidida por 11 dirigentes sindicais, cujas contribuições foram determinantes para os avanços obtidos. Nesse seleto grupo de ex-presidentes, figura um único nome de Santa Cruz do Sul e da região do Vale do Rio Pardo. Heitor Schuch, hoje deputado federal, esteve à frente da entidade por dois mandatos consecutivos, de outubro de 1995 a junho de 2002, perfazendo um total de sete anos.

Heitor Schuch presidiu entidade por sete anos e segue se dedicando às pautas da agricultura familiar como deputado federal | Foto: Lisiana dos Santos/Divulgação/GS

Ele também está entre os cinco nomes que permaneceram mais tempo exercendo a função. Filho de pequenos agricultores, nascido em Cerro Alegre Alto, interior do município, teve desde cedo ligação com o movimento sindical dos trabalhadores rurais, por conhecer de perto as dificuldades da agricultura familiar, setor que produz 70% do alimento no Brasil. Em 1990, foi eleito presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Santa Cruz, cargo que ocupou por cinco anos. Depois, passou a integrar a diretoria da Fetag – inicialmente como tesoureiro e, por fim, como presidente.

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Por considerar a política um espaço para avançar nas lutas, em 2003 concorreu a deputado estadual e foi eleito para o cargo por três mandatos. Em 2014, elegeu-se deputado federal, tendo sido reeleito por duas vezes. Desde 2018, preside a Frente Parlamentar da Agricultura Familiar na Câmara dos Deputados. Enquanto presidente da Fetag, ajudou a conduzir as lutas que resultaram na criação do Pronaf, no direito à aposentadoria para homens e mulheres da roça, na habitação rural, na universalização da saúde e na valorização dos assalariados do campo.

Conforme Schuch, ter sido eleito para a presidência da Fetag/RS foi resultado de um trabalho robusto na recuperação financeira e da conjuntura sindical da entidade. “Foram sete anos de muito trabalho, aprendizado e mudanças econômicas e sociais. No plano econômico, também implementamos o Banco da Terra e o programa do biodiesel. Nas questões sociais, o empoderamento das mulheres e jovens e a organização dos grupos de aposentados”, disse. Ele considera a Fetag uma ferramenta que teve função estratégica nesses 60 anos, na implementação de políticas públicas para a população rural. “É o porto seguro dos sindicatos e a âncora da categoria”, resumiu.

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