Em 16 de agosto de 1997 nascia, em Ibarama, um evento que entraria para o calendário regional como uma importante celebração às origens imigrantes que por aqui se estabeleceram. O “Il Primo Ricordi D’Itália” foi organizado pela Comissão pró-construção da Casa Mortuária da Paróquia São Paulo Apóstolo de Ibarama, que tinha como presidente Tarcisio Pasa; presidente do Conselho Paroquial, Albino Vicente Lazzarotto (Tata); sob o comando do padre Almarinho Lazzari, com colaboração também da Prefeitura Municipal e da comunidade em geral. 

Já na primeira edição, o Salão Paroquial Católico foi todo ornamentado com decoração remetendo às famílias italianas que escolheram a região para viver. Na decoração fotos antigas de pioneiros da terra, também utensílios trazidos pelos imigrantes da Itália, além de artigos de costume dos italianos. Claro, também a reprodução de uma cantina, com pipas de vinhos servidos aos visitantes, parreiral, pães, salame, presunto, queijo e pão caseiro. O jantar com cardápio típico italiano e a música com conjunto italiano para animar o público, que ano após ano consagrou o evento como a maior festa da cultura e gastronomia italiana da região Centro Serra. 

A professora aposentada, Rosa Nardi Serena, recorda com alegria cada edição do “Ricordi”, preparado sempre com carinho por seus organizadores. “Para descrever este evento é necessário retornar ao passado, que nos traz lembranças de histórias contadas por nossos genitores. Os fatos contados e vivenciados juntamente com as famílias e comunidade, nos mostra que a semente foi lançada em terra fértil, porque desde a primeira edição o entusiasmo é sempre o mesmo. Com a proteção de São Paulo Apóstolo, padroeiro da Paróquia de Ibarama, padre Almarinho Lazzari foi convocado a resgatar a cultura dos imigrantes italianos em nosso município. Reunido com amigos fiéis, idealizaram a realização de um jantar para que os participantes pudessem contar histórias dos primeiros colonizadores, que na maioria eram de origem italiana”, recorda Rosa, participante ativa do evento desde sua idealização. 

Conforme ela, “a notícia não teve fronteiras”. Desde a primeira edição, houve grande procura pelos ingressos para o jantar e compartilhar bons momentos, degustando a culinária típica e recordando os antepassados. “Na cozinha, Elidia Galafassi Sebben e sua equipe, se desdobravam para preparar tantas delícias. Recordo de no entardecer daquele dia, do primeiro jantar, somaram as fichas e se lançaram a preparar mais alimentos. Dona Edi Pasa foi fazer macarrão. Dois senhores carregando um fogão a gás para a cozinha do salão, pois não tinha mais espaço para as panelas. Música para alegrar a noitada e o senhor Tarcisio Pasa convidando dona Zita De Bona com a gaita para cantar Mérica, Mérica, e as pessoas junto ao palco a cantar. Albino Lazzarotto, sua esposa Elaine, Maria Ivanete Zanella, Maristela Da Cas e eu, nos envolvemos com a organização das mesas e decoração. Todos juntos, uma grande equipe, realizaram o primeiro jantar com pleno sucesso, sendo que os recursos obtidos nesta ocasião tinham como destino específico a construção da Casa Mortuária ao lado da Casa Paroquial”, conta Rosa. 

Ainda conforme Rosa, vinho e graspa nunca faltaram, sendo sempre produzidos pelos produtores de Ibarama, assim como os demais produtos em degustação. Já na avaliação da primeira festa, foi decidido que nova edição iria ocorrer em agosto do ano seguinte. “Já na segunda edição, algumas alterações foram feitas. A exemplo da decoração, quando a partir deste momento as paredes do Salão foram revestidas com papel pintado em forma de pedra, para demonstrar ao público a importância daquele material para manter a temperatura e conservação dos alimentos”. Nos primeiros eventos, conforme Rosa, durante o dia, alunos das Escolas Catarina Bridi e Luiz Augusto Colombelli eram levados para o Salão para conhecer a Cantina del Nonno e degustar a merenda feita conforme o cardápio italiano. 

Desde o início, lideranças antigas se somaram aos mais jovens, mantendo-se a essência inicial, de resgatar e valorizar as origens italianas. O nome mudou de Ricordi D’Itália para Ricordare L’Italia per Vivere por questões de registro, e assim enfatizando “para que possamos viver, temos que recordar”. 

Vinte e seis anos depois, apenas os anos de 2020 e 2021 não contaram com a realização do evento em decorrência da pandemia de Covid-19.

Para que a noite de festa seja especial, muitas pessoas trabalham meses antes para preparar cada detalhe do evento, doam seu tempo, emprestam seus talentos, se somam a uma causa, à cultura, costumes, valores. A cada edição uma nova temática e a escolha dos homenageados, que fica a cargo da organização. O tema das Bodas de Prata é “Il pane: cibo sacrato” – O pão: alimento sagrado, lembrando do importante alimento à mesa das famílias. Já os casais homenageados são Alceu Jacinto Dal Ri e Clairê Teresinha Dalpisol Dal Ri e Pedro Vicente Bolfe e Cleci Maria Pasa Bolfe. 

A programação do 25º Ricordare L’Italia per Vivere terá início com celebração eucarística na Igreja Matriz São Paulo Apóstolo, às 18h, com participação do Coral Cantare è Vivere. A missa é uma iniciativa recente no evento, proposta pelo padre Matheus Venturini. Logo após os participantes serão recepcionados pelo Coral Luciano Pavarotti no Salão Paroquial, onde a animação está garantida.

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