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CULTURA

A liberdade sob vários ângulos; Marli Silveira lança novo livro

Marli Silveira

Uma reflexão sobre a noção ou o sentimento de liberdade em situações-limite. Esse é o mote do novo livro que a escritora santa-cruzense Marli Silveira apresentou neste sábado, com sessão de autógrafos na Casa das Artes Regina Simonis, no centro de Santa Cruz do Sul. O lançamento integrou uma série de atividades que envolveu ainda reunião do grupo Leia Mulheres, idealizado por Ana Martins, Luana Ciecelski e Rosiana Kist. O clube que elas coordenam debateu, o romance A redoma de vidro, de Sylvia Plath.

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É em sequência a esse debate que Marli explanou seu novo trabalho, Cartas de liberdades, em 154 páginas, que chega sob o selo da editora Bestiário, de Porto Alegre. Exemplares estarão à venda no local ao preço de referência de R$ 50,00. Como Marli explicou em entrevista à Gazeta do Sul, as cartas mencionadas no título são, efetivamente, correspondências que ela própria trocou, entre fevereiro e dezembro de 2022, com um detento do Presídio Estadual de São Borja.

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Ela chegou a esse interlocutor a partir de ação desenvolvida pelo projeto Autor Presente, então realizada de forma virtual. Em live, ela proferiu palestra e conversou com detentos daquele presídio, que participavam de um grupo de leitura. A partir dessa atividade, Marli manifestara junto à psicóloga Rudiane Ferrari Wurfel, mediadora do contato e que atua naquela instituição, que ela teria interesse em estabelecer uma interlocução, em troca de cartas, por e-mail, com algum detento interessado em refletir sobre a sua situação, e em especial sobre o que compreenderia por liberdade em uma realidade de total cerceamento dela.

Um dos presos, de 49 anos, aceitou ser esse interlocutor, e assim, periodicamente, trocaram cartas, em média de três por mês. No livro, constam na íntegra. Os e-mails eram enviados por Marli a Rudiane, que os imprimia, repassava ao apenado, que lia e respondia, escrevendo à mão, para que o texto fosse digitado e enviado à escritora. Ela mantém o nome do detento em sigilo, mas enfatiza que ao final do livro ele se identifica. É uma pessoa que cumpre pena há 11 anos e, por conta de outros trabalhos que desenvolve junto ao presídio, está em processo de remissão de pena. Dessa forma, inclusive, em breve deve obter a liberdade condicional.

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Marli explica seu propósito: “Nos últimos anos, tenho procurado compreender, tematizar as experiências-limite, que seria também, segundo penso, o caso da privação da liberdade. O que as experiências-limite, ou seja, de finitude, podem explicitar do nosso modo de ser”, frisa. “A privação de liberdade, sendo uma experiência fundamental, poderia nos ajudar a compreender aspectos da condição humana, de modo especial, evocar uma experiência de liberdade que chamaria de existencial.”

A experiência-limite de estar preso

Cartas de liberdades (assim, com o plural remetendo a possíveis liberdades que podem ser experimentadas inclusive em diferentes tipos de situações-limites) amplia a produção literária de Marli Silveira, que foi eleita e empossada na Academia Rio-grandense de Letras. Mestre em Filosofia, doutora em Educação e em meio a pós-doutorado em Letras na Unisc, Marli já é autora de mais de 30 obras. Há poucos dias, um conto seu integrou a antologia A manhã vai chegar, da Academia de Letras de Santa Cruz do Sul.

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O novo livro, traz um texto de autoria do escritor Luiz Antonio de Assis Brasil. Para o autor do romance Videiras de cristal e professor universitário, mestre de uma prestigiosa oficina de Criação Literária, “a leitura dessas cartas, comoventes, leva-nos a realidades que não correspondem à nossa previsão. Com essa surpresa, é o leitor que sairá ganhando em conhecimento, sim, mas, muito mais do que isso, em humanidade“.

Capa do livro lançado neste sábado

Marli faz uma advertência: “A aproximação com uma situação concreta, como é o caso desdobrado pelas cartas, não tem como propósito deslegitimar discussões fundamentais no contexto brasileiro, como a política de encarceramento, talvez pudéssemos dizer, projeto de encarceramento. (…) Também não visamos romantizar a concretude da experiência da reclusão. Sim, podemos nos perguntar se somos livres (quem não está preso), ou o que é a liberdade? Podemos discutir conceitos de liberdade e o próprio tema da natureza humana. Contudo, estar preso é absolutamente diverso de estar solto“.

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