A informação sobre a abertura da frente parlamentar para assuntos náuticos na Assembleia Legislativa gaúcha para debater, entre outros aspectos, a possibilidade de instalação do Porto de Rio Pardo fez lembrar de diversos projetos e obras sem fim na região. São aquelas ações que volta e meia são comparadas com novelas mexicanas. Nem sei o motivo, mas deve ser porque a novela de maior duração até hoje teve incríveis 760 capítulos. Mas há vários projetos por aqui que já se estendem por bem mais que isso e sem perspectiva do capítulo final. Aliás, se juntássemos todos, faltaria horário na grade de programação para capítulos diários.
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A construção do Porto de Rio Pardo, por exemplo, lembro de ouvir falar desde que cheguei em Santa Cruz do Sul, no início dos anos 90. Na época que Matheus Schmidt foi secretário estadual dos Transportes, no governo de Alceu Colares, houve até um passeio com o barco Cisne Branco a partir de Cachoeira do Sul até Porto Alegre para mostrar o potencial de navegação do Rio Jacuí e as vantagens do transporte fluvial. Depois, quando a antiga Riocell Celulose anunciou o plano de expansão da fábrica em Guaíba, incluiu nos investimentos previstos a construção de um terminal fluvial em Rio Pardo.
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Ainda na Cidade Histórica, há a famosa ERS-403, que vai até Cachoeira do Sul, e cujas obras de asfaltamento jamais terminam. Aliás, o serviço segue sem perspectiva de conclusão e os primeiros trechos pavimentados já tiveram que passar por trabalhos de recuperação. Rio Pardo tem outros planos adormecidos. A antiga Estação Férrea do Centro da cidade sucumbe em meio ao abandono. Até os fantasmas que por lá se alojavam não resistiram ao incêndio no início de abril de 2020, que deixou de pé praticamente apenas as paredes externas. Da mesma forma, não se sabe até quando ficará de pé o majestoso prédio de muitas histórias no passado da antiga Prefeitura, na esquina das ruas Andrade Neves e Ladeira.
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A ERS-403 não é a única estrada da região de intermináveis capítulos na história para o asfaltamento. A ERS-422, entre Venâncio Aires e Barros Cassal, até já teve movimento chamado “Sem asfalto não há voto”. E o complemento da ERS-244, entre Venâncio Aires e Vale Verde, ficou mais de duas décadas com três pontes sem que ninguém pudesse passar sobre elas por falta de aterro, mas o trecho de 16 quilômetros ainda espera pela pavimentação. Da mesma forma, seguem sem perspectiva de um dia haver a conclusão do asfalto da ERS-410 (Candelária – Bexiga), e dos acessos a Lagoão e Tunas.
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Algumas novelas são mais recentes, mas também sem perspectiva sobre quando haverá o último capítulo, como a recuperação da locomotiva na Praça Siegried Heuser (da Estação Férrea), a inauguração do restaurante panorâmico do Parque da Cruz, o destino do prédio do antigo Fórum e a construção do novo prédio da Escola Estadual José Mânica, todos em Santa Cruz do Sul. Também segue apenas no sonho (ou pesadelo, para alguns) a construção das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) ao longo do Rio Pardo e a implantação do parque paleontológico, em Pinheiro, no município de Candelária.
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São apenas alguns exemplos de projetos com os quais um dia a população da região sonhou, mas hoje a possibilidade de virarem realidade se resume ao ditado de São Tomé: só vendo para crer. Algumas iniciativas não prosperam por … falta de iniciativa. Cada uma tem uma história de motivos pelos quais as obras não vão para frente, mas que, no final, se resumem à falta de planejamento, um dos principais sintomas da administração deficiente. Apenas no ano passado, em todo o Brasil, havia mais de 14 mil obras públicas inacabadas, por falta de dinheiro, falhas de projeto e omissão política, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU).
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