“Levanta a mão! É um assalto! Tu é polícia?! Passa a carteira!” Em menos de 30 segundos, eu tinha levado uma estocada de faca no abdômen. Era um assalto na saída da academia, ao chegar no carro. Mas aquele golpe, ao invés de me ferir e causar uma possível hemorragia, me deixou mais vivo e atento do que nunca.
Essa era a primeira de cinco oficinas de situações – simuladas – de assalto, que a Polícia Federal (PF) de Santa Cruz do Sul realizou no curso Treinamento de Sobrevivência Urbana, promovido na segunda e terça-feira desta semana, 4 e 5. Ao todo, 24 pessoas da comunidade, entre líderes locais, de instituições públicas e privadas e associações, participaram da experiência.
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Foi o projeto-piloto da superintendência da PF do Estado, que busca deixar o cidadão atento para a tomada de decisões frente a agressões de terceiros e ataques armados. Os instrutores da atividade são professores da Academia Nacional de Polícia. Para o chefe da PF em Santa Cruz, delegado Mauro Lima Silveira, o sucesso do curso a partir do retorno dos participantes gera uma expectativa para que outra instrução possa acontecer.
“A avaliação foi totalmente positiva. O feedback dado ao final pelos alunos indica que o treinamento alcançou seu objetivo principal, que era de levar conhecimento aos participantes de como se comportarem em situações de violência urbana, naqueles momentos em que suas vidas e de seus familiares estão em risco”, comentou.
Segundo Silveira, novos cursos devem ser realizados no município. “Como projeto-piloto, após avaliação da superintendência da instituição, muito provavelmente será estendido a outras unidades da PF no Estado. Santa Cruz deve ser sede de outros encontros”, complementou o delegado.
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Os 24 participantes e seus familiares participaram de uma palestra nessa segunda-feira, 4, à noite, no auditório da Procuradoria-Geral do Município. A agente Ana Paula Ollé Pons apresentou alguns exemplos de situações de violência já vividas por vítimas e dicas de como os alunos poderiam se portar diante de assaltos.
Na terça pela manhã, os alunos deslocaram-se até o Parque da Expoagro Afubra, na localidade de Rincão Del Rey, em Rio Pardo, onde as práticas aconteceram. O grupo foi dividido em dois, com 12 alunos cada. Além de Ana Paula Pons, os agentes Marcio Mohr, Sidinei Maciel e Michel Arrue também foram instrutores. Outros policiais federais atuaram como figurantes nas cenas simuladas de assaltos.
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Como editor de segurança pública da Gazeta Grupo de Comunicações, participei para detalhar alguns dos pontos principais explicados pelos instrutores. Confira a seguir um resumo das atividades praticadas em cada oficina.
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Como agir
Estacionamento
Nesta oficina, o cenário montado remetia à saída de uma pessoa da academia, levando uma mochila. Ao ir até o carro no estacionamento, um manobrista simulava a limpeza do vidro traseiro e pedia um trocado, enquanto o condutor de um veículo estacionado ao lado do da vítima acionava a ignição. Distraída com a situação e tentando entrar no carro, a pessoa não percebe quando um assaltante chega pelas costas, com uma faca na mão, e pede por dinheiro. Na tentativa de se livrar da ação, a vítima entrega os pertences, mas esquece de fugir. Segundo os instrutores, o criminoso, na maioria dos casos, busca o bem material. A melhor opção, em casos como esse, é sair do alcance do objeto cortante, largar os pertences e fugir. A maioria dos alunos permaneceu no local e levou a estocada no peito, como eu.
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Restaurante
Na simulação em um restaurante, a vítima chega e senta em uma cadeira, na mesa onde está sua esposa ou marido. Após uma conversa rápida, um assaltante chega na porta, vai rendendo alguns clientes e segue até o caixa, onde se concentra na subtração do dinheiro. É nesse momento, ocasião chamada pelos instrutores de janela de oportunidade, que a vítima deve aproveitar e fugir, sem que seja rendida ou fique com um familiar no meio de uma troca de tiros entre o criminoso e algum suposto cliente armado.
Casa
Nesta oficina, simula-se em um ambiente a moradia da vítima com seus familiares. Em um determinado momento, uma pessoa comete uma tentativa de arrombamento na casa, com uma faca. Os moradores ficam então desesperados, e o aluno precisa analisar qual a melhor saída para a situação. Nesse caso, os instrutores salientaram a importância de não abrirem a porta, irem todos juntos para um cômodo seguro e com chave, e acionar o 190. O disparo de arma de fogo contra a pessoa que está arrombando não seria a melhor opção, pois poderia ser um parente ou mesmo um vizinho embriagado, o que resultaria em uma tragédia.
Banco
Neste caso, simulou-se a chegada de uma vítima em um caixa eletrônico, dentro de um banco. Ao tentar ajudar um idoso a sacar dinheiro, um assaltante armado chega e manda todos irem para o chão e entregarem os pertences. Essa é a hora de entregar os bens e aguardar. Em muitas simulações, alunos tentaram correr para fora do banco em alguma possível janela de oportunidade, mas foram alvejados por uma comparsa do assaltante que anunciou o crime.
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Bar
Na última oficina, os agentes pediram para os alunos entrarem em um bar e apenas pedirem uma cerveja, pagar e sair. Os participantes acessaram o ambiente, onde havia alguns elementos perigosos e pessoas supostamente embriagadas. A maioria dos alunos, a convite de um cliente, sentou em uma das mesas, simulou que estava bebendo e ficou conversando com as pessoas. Muitos não se deram conta do cenário hostil, com simulações de drogas, arma de fogo e facões. O objetivo era fazer com que a pessoa observasse o nível de periculosidade no local e evitasse permanecer, apenas pedindo a cerveja e saindo, como foi solicitado pelos instrutores.
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