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ROMEU NEUMANN

Um canteiro de obras. E desafios

Leio na Gazeta e ouço no rádio que Santa Cruz do Sul está transformada num canteiro de obras. São muitas, devo concordar, em diferentes áreas, segmentos, setores diversos.

Temos sido privilegiados por administrações que se preocupam com o bem-estar das pessoas. Está tudo perfeito? Claro que não. Nem a prefeita Helena, por mais que se esforce, afirmaria isso.

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Mas, vamos convencionar, a cidade está maravilhosa. Semanas atrás recebemos visita de um casal de São Paulo. A impressão que ouvi me encheu de orgulho: “Isso aqui é Europa”. Aliás, ouso remendar, a Europa que temos como parâmetro para quase tudo talvez nos inveje por um aspecto: a moldura verde, nativa e ainda preservada que enobrece e diferencia a nossa cidade.

O ator Nelson Freitas, durante as gravações do longa-metragem InfiniMundo no interior de Santa Cruz e em Sinimbu, igualmente nos presenteou com a sua percepção: “Esta cidade é um presépio”. Nunca tinha pensado sobre isso. Com uma palavra ele definiu o que por certo pensamos, mas não conseguimos dizer.
O que é um presépio? Um cenário que idealizamos, onde tudo é bonito, cheio de cor, de vida, pássaros nas árvores, animais pastando na relva, peixes se refestelando em águas cristalinas.

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Talvez Nelson Freitas até tenha exagerado quando complementou suas impressões. Mais ou menos nesses termos, disse que aqui tudo funciona, a cidade é limpa, organizada, os motoristas respeitam as faixas de segurança e as pessoas são bonitas.

Sim, nossa gente é bonita, a cidade é organizada, limpa (mais pelo esforço dos que zelam pela limpeza e são pagos para fazer isso do que pela conscientização das pessoas) e nós, motoristas, estamos evoluindo no respeito aos pedestres nas ruas.

Mas, para não dizer que (só) falei de flores, quero propor algumas reflexões. É verdade que a cidade está em ebulição. Vemos obras na pista lateral da BR-471, no novo Centro Administrativo, na conclusão, em breve, do Centro de Eventos, em melhorias de mobilidade em várias vias da cidade. E já temos projetos de modernização do Parque da Oktoberfest, de restauração do Quiosque da Praça e do interior da Catedral São João Batista.

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Mas há questões que ainda preocupam. A Rodoviária, por exemplo. Dias atrás estive lá, por volta de 9h30 da manhã. O que vi foi um deserto. Nada funciona, não tem quem informe alguma coisa, muito menos quem preste algum serviço.

Fui falar com um taxista (havia dois heróis lá para transportar não sei quem) e ele definiu a situação: “Aqui só estamos nós (os taxistas) e os passarinhos que se abrigam sob o telhado”.

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Todas as lojas estão fechadas, o restaurante também, e o setor de venda de passagens está confinado a um minúsculo espaço à frente dos banheiros. Minha cunhada precisou de 20 minutos para comprar uma passagem para Balneário Camboriú. Fiquei com vergonha. Pior: a previsão é que as obras no terminal sejam concluídas no segundo semestre, talvez no fim do ano.

Não faço ideia do prejuízo para a imagem de nossa cidade!

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Uma segunda questão: li sobre o projeto de restauração do espaço interno da nossa Catedral. Quero louvar a coragem e ousadia dos mentores dessa iniciativa. Não se trata de um espaço qualquer. É nossa principal referência turística, para bem dizer, um símbolo da cidade, sem a pretensão de subestimar outros referenciais.

Mas uma questão me aflige: além de corrigir desgastes na pintura, de renovar a rede elétrica e modernizar o sistema de iluminação, deveria se pensar na questão da acústica.

A nave central não reverbera a mensagem do celebrante, nem de seus ajudantes. A hora de executar qualquer intervenção é agora, antes do restauro e da pintura.

Pensem nisso: a Catedral acolhe, eleva o espírito, impressiona e inspira, mas acima da contemplação, ela precisa falar conosco, se fazer ouvir.

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