A colheita da noz-pecã no Vale do Rio Pardo avança e já entra na reta final da safra. A região alcançou neste ano cerca de 835 hectares cultivados com nogueiras em dez municípios, mas a Emater/RS-Ascar estima que no máximo 40% desse total esteja em produção. O destaque é Encruzilhada do Sul, com quase 493 hectares. No entanto, há plantio em outros nove municípios e também na região do Centro-Serra.
Conforme o extensionista rural Vivairo Zago, da Emater, o percentual colhido ronda os 90% do total até o momento. “Há variedades que são mais precoces e já estão prontas, enquanto outras são mais tardias e ainda devem levar alguns dias”, explica Zago. Assim como qualquer outro vegetal, as nogueiras cultivadas em áreas de sequeiro sofreram com a última estiagem, o que provocou rendimento abaixo do esperado. “O ideal são amêndoas com calibre maior, com pelo menos 50% do peso total da noz ou até um pouco mais. A tendência neste ano é que fique abaixo disso.”
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Ainda sobre as áreas, Zago ressalta que Rio Pardo, Pantano Grande, General Câmara e Encruzilhada do Sul são os que possuem os maiores pomares em função do investimento de empresas do setor. Já nos demais, a condução é feita por pequenos produtores. “Santa Cruz do Sul tem 40 hectares e são típicos de agricultura familiar ou pessoas que têm pequenas propriedades e separaram uma parte para essa cultura.”
Ao comentar a perspectiva para o desfecho desta safra, o especialista traz novamente as dificuldades impostas pela falta de chuva. Sendo o rendimento ideal 50% e considerando que muitos produtores não vão alcançá-lo, Zago afirma que o preço pago a eles será menor, pois está atrelado ao rendimento. “Vários fatores conjugados levaram a esse cenário, mas o resultado tende a não ser tão satisfatório como se esperava na primavera.” A estimativa de perdas varia de 40% a 50%.
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Para o futuro, o extensionista projeta pouco avanço em novas áreas, mas muitas já plantadas devem entrar em produção nos próximos anos. “Não temos mais de 40% do total plantado produzindo, e precisamos considerar que a árvore leva de oito a dez anos para alcançar a plena produção.”
Manejo não é simples, diz produtor
Pioneiro na atividade em Encruzilhada do Sul, o agricultor Leandro Souza garante que o dia a dia dos pomares de nogueiras não é tão simples e fácil como pode parecer. Em 2011, quando iniciou o plantio, ele buscava uma nova cultura para ocupar uma área na propriedade.
Entre as diversas opções que ganhavam notoriedade no município, como uvas, maçãs e olivas, optou pela noz-pecã, acreditando em uma suposta maior facilidade de manejo. “O pessoal que me vendeu o projeto dizia que era muito tranquilo de cuidar e seriam necessárias somente intervenções pontuais. Só que não foi nada disso”, conta.
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Não demorou muito para Souza se dar conta da mão de obra exigida, bem como os investimentos em equipamentos e insumos para garantir a sanidade dos vegetais. “Com o passar do tempo, a gente aprende que não se ganha dinheiro sem muito trabalho. Se alguém chegar com uma proposta dessas agora, eu já desconfio na hora.” Hoje, os 12 hectares de nogueiras já estão em plena produção. “Somente no ano passado eu consegui empatar as contas. Agora, em 2023, devo terminar no azul pela primeira vez.”
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Diante disso, ele reforça que a noz-pecã é uma cultura de longo prazo e é preciso ter fôlego financeiro nos primeiros anos. “Conheço várias pessoas que chegaram no meio do caminho e desistiram, venderam o pomar ou arrendaram para outra pessoa porque não conseguiram dar prosseguimento.”
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Acerca da comercialização, Leandro Souza comenta que a venda no mercado interno é feita para apenas cinco grandes empresas, tornando difícil a valorização. “O nosso maior problema é quando tem mais oferta do que procura, aí os compradores estipulam uma variação de preço e a gente fica refém.” Já a exportação dá os primeiros passos e foi realizada pela primeira vez no ano passado, mas também apresenta dificuldades, como a necessidade de um rendimento mínimo de 52% para gerar interesse nos clientes internacionais.
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