Nas últimas semanas, o engenheiro agrônomo Rafael Lucyk, 30 anos, e sua esposa, Diuli, 25, sentam-se no começo da noite na área externa de sua casa, no Bairro Bosques de Vila Tereza, em Vera Cruz, às margens da rodovia que liga a cidade à RSC-287, para aguardar uma visita inusitada. Enquanto tomam chimarrão, apreciam com alegria a chegada, bastante pontual, de uma atração: um tatu.
Já acostumado com a presença tanto do casal quanto das duas pinscher, Meg e Bebê, o animal passa ao lado deles, normalmente entre as 19 e as 20 horas, e vai direto ao local onde encontra água. Certamente com dificuldade para saciar a sede na natureza nos dias de estiagem, encontrou a solução no pátio dos Lucyk. E mais: além de beber, aproveita para saciar a fome. Primeiro devorava restos de alimentos dos cães. Agora, com a frequência diária das visitas, Rafael já se encarrega de preparar algo que possa se ajustar à dieta dessa espécie. A sua experiência de agrônomo ajuda. “Umedeço pão no leite, cozinho arroz sem sal, ou ainda uma espiga de milho”, explica.
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A primeira vez em que o viram foi há umas quatro semanas. Rafael e Diuli ouviram Meg e Bebê invocadas com alguma coisa, latindo nos fundos do terreno, que, embora não seja extenso, tem preservado um bosque com árvores de várias espécies, bem como em suas laterais. “No início, não chegamos a dar muita bola, mas um dia ele se deixou ver. E logo foi até a água. Nas vezes seguintes foi ficando cada vez menos arrisco”, comenta Rafael. Instruídas a não latir nem atacar o animal, até as cachorras pinscher agora assistem tranquilas à aparição do bicho, que cruza sem cerimônias perto de onde o casal e as cachorrinhas ficam (ao lado ainda de Kyarah, a gata de Diuli).
“Isso me deixa muito satisfeito, pois sempre gostei do contato com a natureza”, frisa Rafael, que é filho de pequenos agricultores, nascido na cidade de Paula Freitas, no Paraná. Por lá ainda residem seus pais e seus quatro irmãos, dois homens e duas mulheres. Há oito anos, formado pelo Centro Universitário Vale do Iguaçu (Uniguaçu), cuja sede fica em União da Vitória, veio atuar junto à empresa Japan Tobacco International, em Santa Cruz do Sul, e se fixou em Vera Cruz. Ali conheceu Diuli, com quem se casou, indo ambos morar a cerca de um quilômetro da cidade.
Nesse ambiente, acolher e alimentar o tatu tornou-se divertida tarefa diária. Até apelido ele ganhou: Cascudo. E Rafael enfatiza que, junto à natureza, não é o único animal a aparecer. “Já vimos lagarto, e muitos pássaros vêm nos visitar”, assegura. A presença diária do tatu, avalia, está diretamente relacionada com a falta de água, e, por extensão, também de alimentos na natureza, em virtude da persistente seca.
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