A Guarda Costeira dos Estados Unidos informou nessa quinta-feira, 22, que o Titan, o submersível que levava cinco pessoas para visitar os destroços do Titanic, implodiu em virtude da “catastrófica perda de pressão interna na cabine”. Agora, as autoridades tentam determinar o que causou tal incidente, já que uma implosão subaquática ocorre quando uma embarcação não funciona em perfeito estado.
Um amigo de longa data de uma das cinco pessoas que estava no submersível, disse à mídia francesa que, quando o contato foi perdido no domingo, 18, ele rapidamente temeu o pior. “Infelizmente, pensei logo em uma implosão”, disse o mergulhador aposentado Christian Pétron nesta sexta-feira, 23, à emissora France-Info. Nas profundidades em que o submersível estava operando, a pressão é intensa e implacável, observou ele. “Obviamente, ao menor problema com o casco, sua implosão é imediata”, disse Pétron.
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Uma implosão é um tipo de fenômeno de choque causado pela diferença das pressões externa e interna de um compartimento. As forças tentam encontrar um equilíbrio entre essas diferentes pressões, o que acaba comprimindo o compartimento. No caso de uma explosão, os destroços são lançados para longe. Mas em uma implosão, as forças fazem com que esse corpo, neste caso, o submersível, colapse em direção ao centro.
A tecnologia da implosão é utilizada para demolir prédios antigos ou arranha-céus, para fazer com que as estruturas desmoronem, sem afetar outras edificações próximas. Esse método também foi utilizado para o Projeto Manhattan, criado pelos EUA durante a Segunda Guerra Mundial, para construir as primeiras bombas atômicas da história, conforme exemplifica um artigo publicado em 2020 na revista científica Science Direct, que analisou a implosão do submarino argentino ARA San Juan S-42, cujo acidente ocorreu em 2017 nas águas entre Ushuaia e Mar del Plata.
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Nesse episódio, o submarino da Marinha Argentina, que estava em patrulha na costa do Atlântico Sul da Argentina, em novembro de 2017, foi dado como desaparecido, deixando 44 tripulantes mortos. Em 16 de novembro de 2018, um ano após a perda do ARA San Juan, um submersível remoto operado pelo navio norueguês Seabed Constructor encontrou os destroços do ARA San Juan a cerca de 900 metros abaixo do nível do mar, concluindo que a embarcação havia sofrido uma implosão.
Implosão subaquática
Segundo os pesquisadores, uma implosão subaquática, em princípio, segue a mesma lógica da demolição de prédios ou das bombas, mas com ingrediente extra, que é a água como meio para que ele ocorra. “Quando um submarino não funciona bem e afunda a profundidades cada vez maiores, o aumento da pressão da água em função da profundidade da água exerce uma pressão hidrostática correspondente mais alta no casco externo do submarino”, descreve a pesquisa.
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Dessa forma, essa pressão pode acabar ultrapassando os limites da estrutura, e a implosão ocorre de uma maneira abrupta, em questão de milissegundos, e o casco do submarino é instantaneamente esmagado.
Embora a Guarda Costeira não tenha deixado claro em qual profundidade o Titan estava no momento em que ocorreu a implosão, sabe-se que os destroços do Titanic estão a quase quatro quilômetros abaixo da superfície do mar. Em tal profundidade dentro do oceano, a pressão pode ser centenas de vezes maior do que a da superfície, o que pode provocar a implosão.
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Para exemplificar como e por que isso acontece, o criador de conteúdo Iberê Thenório, do canal Manual do Mundo, fez um teste no mar com uma bexiga, uma garrafa PET e uma lata de tinta, em uma profundidade entre 15 a 20 metros. Durante o experimento, a bexiga e a garrafa PET foram comprimidas enquanto estavam se aproximando do fundo do mar, mas, ao voltar para a superfície, retornaram a sua forma. Já a lata de tinta foi comprimida pela pressão, mas não conseguiu retomar ao seu formato mesmo fora d’água.
Investigações continuam
A investigação sobre o que aconteceu com o Titan está em andamento ao redor do Titanic, onde foram encontrados destroços do submersível, disse o contra-almirante John Mauger, do Primeiro Distrito da Guarda Costeira. “Sei que também há muitas perguntas sobre como, por que e quando isso aconteceu. Essas são questões sobre as quais vamos coletar o máximo de informações que pudermos agora”, disse Mauger, acrescentando que foi um “caso complexo”.
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David Lochridge, ex-diretor de operações marítimas da OceanGate, argumentou em 2018 que o método que a empresa desenvolveu para garantir a solidez do casco – contando com monitoramento acústico que poderia detectar rachaduras e estalos quando o casco se esforçava sob pressão – era inadequado e poderia “sujeitar passageiros a perigo extremo potencial em um submersível experimental.”
A OceanGate discordou. Lochridge “não é um engenheiro e não foi contratado ou solicitado para realizar serviços de engenharia no Titan”, disse a empresa em comunicado. A companhia observou, ainda, que ele foi demitido depois de se recusar a aceitar garantias do engenheiro-chefe da empresa de que o monitoramento acústico e o protocolo de teste eram, em fato, mais adequado para detectar falhas do que um método proposto por Lochridge.
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