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ELENOR SCHNEIDER

A maior invenção

Uma pergunta que frequentemente observamos em publicação de perfis de pessoas – célebres ou não – é sobre qual a maior invenção na história da humanidade. As respostas são as mais diversas: luz elétrica, telefone, internet, celular, vacina, entre tantas mais. Se me perguntassem, responderia sem vacilar: a escrita.

Sociedades ágrafas não dispunham de escrita, consequentemente não liam. Registravam a vida de outra forma como, por exemplo, através de pinturas. Os saberes estavam concentrados na pessoa que, falando, os transmitia e assim passavam de geração em geração. Sabemos que apenas confiando nas narrativas orais muitas informações facilmente se transformam, se distorcem ou se perdem.

Os saberes se tornaram mais precisos, confiáveis e permanentes no momento em que foram escritos. A oralidade é frágil, volátil, passageira. Um ditado latino diz que verba volant, scripta manent, isto é, as palavras voam, as coisas escritas permanecem. Quando a memória se apaga, podemos reencontrar a história naquilo que foi escrito. Se o conhecimento estava na pessoa que partiu, sem demora não sabemos mais do que se trata. Quantas vezes, diante de fotografias, nos pomos a perguntar: quem foi?

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A escrita preserva a história das famílias, das comunidades, das cidades, do país. De certa forma, a fotografia impressa é um documento escrito. Celulares estão cheios de registros fotográficos. Basta perder o aparelho e tudo se esvai. Quase todos os leitores já devem ter-se deparado com cadernos de receitas. Os ancestrais as escreviam, para que as gerações seguintes soubessem como fazer. E quando as folhas amarelavam ou começavam a cair, algum descendente se punha a copiar em nova caderneta, com letra caprichosamente desenhada. O suporte, hoje, pode não mais ser um caderno, no entanto o que preserva o conteúdo é a escrita.

Num artigo que li, cita-se Freud que disse ter sido a escrita, em sua origem, a voz de uma pessoa ausente. Por quanto tempo as cartas, vindas de localidades próximas ou atravessando oceanos, trouxeram para perto a pessoa ausente! Os laços eram mantidos através da escrita. Escrevia-se para ser lembrado, para lembrar, para dizer que a vida continuava e, às vezes, para comunicar que alguém chegara ao limite final. Na alegria ou na dor, a escrita contava a história.

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Os tempos do fio de bigode ficaram no passado. É uma triste constatação, mas até mesmo de pessoas muito próximas exigimos um documento escrito. Os pactos selados na honestidade, na confiança irrestrita praticamente não existem mais, queremos tudo por escrito e, muitas vezes, com registro em cartório. A escrita é a nossa garantia.

A escrita promove e favorece o progresso. Um cientista conduz uma pesquisa até determinado ponto e a registra. O outro, a partir do escrito, dá prosseguimento, não precisa refazer as etapas que já se cumpriram. Se as informações estão corretas, vai adiante; se não, corrige a rota em busca de melhores caminhos. Nesse sentido, a escrita gera a partilha, a necessária generosidade para o bem de todos.

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Ler e escrever são irmãs gêmeas. Saber ler nos permite conexão com o mundo, a vida. E nos permite escrever, que é uma forma de dizer que existimos, que pensamos, que desejamos que nos conheçam através do que fomos capazes de produzir.

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