O afloramento de Schoenstatt foi descoberto em 1995 por pesquisadores que desejam saber quais eram os animais que habitavam Santa Cruz do Sul e arredores há mais de 230 milhões de anos. Para isso, um trabalho complexo vem sendo realizado desde então em uma pequena área à margem da BR-471, próximo ao antigo Santuário.
O local voltou a ser explorado na última segunda-feira, 14, por Francesco Battista, pesquisador de pós-graduação do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Em entrevista à Rádio Gazeta FM 107,9, ele disse que será coletado material para tentar descobrir a idade aproximada das rochas no afloramento. “Temos que limpar o local para coletar amostras que podem ser úteis para descobrir a idade dessas rochas que afloram na região do Santuário.”
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O afloramento de Schoenstatt é considerado raro, pelas espécies de animais encontrados no local. A predominância de fósseis já descobertos é de cinodontes, importantes para entender a evolução dos mamíferos. Desde os primeiros achados em Santa Cruz, pesquisadores do Museu de Ciências Naturais do Rio Grande do Sul e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS) vieram conhecer a área. Mais de 300 fósseis já foram coletados. “É um dos afloramentos mais incríveis que já vi”, afirmou Battista.
No local, já foram identificados fósseis de cinodontes traversodontídeos, que se assemelham aos gatos e cachorros de hoje. “Temos identificados até agora giniocodontinos, que eram animais carnívoros, além de elementos de animais menores, nomeados de Santacruzgnathus, nome dedicado à cidade”, disse o pesquisador.
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Trabalho minucioso para relacionar material
O afloramento de Schoenstatt pode reservar uma grande variedade de fósseis de animais que habitavam a fauna local. “Há espécies com relações com a Argentina, Madagascar e África do Sul. Elas podem ser de espécies grandes, parecidas com jacarés. Podemos pensar em um animal de quatro a cinco metros de comprimento, no topo da cadeia alimentar”, explicou Francesco Battista.
Presente na área de pesquisa, a bióloga e paleontóloga Ana Maria Ribeiro, vinculada ao programa de pós-graduação da Ufrgs, ressaltou que trata-se de um trabalho minucioso para tentar relacionar os fósseis com os encontrados em Candelária e Santa Maria. “A ideia é tentar ver até que nível está esse material e relacioná-lo com o que foi localizado do outro lado da rodovia. Isso pode demorar dois dias ou meses, depende das informações que conseguirmos aqui.”
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Em razão da abundância de cinodontes herbívoros, identificados como pertencentes à família Traversodontidae, a associação ali encontrada foi denominada como Biozona de Traversodontídeos. A Sequência Santa Cruz é composta por siltitos vermelhos similares aos encontrados na Sequência Pinheiros-Chiniquá, intercalados com arenitos e conglomerados, com afloramentos nos municípios de Santa Cruz do Sul, Vera Cruz e Venâncio Aires. Nesse pacote de rochas, encontram-se os tetrápodes fósseis da Zona de Associação de Santacruzodon.
Colaborou o repórter John Kaercher Machado
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