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ENTREVISTA

A Feira do Livro de Santa Cruz do Sul vem aí!

Marô Barbieri foi a patrona da Feira do Livro de Santa Cruz, que ocorreu entre 5 e 14 de maio

Faltam menos de duas semanas para a abertura da 34a Feira do Livro de Santa Cruz do Sul. O evento, que terá por palco a Praça Getúlio Vargas, se estenderá de 5 a 14 de maio, com ampla programação envolvendo escritores, livreiros e leitores. O lançamento oficial ocorreu na última segunda-feira, na Casa das Artes Regina Simonis, com presença de organizadores, lideranças públicas e privadas e entusiastas do universo artístico e cultural.

A patrona da edição, a escritora Marô Barbieri, não esteve presente a essa solenidade. Mas estará, sim, na cerimônia de abertura, no dia 5, bem como em várias outras atividades na semana seguinte, em contatos com o público local e regional. Esta edição adota como slogan “Leitura, mãe do conhecimento”, e culmina justamente no domingo, 14 de maio, pleno Dia das Mães.

Ao longo desta semana, Marô concedeu entrevista ao Magazine, na qual comenta a expectativa da vinda a Santa Cruz do Sul, dentro de poucos dias, e envia um convite à população para que prestigie amplamente o evento. Ao mesmo tempo, ela brinda os leitores da Gazeta do Sul: selecionou um conto inédito, que compartilha em primeira mão na página 4 desta edição.
Assim, já é possível entrar no clima do principal evento voltado ao fomento à leitura no Vale do Rio Pardo. A feira é promoção da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e do Serviço Social do Comércio (Sesc).

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Entrevista com a patrona da 34ª Feira do Livro

Magazine – Faltam duas semanas para a abertura da Feira do Livro de Santa Cruz do Sul. Que mensagem a senhora envia aos leitores que já a aguardam na região?
Olá, queridos leitores e leitoras de Santa Cruz do Sul. Separem nesta semana da Feira do Livro um espaçozinho nas suas agendas para nos visitar, para dar uma passadinha na praça. Estaremos lá, autores, obras, editores, livreiros. Todo mundo vai estar lá à sua espera para que possamos fazer um contato, para que possamos dialogar, e conversar principalmente sobre este universo tão bonito que é o da imaginação, da fantasia, criado ou recriado através da palavra trabalhada, da palavra poética. Venham para estar junto conosco. Vai ser um prazer recebê-los!

Quais têm sido suas atividades recentes no universo da literatura? Houve viagens pelo Estado e pelo País?
Aqui no Brasil as coisas só começam depois do Carnaval. Estamos na metade de abril, e não deu muito tempo para participar de atividades. No entanto, tenho feito muita coisa virtualmente. Tenho feito oficinas de formação de mediadores de leitura. Junto com uma firma de produções culturais, a VR Produções, tenho feito trabalho bastante intenso no Paraná, atendendo várias cidades, até pequenas, que receberam a Estante de Histórias, e em que estou fazendo a formação dos mediadores. Além disso, agora a agenda em Porto Alegre começa a se movimentar. Estive em um painel na Biblioteca Pública, sobre as mulheres que receberam prêmio de mulheres empreendedoras aqui de Porto Alegre. De toda forma, há na agenda uma série de viagens programadas. Além disso, estou trabalhando para o lançamento de um livro novo, que, infelizmente, não ficará pronto para a feira daí.

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A senhora tem obra dirigida a público infantojuvenil. Em que medida a literatura pode contribuir para formar cidadãos mais voltados aos valores humanos?
A literatura não educa especificamente. A literatura e as narrativas literárias comentam a realidade e deixam a interpretação para o leitor. Este é que vai fazer a sua própria leitura daquilo que está sendo dito ou mostrado na narrativa. De toda forma, acho que o que vai passar na verdade é a ideologia do autor. Nenhum texto é inocente, todos carregam em si o modo de ver o mundo do autor, do seu autor. Acredito que isso, sim, seria um material que poderia ser aproveitado, na medida em que ele é compreendido, interpretado pelo leitor. Ele poderia constituir, sim, um material de espelhamento para o leitor. Mas acredito que não seja tarefa da literatura fazer esse tipo de intervenção.

Como a senhora vê esse momento de tensão e de angústia, com atentados e ameaças em tantos educandários?
Esse é um problema muito sério e profundo. Essa questão desse desequilíbrio psicológico, dessa agressividade demasiada, na verdade é produto da sociedade em que vivemos. A escola sempre foi um espelho da sociedade. Aliás, ela surgiu por conta de uma necessidade desta mesma sociedade. Então, se a escola está refletindo uma agressividade muito grande, como é o que acontece quando há essas intervenções, quando entra um ex-aluno ou uma pessoa desequilibrada, para descontar nas crianças, nos jovens ou nos seus colegas, toda a sua frustração de vida, me parece que isso não é só um problema da escola. Isso é um problema da sociedade de modo geral. Por um lado, as coisas estão sendo mais discutidas, acho que assuntos são abertos à discussão, assuntos que sempre incomodaram a sociedade: a questão do preconceito, nos mais diversos setores. Acho que o que está acontecendo é: se por um lado há liberdade de expressão, todos podem falar o que querem, por outro lado temos uma grande confusão. As pessoas dizem o que querem, mas não se responsabilizam pelo que dizem, ou não querem se responsabilizar.

E há ainda uma pressão constante sobre os professores…
Sim, o professor também está muito sobrecarregado. Parece que todos têm direitos, menos o professor. Se ele pegar no braço de uma criança, para simplesmente contê-la, porque sabemos que há crianças que têm dificuldades psíquicas e psicológicas muito fortes, esse professor de repente é interpelado pela família dizendo “como foste fazer uma coisa dessas, uma violência contra a criança“. E, no entanto, a sociedade quer que o professor seja mais assertivo, com mais autoridade. O autoritarismo nunca resolveu nada; a autoridade sim. E nós temos uma grande crise de autoridade.
Todos querem ser donos do seu nariz sem compreender que uma sociedade só pode funcionar bem se as pessoas aceitarem que existem as leis, que existem regras que precisam ser seguidas por todos. Nós achamos sempre que a lei foi feita para os outros, não para mim. Diria que é um problema complexo, profundo, da sociedade brasileira. E, de certo modo, estamos no mundo inteiro com as sociedades em crise.

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