Esta terça-feira, 25, é de comemoração pelos 199 anos de colonização alemã no Rio Grande do Sul (e 174 anos em Santa Cruz do Sul, que fecham em 19 de dezembro), com eventos sempre tradicionais nesta data, como os de Linha Monte Alverne (da Sociedade Lanceiros Gaúcho, que completa 110 anos) e em Boa Vista, pela também quase centenária Sociedade de Canto Cruzeiro do Sul. E nos últimos dias, já ocorreram os encontros do Clube 25 de Julho, junto ao Parque da Oktoberfest, voltado diretamente à preservação da cultura dos imigrantes, e das Comunidades São Luís, de Paredão Porath/Staub, e São Francisco Xavier, na João Alves, e Paróquia Ressurreição, na cidade.

Dedicado aos colonos (colonizadores) e também aos motoristas, como homenagem a São Cristóvão que é lembrado nesta data, o dia tornou-se feriado municipal por autoria do ex-colega vereador Hardi Lúcio Panke e oportuniza aos santa-cruzenses ampliar as festividades e reverências a quem tanto representa na sociedade em que nos inserimos. Pessoalmente, foi possível participar da grande festa na Linha João Alves, no cinturão da produção hortigranjeira que já vira cidade, mas conserva a relação com a agricultura (principal atividade dos imigrantes) e as tradições, como a celebração religiosa e eventos comunitários, onde não falta a cultura, e a presença do nosso Coral da Afubra veio a ser ponto alto e emocionante.

Associação de destaque no País surgida em nosso meio há 68 anos, como viva expressão da organização tão presente na vida dos imigrantes germânicos, também associa a suas atividades a forte tradição dos colonizadores voltada a grupos corais (mantém dois: misto e masculino). E um aspecto em especial foi reconhecido e enfatizado pela comunidade, por meio da professora aposentada Ilse Goettert, ao expressar entusiasmo pela presença de vários jovens e adolescentes no Coral (inclusive o mais novo, Tiago Wlach, de 15 anos, é da João Alves), o que traz esperança de futuro a essa manifestação tão bela, às vezes ameaçada por dificuldade de integrar novos interessados. Mereceu justo realce o empenho nesse sentido do também jovem regente Gustavo Sehnem, apoiado pelo presidente do coral, Agostinho Wilges, e da Afubra, Benício Werner.

Como autor de livros de resgate histórico, a celebração fez-me lembrar da origem da localidade, que, a exemplo de tantas outras, tinha nomes alemães no início, um deles inclusive com identificação de Deutsches Pikade (Picada Alemã), e outro, Rettungs Pikade (Picada da Salvação), como cito em Carl & Ciss – Crônicas da Colônia Alemã (que ainda pode ser encontrado na Casa de Clientes Gazeta e na Livraria Iluminura). O visível progresso hoje presente, transmitido no próprio desfile pela via já há tempo asfaltada do local, mostrou a evolução dos meios de trabalho, locomoção e transporte, evidenciando que os imigrantes realmente encontraram “salvação” econômica e realização pessoal no novo espaço adotado para viver, não sem dificuldades (pois a verdadeira evolução não as dispensa), mas com muita fé, trabalho e união.

E por certo, a salvação da alma e do espírito jamais dispensaram a boa música e o belo canto, que puderam estar presentes na comemoração da comunidade, com o coral e bandas, assim como estão nas outras que marcaram e marcarão essa data e preparam para o bicentenário de imigração alemã, daqui a um ano, pelo qual o Município já se movimenta e deverá destacar à altura este momento com o merecido culto à memória de tudo que representa de positivo e essencial para todos nós. Falamos de essência e identidade, que deve nos orgulhar, ao lado da salutar integração com todas as etnias que formam a nossa bela sociedade local e regional.

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