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LUÍS FERNANDO FERREIRA

Vista de um ponto

A ideia de viver em um mundo melhor que este, sem guerras, pobreza extrema e injustiças, estimula a imaginação há séculos. Quem nunca projetou um futuro perfeito? A esse lugar ideal e feliz, que nunca existiu mas funciona como fantasia mobilizadora, chamamos de “utopia”, termo cunhado pelo britânico Thomas More no livro que publicou em 1516.

More descreve a ilha de Utopia, terra de uma sociedade que ele considera perfeita e justa. Os habitantes vivem em “54 cidades espaçosas e magníficas”, onde a linguagem, as leis e os hábitos são absolutamente idênticos. E, segundo o autor, ninguém vê problemas nisso.

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Se a utopia concretiza as melhores potencialidades humanas, a distopia é o avesso: um mundo de pesadelo, onde os piores temores de controle social viram realidade e chegam às últimas consequências. Sociedades distópicas surgem na literatura em obras como 1984, O conto da aia, Fahrenheit 451, Admirável mundo novo e outros. Nelas, um poder central mantém domínio total sobre os cidadãos, e qualquer divergência é punida com prisão ou até morte.

Mas e se a utopia de alguém for apenas a distopia de outro? Voltemos a Thomas More. Nas descrições de sua ilha da fantasia, ele diz que “as roupas têm a mesma forma para todos os habitantes”. Quantos gostariam de viver em um lugar assim? Além disso, “todos os escravos são submetidos a um trabalho contínuo, e trazem correntes”. Os escravos não diriam que essa é uma sociedade perfeita.

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Na República de Platão – talvez a “mãe” dos projetos de engenharia social – não havia lugar para os poetas, considerados perigosos. Eles deviam ser expulsos. Tanto pior se você fosse poeta. Enfim, tudo é questão de ponto de vista, ou vista a partir de um ponto. Devotos do Talibã acreditam que estão construindo uma utopia no Afeganistão, asfaltando o caminho do paraíso. Para quem discorda, é o inferno.

Longe dos grandes planos, mais vale acreditar (ainda) no ambiente democrático. Ele não oferece um modelo fechado de sociedade exemplar; em tese, todas as ideias cabem no seu horizonte. A questão é fazer com que elas dividam espaço, convivam de modo construtivo.
Mas até isso parece utopia hoje em dia.

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