Desde quarta-feira passada, quem passa pela Rua São Gabriel, no Bairro Santo Inácio, nas proximidades da Avenida do Imigrante, logo avista um portão repleto de coloridas máscaras. De diversos tamanhos e modelos, são confeccionadas pela professora aposentada Virginia da Silva Marques, 70 anos, e buscam dar proteção a quem não tem condições para comprar. Ela conta que, desde que a pandemia se instaurou, buscou inspiração com o propósito de ajudar.
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“Sou um colibri tentando apagar um incêndio. Se cada um fizer um pouco, todos serão ajudados”, disse. “Por ser do grupo de risco, fiz máscaras para mim e para o meu marido. Fui no salão e, nesses bate-papos, a dona do estabelecimento me pediu para fazer máscaras para ela distribuir. Eu queria fazer um cabide solidário, mas por receio de aglomeração, decidimos não fazer. Assim comecei a maturar a ideia das máscaras.”
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Segundo Virginia, o incentivo para a confecção das máscaras veio do marido, Valdir Marques, de 71 anos, e também dos filhos, Rafael, 44, Eduardo, 42, e Leonardo, 39 anos. Mesmo distantes, eles mantêm contato por meio de conversas pelo grupo da família em um aplicativo de mensagens.
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“No primeiro dia não saiu nenhuma, fiquei triste. No segundo dia foram duas ou três. Já na sexta-feira, eu havia colocado mais oito. Pelo fim da tarde, quando fui fechar a porta da garagem (de frente para a rua), percebi que não havia mais nenhuma. Fiquei tão feliz, me enchi de alegria”, vibrou a educadora.
Para manter o varal de solidariedade e proteção, a aposentada precisa trabalhar duro. “Vou fazendo conforme as saídas. O importante é que, se um pegar, é um que já tem a proteção”, ressaltou. Desde quarta-feira até sábado pela tarde, quando a reportagem da Gazeta do Sul visitou a residência da habilidosa artesã, 20 máscaras já haviam sido recolhidas.
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“Tudo é feito com amor”
Com o fim da carreira no magistério, que durou 40 anos, Virginia da Silva Marques buscou inspirações para conter sua inquietude. Em conversas com a irmã e amigas, decidiu aprender sobre patchwork. “Comecei a bordar e fazer patchwork a partir disso. Também faço tricô, mas só para me distrair. Faço para dar de presente, para netos, filhos e amigos. Com essa pandemia, como eu queria ajudar, as máscaras foram uma alternativa. Eu reaproveito retalhos e tecidos de outras peças de artesanato que fiz para criar as máscaras. Tudo é feito com amor”, ressaltou.
Sentimento esse que ela tem multiplicado em forma de máscaras. “Já não tem que chega. Graças a Deus, o pessoal está pegando. Aquele pedaço que sobra de retalho dá uma, duas, até três. Estou ajudando dentro da minhas possibilidades. Afinal, há tantas pessoas fazendo belos trabalhos pelo bem dos outros, contra a Covid-19.”
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Para que esse amor não pare de ser multiplicado, a professora aposentada e artesã pede doação de elásticos. Quem quiser ajudar pode entrar em contato pelo telefone (51) 99163 8480.
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