Um levantamento feito pelo Comitê Municipal de Valorização da Vida e Prevenção de Suicídio mostra que Santa Cruz do Sul registrou 241 óbitos por suicídio entre os anos de 2010 e 2020. Os dados foram coletados a partir do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Conforme o relatório elaborado pelo órgão, mesmo com ampla oferta de serviços de saúde, o município manteve, em todo o período, uma taxa que equivale a quase o dobro da média estadual.
Com as oscilações ao longo dos anos, Santa Cruz chegou a 2020 com uma taxa aproximada de 20 suicídios a cada 100 mil habitantes, enquanto no Rio Grande do Sul o índice foi de cerca de 12 óbitos na mesma proporção. De acordo com a presidente do órgão, Daniela Gruendling, os números são preocupantes e expressam um problema considerado de saúde pública. “O comitê foi instituído em 2015 justamente pela preocupação dos profissionais em relação a este fenômeno, com o objetivo de acompanhar, entender peculiaridades, analisar variáveis e articular esforços na prevenção.”
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Na divisão por idade, destacam-se as faixas de 50 a 59 anos, com 51 mortes, e de 40 a 49 anos, com 41 óbitos autoprovocados. Apesar disso, Daniela explica que pode haver subnotificação. “Imaginamos que pode ser mais, visto que esses são os dados oficiais e muitos registros podem ser feitos pela via ou causa direta da morte, sem saber se houve um intuito de autolesão que a tenha provocado.” Ela diz que é necessário um movimento mais articulado e que envolva um maior número de atores além das áreas da saúde e da educação.
Outro dado que chama a atenção é o da mortalidade por gênero: 83% das vítimas são homens e 17% mulheres. Ao comentar a discrepância entre os indicadores de Santa Cruz e do Estado, Daniela Gruendling afirma que as hipóteses são diversas. “Homens buscam menos o tratamento, colocam-se como responsáveis no sustento da casa e não se permitem falhar”, observa.
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Além disso, a agricultura baseada em monocultura apresenta o risco de grandes perdas financeiras e dívidas em caso de perdas nas lavouras. “É importante acrescentar que estamos falando de um fenômeno inserido em um contexto amplo, atravessado e influenciado por muitas questões, tanto culturais quanto socioeconômicas, as quais são possíveis somente a longo prazo.”
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