Neste domingo, 16, comemora-se no Brasil o Dia do Comerciante. A data foi instituída em 1953 pelo então presidente do Senado, João Café Filho, em homenagem a José Maria da Silva Lisboa, o Visconde de Cairú, nascido em 16 de julho de 1756. Figura histórica do Brasil Colônia e reconhecido pela visão econômica, teve influência decisiva para que, em 1808, Dom João VI abrisse os portos brasileiros para o comércio com as nações amigas.

Com uma história que passou pelos mascates, seguiu com os pequenos e médios comerciantes e hoje chega aos grandes grupos econômicos nacionais e internacionais, o comércio no País exerce papel fundamental para promover o crescimento econômico e contribui com parcela significativa para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB). É por intermédio do comércio que as empresas criam empregos e geram renda. Além disso, é o setor que estimula a competitividade e a inovação, impulsionando a eficiência, a busca da qualidade dos produtos e serviços e os investimentos em inovação.

LEIA TAMBÉM: Mercado Público de Santa Cruz: assinado termo de início das obras

O setor tem um relevante papel em sua formação e uma das principais razões é ser um facilitador da produção. Em países desenvolvidos, pode contribuir com até 20% do PIB. Segundo estudos econômicos, já em países em desenvolvimento a participação do comércio no PIB pode ser ainda maior, alcançando até 50%.

Entrevista – Mauro Spode, presidente do Sindilojas

• Gazeta do Sul – Como o senhor define a importância do comerciante para a sociedade?
  Mauro Spode – O comerciante tem um papel fundamental para a sociedade, pois é no varejo local que a economia circula. O comércio emprega, gera renda e impostos e movimenta os recursos. Tudo o que é vendido dentro do município ajuda o poder público a realizar obras de infraestrutura, saúde e educação. O comerciante é o empreendedor do varejo, peça fundamental para a organização econômica de nossa Santa Cruz do Sul.
  
• Qual o perfil do comerciante de Santa Cruz do Sul?
  Formado, em sua maioria, por pequenos e médios empreendedores, geralmente ligado a negócios familiares. Os estabelecimentos têm a identidade com o consumidor local, por isso, em grande parte, são tocados e geridos por seus proprietários.
  
• Passada a pandemia de Covid-19, qual é o cenário atual para os comerciantes do município?
  Segue o mesmo cenário de desafios e reinvenção. Não só durante, mas após a pandemia de Covid-19, os hábitos do consumidor mudaram. A compra, gerada meramente pelo impulso de consumo, passou a ser um ato planejado, pensado e organizado. Muitas vezes, o cliente vai mais do que uma vez no estabelecimento para ver o mesmo produto. Em outras, já traz consigo informações sobre o produto e até mesmo o valor dele nas plataformas de venda online. O mercado exige uma constante reinvenção, um atendimento de excelência e uma presença forte nas redes sociais e nas novas formas de comunicar e estar presente.
  
• Quais são os principais desafios que se apresentam no momento e que se vislumbram no futuro?
  Manter a capacidade de atender bem, estar disponível e com soluções para o consumidor, cada vez mais exigente. Não é só o e-commerce que concorre com o varejo. Quem compra está mais consciente, pesquisa, não age por impulso. Vender é um ato de encantamento e cada vez mais necessário daqui para frente.
  
• De que forma as entidades representativas desse setor, como o Sindilojas, podem agir no sentido de superar eventuais problemas e apontar soluções?
  A entidade atua como parceira de negócio do lojista. Trabalhamos nos pilares da educação, representatividade e inovação. É nosso papel promover ações que viabilizem o conhecimento, a troca de experiências e o desenvolvimento do comércio regional. Por meio de ações como o “Encontro com o Sindilojas” – no qual o network e a informação são as principais atrações – realizamos eventos periódicos focados na alta performance de vendas e no melhoramento de nossas empresas. Somos representativos, fazemos parte de um grande sistema regido por nossa federação – a Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) – que atua em diversos segmentos da sociedade, promovendo a inovação, o conhecimento e o desenvolvimento do setor. Contamos com serviços qualificados na área jurídica, de medicina do trabalho e certificação digital. Além disso, dispomos de uma gama de parcerias para facilitar o acesso de associados aos serviços especializados. Há 60 anos estamos ao lado do comerciante.

• A reforma tributária, que ainda depende de aprovação do Senado, se entrar em vigor vai ter influência para os comerciantes? Se sim, isso é positivo e em que sentido?
  Do ponto de vista da simplificação dos tributos, sim. No entanto, no que se refere ao aumento de tributação – e isso está dentro deste pacote aprovado pela Câmara dos Deputados, prejudica não só o comerciante, mas todo o empreendedor do Brasil. Somos um dos países mais caros para se operar. Para se ter uma ideia, uma pesquisa feita pela consultoria internacional Pice Waterhouse Coopers (PWC), líder mundial em consultoria e auditoria administrativa, revela que no Brasil são necessárias 252 horas de trabalho por ano para cumprir as obrigações fiscais, praticamente o dobro do Reino Unido e Japão, por exemplo. Defendemos uma reforma que tenha alíquotas diferenciadas por segmento de varejo, que não seja cumulativa em penas, punindo aqueles que mais devem ao fisco e que possa gerar créditos fiscais para empresas do Simples Nacional, principal qualificação fiscal da maioria de nossas empresas.

LEIA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS DO PORTAL GAZ

Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!