Do pesadelo à redenção, uma década. Se em 2013, ano do centenário, o Futebol Clube Santa Cruz foi rebaixado para a série A2 – após 15 anos na elite –, em 2023, quando completa 110 anos de história, o Galo caminha a passos firmes no objetivo de retornar à primeira divisão do Campeonato Gaúcho. Mas antes de falar do presente, quero fazer uma rápida retomada desses dez anos.
Embora me encaminhasse para o fim do curso de Jornalismo, em 2013 fui um espectador, apenas, daquela campanha. Não quero aqui minimizar o papel de quem torce ou acompanha à distância o futebol, refiro somente que não estava atuando na cobertura esportiva naquela ocasião. Minha trajetória na Gazeta iniciou em 2014. Daquele ano em diante, passei a acompanhar mais de perto a sofrida trajetória da tradicional camisa alvinegra, que teve o ápice negativo em 5 de maio de 2018, data do descenso para a terceira divisão.
O fundo do poço
Lembro com nitidez daquele jogo no Estádio Sílvio Corrêa, em São Gabriel. Nos bastidores, conversando com jogadores, comissão técnica e direção, era nítido o sentimento de frustração. A crise financeira era evidente. Recordo do círculo do grupo no gramado antes da partida, a oração dos atletas. Entretanto, repetiu-se em campo o que era a tônica da temporada: a equipe da casa venceu por 4 a 1 um Galo que não havia vencido uma partida sequer na competição. Foram sete empates e sete derrotas. Uma campanha extremamente dolorida para a torcida, dirigentes, comissão técnica e jogadores.
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Uma luz no fim do túnel
Em 2019, primeiro ano de disputa da segundona gaúcha, eu ainda não era o setorista do Santa Cruz. Figurava já no grupo de repórteres esportivos da rádio, mas por causa dos compromissos com apresentação de programas na Rádio Gazeta 107,9 FM, nunca havia ficado responsável por acompanhar o dia a dia de treinamentos e os bastidores do clube. Cobrindo somente alguns jogos, acompanhei um pouco afastado a campanha mediana do carijó na competição. Entretanto, dava para perceber que o momento era, sobretudo, de reorganização financeira. Tiago Rech, figura simbólica no Galo, o “torcedor solitário”, voltava à presidência do clube. O time classificou-se na quarta posição do grupo B e caiu nas quartas de final para o Guarani de Bagé.
Em 2020, a pandemia de Covid-19 inviabilizou a realização da série B, mas a ressurreição do Galo vencedor iniciou na Copa FGF, no apagar das luzes do ano. Sob o comando técnico de William Campos, a equipe fez uma campanha sólida na Copinha, classificou na segunda posição do grupo, passou pelo Inter de Santa Maria na semifinal e conquistou o título de forma magistral sobre o São José. Após grande vitória por 3 a 1 nos Plátanos, a derrota pelo mesmo placar, no tempo normal no Passo da Areia e, nos pênaltis, por 4 a 3, a grande conquista. Rodrigo Vianna e Adriano Júnior contaram com extrema competência aquele jogo emocionante para nossa audiência.
A confiança estava de volta e esse era o sentimento de todos para a campanha da série B em 2021. Sem falsa modéstia, o Santa Cruz sobrou na competição. Invicto até a final contra o Gaúcho de Passo Fundo, o Galo conquistou o título e credenciou a participação na Divisão de Acesso do ano seguinte.
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Pulo logo para 2022, pois foi na temporada passada que intensifiquei meu trabalho ligado à cobertura do FC Santa Cruz. De forma quase diária, comecei a frequentar o Estádio dos Plátanos e preciso ressaltar o tratamento sempre atencioso e cordial de cada um que por ali circula. Funcionários, comissão técnica, jogadores e dirigentes. Do presidente Miguel Schuch ao zelador Batista, sempre sobrou gentileza. Bons resultados não ocorrem à toa. Em geral, são fruto de trabalho sério e comprometimento.
Em campo, apesar de ter um time qualificado e uma campanha formidável na fase classificatória, a decepção pela queda ocorreu no primeiro mata-mata, para o Esportivo de Bento Gonçalves. Aliás, a equipe da Serra Gaúcha sagrou-se campeã da competição. Sonho adiado e decepção intensificada para o torcedor alvi-negro, pelo fato de o arquirrival Avenida ter conquistado também o acesso.
Após a desclassificação e o fim do ciclo do técnico William Campos, algo positivo logo me chamou a atenção. O trabalho de antecipação do núcleo do futebol, capitaneado pelo presidente Miguel, o vice Lairton Falcão dos Reis e o gerente Serginho, com o anúncio, ainda em setembro do ano passado, do técnico Daniel Franco. Esse fato foi um demonstrativo de que a direção não estava para brincadeira e buscaria o acesso em 2023. Com isso, o treinador teve tempo para participar da montagem de elenco e os resultados estão sendo colhidos. Invicto, com seis vitórias e cinco empates em 11 jogos, o Galo está classificado às quartas de final com três rodadas de antecedência. E melhor, o time ainda demonstra que tem potencial de evolução para a sequência.
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Na madrugada deste domingo, 2, Mateus Machado, André Guedes, Éder Soares e eu partimos para contar mais um capítulo da caminhada do Santa Cruz em busca do acesso. Mais um encontro com o Estádio Sílvio Corrêa, palco da melancólica queda em 2018. O contexto é outro, a confiança é outra e que Deus nos leve e traga em segurança para casa. Contar mais uma vitória carijó por lá será uma satisfação tremenda. Como diria o Vianna, faltam nove jogos para vermos o Galo na elite do futebol gaúcho. Que assim seja!
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