De forma crescente, o olhar dos intelectuais e dos artistas volta-se para a dura realidade das mudanças climáticas e ambientais no planeta. A não ser aos inconsequentes (quase kamikazes em um mundo à deriva), a nenhum ser humano consciente de suas ações pode escapar o que os mandos e desmandos da sociedade estão provocando sobre o ecossistema. E uma das vozes que se levantam nesse coro de alerta é a do escritor indiano Amitav Ghosh, multipremiado e um dos mais criativos e respeitados autores da Ásia na atualidade.

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E Amitav sabe do que fala. Afinal, nasceu em Calcutá, essa megalópole de 15 milhões de habitantes. Aos 66 anos, acaba de lançar o impactante O grande desatino: mudanças climáticas e o improvável, que chegou às livrarias brasileiras sob o selo da editora paulista Quina, em tradução de Renato Prelorentzou, com 213 páginas, a R$ 65,00. Vários dos romances magistrais de Amitav estão disponíveis por aqui, a exemplo de Maré voraz, Mar de papoulas, Rio de fumaça e O palácio do espelho.

O recado de Ghosh é direto: o mundo não vai mudar; já mudou. E frisa que, enquanto se continua na teoria, na prática o limite foi ultrapassado. Trata-se não de atmosfera, mas de peso: peso humano, no caso. Hoje, dois terços da humanidade estão na Ásia, e o peso de dois terços da população grudados e uma área do planeta (como pulgas em um animal) simplesmente mudaram até o eixo de rotação do planeta. As decorrências dessa alteração? Já estamos sentindo.

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