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Porto Alegre

Gente com mania de ler: dicas de obras encontradas na Feira do Livro

Foto: Lula Helfer

Edição deste ano terá como tema “Como é grande o meu amor pela leitura”

O centro de Porto Alegre é, novamente, um convite à leitura. Em novembro, a literatura toma conta da Praça da Alfândega. A 65ª Feira do Livro da capital mobiliza autores e leitores desde o dia 1º, com atividades distribuídas ao longo de todo o dia, noite adentro. O evento prossegue até o próximo domingo, dia 17, com intensa programação. Embora mais enxuta em relação a edições mais recentes, a feira tem preservada a sua aura de espaço por excelência para a difusão do saber e da cultura.

O slogan desta edição já sinaliza para o mote inerente ao hábito de ler: “Curiosidade é o que nos move”. E o que move as pessoas é também o que move o mundo, desde sempre. Pelos livros, pela apreciação de obras dos mais diversos gêneros, pela interação entre escritores de diferentes origens e leitores dedicados à mais diversas ocupações profissionais, forma-se o caráter e a personalidade de cidadãos de todas as idades, e novas ideias são colocadas em prática.

A Praça da Alfândega, a cerca de dez minutos de uma caminhada a pé a partir da Estação Rodoviária, concentra as bancas de livreiros, oferecendo títulos (entre lançamentos e saldos) para praticamente todas as áreas de interesse, da filosofia à religião, da espiritualidade à literatura de ficção, dos temas regionais e tradicionalistas à poesia, dos assuntos jurídicos e de direito à história e às artes em geral. No ambiente central está situada a área de autógrafos para os lançamentos, que acontecem em especial na parte da tarde, até o começo da noite, e saraus, bate-papos, palestras, colóquios, mesas-redondas, bem como apresentações de esquetes literários e musicais, atraem o público.

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Ao mesmo tempo, a feira se estende para fora da praça propriamente dita, com inúmeras atividades em prédios históricos nas imediações. Uma vez mais, é a curiosidade que move as pessoas em direção a algum atrativo. Sob a coordenação geral da Câmara Rio-grandense do Livro, presidida por Isatir Bottin Filho, o evento oferece literatura geral, internacional, infantil e juvenil, contemplando todas as idades.

A patrona dessa edição é a escritora, professora e contadora de histórias Marô Barbieri, numa sequência de quatro edições em que as mulheres são reverenciadas, ainda com Cíntia Moscovich, a santa-cruzense Valesca de Assis e a poeta Maria Carpi. Ao contrário de edições anteriores, a de 2019 não homenageia um país ou uma região do planeta, embora muitos escritores internacionais estejam confirmados na programação.

E diversos autores vinculados ao Vale do Rio Pardo igualmente se fazem presentes, com lançamentos de livros ou eventos paralelos, a exemplo da escritora Marli Silveira, que ministrou palestra na última terça-feira, ou da escritora Lélia Almeida, que por muitos anos residiu em Santa Cruz e que neste domingo, a partir das 17 horas, ministra oficina sobre terror, gótico e mistério na literatura de mulheres em sala do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo. Tanto neste final de semana quanto ao longo da semana que vem, há muitas coisas para ver, ouvir e, claro, ler na capital dos gaúchos.

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Um livro, uma leitura, um café

A Feira do Livro de Porto Alegre de 2019, em sua 65ª edição, pode até ter encolhido em relação a anos anteriores. E para quem é frequentador assíduo isso obviamente não escapará. Há mais espaço para circulação na praça, seja por conta da diminuição no número de bancas de livreiros, seja em decorrência do recuo que a estrutura como um todo, inclusive a área coberta, apresenta.

Mas isso em nada, absolutamente em nada, diminui a importância do evento, e nem compromete o resultado final de aquisições de livros ou de vivências culturais. Segue intacto, e sempre fortalecido, o caráter mágico (algo inerente à própria experiência da leitura) da identificação de bons textos, de bons títulos, e dos encontros com escritores e leitores a cada metro caminhado na feira.

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A Praça da Alfândega, com os espaços culturais diversos no entorno, da Casa de Cultura Mario Quintana ao Museu de Artes do Rio Grande do Sul, ao Memorial, ao Santander Cultural e ao Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, ou mesmo a extensão da Rua dos Andradas até o Gasômetro, é um convite a um mergulho no universo da capital de todos os gaúchos. Na praça, de banca em banca, a estratégia é reservar-se tempo: tempo para espiar caixas de saldos, ofertas, pontas de estoque. Nesses casos, por valores inferiores a R$ 5,00 garante-se a leitura de clássicos nacionais e internacionais. Basta ter um mínimo de conhecimento sobre o que merece leitura – e o que será efetivamente instrutivo ou agregador. Já nas caixas com livros novos, igualmente saldos de editoras e distribuidoras, há as opções a R$ 10,00 ou R$ 15,00, novamente com excelentes aquisições.

Uma das primeiras medidas a ser tomada pelo visitante é dirigir-se até o balcão de informações, na área central da praça e próximo do espaço de autógrafos, para obter uma revista com a programação diária completa do evento. Assim, selecionando oficinas, bate-papos, palestras ou apresentações conforme o gosto pessoal, o público pode aproveitar mais e melhor as atrações de cada dia. Isso vale tanto para as atividades envolvendo escritores quanto para ações paralelas ou apresentações artísticas. E tudo, naturalmente, gratuito. Depois, com as sacolas de exemplares adquiridos, a pedida é instalar-se junto à mesa de um dos inúmeros cafés no ambiente da praça e desfrutar do clima da primavera.

Aliás, surge então a inspiração da dica para todos os eventos literários, o que inclui a feira do livro de Santa Cruz do Sul: são valiosos os cafés ou espaços de happy-hour e de convívio em pleno ambiente da praça. Nada melhor do que estender o bate-papo entre autores e leitores ali mesmo, no clima da feira, para que a vivência literária e cultural seja completa.

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CINCO DICAS
Que se encontra nas caixas de saldos (a preços entre R$ 10,00 e R$ 15,00)

O rio: uma viagem pela alma do Amazonas, de Leonêncio Nossa, com fotos de Celso Junior. Rio de Janeiro: Record, 2010. 349 p.
Tema: o jornalista Leonêncio Nossa e o fotógrafo Celso Júnior, vinculados ao Estadão, percorrem o Rio Amazonas, da nascente à foz.

Port Mungo, de Patrick McGrath. Tradução de Celso Nogueira. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. 261 p.
Tema: menina jovem narra a instabilidade na relação do irmão, a quem sempre admirou, casado com uma mulher muito linda. McGrat, britânico, é autor de romances de sucesso, como Spider, filmado por David Cronenberg.

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Brasília Kubitschek de Oliveira, de Ronaldo Costa Couto. Rio de Janeiro: Record, 2006. 399 p.
Tema: ampla reportagem do jornalista mineiro sobre a decisão de Juscelino Kubitschek de erguer uma nova capital federal nas imensidões do Planalto Central do país, cidade que completa 60 anos em abril de 2020.

O caso do homem que morreu rindo, de Taquin Hall. Tradução de Renato Prelorentzou. Rio de Janeiro: Record, 2012. 331 p.
Tema: romance de tom humorístico do escritor inglês de 50 anos, ambientado na Índia, no qual um detetive é contratado para solucionar o caso da morte de um integrante do chamado Clube do Riso.

Diálogos sem fronteira: correspondência entre Mario Arregui e Sergio Faraco. Tradução de Sergio Faraco. Porto Alegre: L&PM, 2009. 248 p.
Tema: a correspondência trocada entre Mario Arregui, autor de Cavalos do amanhecer, e o gaúcho Sergio Faraco, entre 1981 e 1985, quando o uruguaio faleceu.

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