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Data para lembrar de Luiz Sérgio Metz

Luiz Sérgio Metz (Jacaré) e a égua Zaina | Foto: Arquivo pessoal de Tau Golin

Este sábado, 3, permite aos gaúchos, a todos os que amam a melhor literatura e a cultura, relembrar de um ícone: o jornalista, escritor e compositor Luiz Sérgio Metz, carinhosamente chamado de Jacaré. Nesta data, ele faria 71 anos. Nascido em 1952, em Santo Ângelo, de lá saiu para estudar jornalismo em Santa Maria, e posteriormente fixou-se em Porto Alegre. Na Capital, conviveu com expoentes das artes, e de alguns deles tornou-se parceiro em feitos memoráveis. Exemplo é o letrista do grupo Tambo do Bando.

Morreu no auge da energia criativa, aos 44 anos, em 20 de junho de 1996, vitimado por um câncer. No ano anterior, havia surpreendido a cena literária com um romance que já nasceu com foros de clássico: Assim na terra, lançado pela Artes & Ofícios, com 160 páginas. A narrativa está centrada na jornada do protagonista pelo pampa gaúcho, em viagem de autoconhecimento. É possível encontrar exemplares de uma segunda edição, viabilizada pela CosacNaify, em 2014, esta com 224 páginas.

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Entre as grandes amizades de Jacaré podem ser mencionados os jornalistas Luís Augusto Fischer, professor da Ufrgs, e Tau Golin, docente da Universidade de Passo Fundo (UPF). O Portal Gaz convidou ambos a elaborarem textos sobre Metz: Tau enviou um poema, e Fischer um depoimento. Tau, em especial, viveu uma aventura inesquecível na companhia de Metz e de Pedro Luiz da Silveira Osório. Em 1980, os três fizeram a cavalo o percurso entre Santa Maria e Jaguarão, cruzando a paisagem do pampa. Venceram 600 quilômetros em 13 dias. Em 2006, essa viagem foi eternizada no livro Terra adentro, lançado pela Editora Arquipélago, e viabilizado por empenho direto de Fischer.

Em 1980, três amigos jornalistas saíram em cavalgada pelo pampa, viagem narrada no livro Terra adentro, de 2006 | Foto: Arquivo Pessoal de Tau Golin

Che Guevara e Sérgio Jacaré

14 de junho balas assassinas
Não deram direito ao prisioneiro.
Che Guevara, o executado!
Bolívia sangrava na selva,
Lágrimas rebeldes pelo mundo.
20 de junho, o câncer traiçoeiro
Alojado na intimidade guerreira
Do tuxaua das Missões indígenas
Escreveu na lápide Sérgio Jacaré,
Prenome Luiz, sobrenome Metz.
Junho da memória, da tristeza,
Malhada na melancolia do frio.

Eu tive estrelas boeiras humanas
E camaradas que já me deixaram.

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Tau Golin

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Convite a uma viagem

Tive o privilégio de conviver diariamente, por uns 3 anos, com um grande artista. Ele se chama Luiz Sérgio Metz, mas ficou conhecido pelo apelido, Jacaré, ou Jaca. Morreu em 1996, aos 44 anos, tendo tido tempo de publicar pouca coisa – mas que lindas coisas foram essas!
Jornalista de formação, escreveu muita coisa avulsa que anda por aí, talvez para nunca mais ser reconhecida. Mas teve tempo de produzir três livros individuais: os contos de O primeiro e o segundo homem, a imaginativa biografia de um poeta gaúcho de alta mas difícil qualidade, Aureliano de Figueiredo Pinto, e uma joia inesquecível, a novela Assim na terra (com uma luxuosa segunda edição pela finada CosacNaify).
Dá pra imaginar que, não tivesse sido levado pela fatalidade, teria tido possibilidades imensas de nos brindar com muito mais. Pelo tanto de criativo e inquieto que ele era, bá, ia ser uma beleza. Mas convido o leitor a experimentar o que existe: permita-se a beleza estranha de ler sua novela.
Assim na terra é uma jornada no espaço – um sujeito está andando a pé pelo interior do Rio Grande, sem rumo claro, até que encontra um sujeito que o convida a visitar sua fazenda, onde o narrador vai passar uma temporada, até que os dois saem a cavalo rumo ao sul. Mas é também uma viagem pela linguagem: as frases são acúmulos de imagens, de sons, de alusões, num contínuo marcado por dúvidas filosóficas e certezas humanas. O leitor sai, na ponta final desse novelo, muito mais rico do que havia entrado.

Luís Augusto Fischer
Luiz Sérgio Metz, o Jacaré, faleceu em 1996 | Foto: Arquivo Pessoal de Tau Golin

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