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REGIÃO

Caminhos do Desenvolvimento: as nossas estradas precisam de atenção

Tem sido recorrente, nas edições da Gazeta do Sul, a publicação de reportagens acerca das condições de trafegabilidade das rodovias que ligam o Vale do Rio Pardo com outras regiões do Rio Grande do Sul. As notícias, contudo, não costumam ser boas. Buracos, desníveis e falta de sinalização horizontal e vertical, além de congestionamentos, são alguns dos problemas revelados pela equipe nos últimos meses. Muitas dessas situações são reportadas por usuários das estradas e por moradores das localidades.

É por isso que o leitor poderá acompanhar, nos próximos meses, uma série de reportagens especiais que serão publicadas na Gazeta do Sul e no Portal Gaz, além de conteúdos jornalísticos para a Rádio Gazeta 107,9 FM e vídeos no Gazeta Notícias e no perfil do Instagram do Gaz. Importantes rodovias do Vale do Rio Pardo – RSC-287; BR e RSC-471; RSC-153; BR-290 e ERS-403 –, além de outras, como as ERSs-405, 244, 401 e 400, serão abordadas nas matérias. Líderes políticos, autoridades, empresas e poder público serão entrevistados a fim de entender o que pode ser feito para melhorar as condições dessas estradas, já que algumas são vistas como importantes corredores de exportação da produção agrícola do Estado. Veja, a seguir, uma amostra da situação em algumas das vias, no conteúdo que dá início à série “Caminhos do Desenvolvimento”.

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RSC-287: más condições e filas

Atualmente administrada pela Rota de Santa Maria, concessionária do grupo espanhol Sacyr, a RSC-287 é considerada a principal rodovia do Vale do Rio Pardo. Ela é um importante elo da região com Porto Alegre e também com o Centro do Estado. Por meio dos diversos canais de contato com a comunidade, a Gazeta recebe críticas de usuários da RSC-287 sobre os trabalhos em andamento na estrada e os transtornos trazidos por eles, como longas filas de congestionamento causadas pelo pare e siga das obras.

A Rota de Santa Maria é responsável pela concessão dos 204 quilômetros entre Tabaí e Santa Maria. Em junho, a Secretaria Estadual de Parcerias e Concessões realizou duas vistorias em todo o trecho concedido. Foram identificadas 57 situações.

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Em 12 de junho, foram apontados 43 problemas na estrada e, no dia 19, localizados mais 14 pontos com necessidade de correções. As situações mais comuns apontadas pela fiscalização envolvem abaulamentos – inclinações indevidas no pavimento –, depressões no asfalto e trincas na pista. Nesse caso, foram identificados 26 locais com necessidade de reparos, principalmente entre os quilômetros 134 e 231, em Candelária, Novo Cabrais, Paraíso do Sul, Restinga Seca e Santa Maria.

Aparecem, em segundo lugar, buracos que se formam em pontos onde houve degradação da camada de asfalto. Foram 21 situações nos trechos de Tabaí, Taquari, Novo Cabrais, Paraíso do Sul, Restinga Seca e Santa Maria.

Filas causadas por sistema de pare e siga na RSC-287 foram motivo de reclamações | Foto: Albus Produtora

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RSC-471: riscos que aumentam

Outra importante rodovia do Vale do Rio Pardo que está em condições precárias de conservação é a RSC-471, com destaque para o trecho entre Encruzilhada do Sul e Canguçu. A estrada é a principal ligação entre a região central do Estado e o Porto de Rio Grande, como contou o repórter Iuri Fardin em reportagem publicada no dia 23 de junho na Gazeta do Sul. Os problemas são diversos e vão desde sinalização apagada ou inexistente até a ausência de acostamento e falta de roçada. Os buracos – ou crateras –, no entanto, são o principal perigo enfrentado pelos motoristas.

O trecho entre Pantano Grande e Encruzilhada do Sul, apesar de oferecer os mesmos transtornos, como falta de placas, pinturas no asfalto apagadas e mato invadindo as laterais da pista, está com o pavimento em condição razoável. Apesar dos buracos, alguns com profundidade considerável, e dos remendos, é possível dirigir com mais segurança. Entretanto, os riscos aumentam após Encruzilhada, no trajeto até a ligação com a BR-392, em Canguçu.

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É possível visualizar partes do asfalto onde consertos foram feitos, e alguns buracos chegam a ter mais de um metro de comprimento e profundidade superior a 30 centímetros. Após chuvas intensas, a água empoçada serve como camuflagem e torna arriscadas as manobras para desviar. No entorno, marcas de freadas, retalhos de pneus, calotas e pedaços de para-lamas mostram que muitas já foram as vítimas da falta de manutenção da 471.

Crateras causam muitos transtornos e até risco para a vida de usuários da RSC-471 | Foto: Albus Produtora

RSC-153: buraqueira sem fim

A situação precária da RSC-153 é registrada há anos, principalmente no trecho entre Herveiras e Barros Cassal, que tem buracos de aproximadamente 20 centímetros em vários pontos. São diversos os riscos para os usuários. Em dias de chuva e neblina, a situação é ainda mais perigosa.

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A comissão Avante 153, formada por líderes de Herveiras, Barros Cassal, Gramado Xavier, Sinimbu, Vera Cruz e Santa Cruz, tem feito reuniões e audiências com o objetivo de mobilizar autoridades para a recuperação da rodovia.

No dia 23 de junho, moradores de municípios próximos à estrada e integrantes da comissão Avante 153 fizeram um protesto na localidade de Pinhal São Francisco, no interior de Gramado Xavier. Eles pediam por recapeamento, melhora na sinalização, limpeza das margens, conserto nas cabeceiras das pontes e manutenção periódica.

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Em junho, moradores e comissão Avante 153 realizaram uma manifestação | Foto: Rafaelly Machado

ERS-403: 30 anos de espera 

A estrada que liga Rio Pardo a Cachoeira do Sul é, sem dúvida, uma das maiores esperas da região. A comunidade aguarda há mais de 30 anos pelo asfalto nos 62 quilômetros de extensão, mas ainda não há sinais de que os trabalhos serão finalizados em breve.

Em reportagem publicada na Gazeta do Sul em 28 de abril, a repórter Lavignea Witt relatou a situação atual da estrada. “Além dos desníveis e buracos, a via está com muito barro por causa da chuva desta semana. Alguns motoristas arriscam manobras perigosas, entrando na contramão para desviar dos obstáculos, o que torna o tráfego inseguro”, descreveu.

LEIA MAIS: Situação precária da ERS-403 causa transtornos para usuários e moradores

Em fevereiro de 2022, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, esteve no trecho da rodovia, no município de Cachoeira do Sul. Ele afirmou que a expectativa era concluir a pavimentação ainda durante o ano, o que não se concretizou.

Comunidade aguarda há 30 anos por asfalto entre Rio Pardo e Cachoeira do Sul | Foto: Bruno Pedry

BR-290: e a duplicação?

A BR-290 tem aproximadamente 630 quilômetros de extensão entre Porto Alegre e Uruguaiana, passando pelo Vale do Rio Pardo, nos municípios de Rio Pardo e Pantano Grande. A rodovia é considerada o principal acesso dos países do Mercosul ao Brasil, mas apresenta buracos e sinalização precária. Marcada por pista simples, muitas vezes sem acostamento, a duplicação da estrada começou em 2015; no entanto, as obras foram paralisadas um ano depois, retornando em 2017.

LEIA MAIS: Expectativa do governador era concluir pavimentação da ERS-403 ainda em 2022

Neste ano, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que tem disponíveis R$ 170 milhões para investir na obra. O Dnit prevê a entrega da duplicação de cerca de 14 quilômetros do lote 4 (no entorno de Pantano Grande) até o fim de 2023. O restante do lote 4 e o lote 3 – pouco mais de 56 quilômetros, que ligam a cidade de Butiá a Pantano – devem ser concluídos em 2024. A informação foi repassada pelo Dnit na última segunda-feira, 3, no encontro da Frente Parlamentar pela Duplicação da BR-290.

Viaduto localizado em Pantano Grande faz parte das obras de duplicação da 290 | Foto: Rafaelly Machado/Banco de Imagens

Compromisso com a região

Ao longo de seus 78 anos, a Gazeta do Sul e, posteriormente, as demais plataformas de produção de conteúdo da Gazeta engajaram-se em campanhas e projetos em busca de melhorias na infraestrutura regional. Como recorda o gestor de Conteúdo Multimídia, Romar Rudolfo Beling, não raro a Gazeta foi a proponente de tais ações, liderando a comunidade ou a ela se irmanando, até a concretização daquela aspiração. Entre as demandas recorrentes, estão as condições de estradas e rodovias, o que significa potencial para transporte das riquezas e para mobilidade.

LEIA MAIS: Dnit prevê novo ritmo na duplicação da BR-290; veja as etapas

A série que a Gazeta inaugura filia-se, conforme Beling, a esse histórico de envolvimento e engajamento que a empresa sempre apresentou. “Em esforço multimídia, vamos mapear a fundo as deficiências persistentes no sistema viário, as perspectivas de solução de ao menos parcela delas, e, principalmente, a determinação das instâncias públicas e privadas de promover cenário que se traduza em eliminação dos obstáculos que atravancam ou emperram a socioeconomia, que ameaçam a segurança e limitam a plena qualidade de vida da população regional”, afirma.

Entrevista – Heron Begnis, professor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), economista e doutor em Agronegócios

  • Gazeta do Sul – Qual a importância das rodovias que passam pelo Vale do Rio Pardo para a economia e para o desenvolvimento regional?
    Heron Begnis – O fluxo de mercadorias é fundamental para o desenvolvimento, uma vez que é a logística que conecta a produção e o consumo. Isso significa que, na inexistência de um sistema logístico eficiente, há dificuldade de atração de investimentos na produção de bens e geração de serviços. Localidades sem conexão rodoviária com os centros de produção e consumo acabam se isolando e apresentam atraso relativo frente àquelas que têm maior infraestrutura logística.
  • Por que algumas estradas, como as RSCs 153 e 471, são chamadas de “corredores de exportação”? O que isso significa?
    Essas rodovias são importantes porque estabelecem a ligação das principais regiões exportadoras da produção do agronegócio gaúcho com o Porto de Rio Grande. Especialmente a produção de soja do Noroeste do Estado depende dessas duas rodovias.
  • Quais impactos negativos o desenvolvimento da região pode ter com a precarização das estradas?
    Sistemas logísticos menos eficientes prejudicam a competitividade das regiões, elevando os custos de operação dos agentes econômicos. A estrutura logística brasileira, por conta das políticas públicas de incentivo ao setor automotivo, tornou-se altamente dependente do modal de transporte rodoviário – inclusive para o escoamento da produção do agronegócio que domina as exportações gaúchas e brasileiras. Essa dependência do transporte rodoviário, muitas vezes por rodovias de pista simples, de pavimentação degradada e com a cobrança de pedágio, encarece as operações logísticas.
  • Na sua percepção, o que ainda é necessário nas estradas da região para impulsionar o crescimento econômico?
    É necessário urgentemente reduzir o tempo e os custos do transporte, além de obviamente melhorar as condições de segurança. Isso significa rodovias em condições adequadas ao tráfego, com o reparo da pista de rolagem e da sinalização de forma imediata e em dias e horários que minimizem a necessidade de interrupção do tráfego. Além disso, é necessário um planejamento da estrutura logística de todo o Rio Grande do Sul, por exemplo, verificando a viabilidade de restabelecer a ligação ferroviária entre as regiões produtoras de grãos e as vias de exportação, sobretudo com o Porto de Rio Grande. Essa é uma alternativa que reduziria os custos de transporte de grãos para a exportação e teria como efeito residual uma menor pressão sobre as rodovias RSC-153 e a RSC-471.

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