Continuo preso na minha casa. Já estou sentindo o estresse causado pelo confinamento. Quero me acalmar com a situação. Esse sentimento de clausura me sufoca. Tenho vontade de me reunir com os amigos em um bar, tomar uma cerveja bem gelada e jogar conversa fora.
A minha empresa continua funcionando sem minha presença. Consegui criar os sucessores, um grande problema para as empresas familiares. Fico da retaguarda, aconselhando, quando necessário. Por um bom tempo fechados, também sentimos os efeitos da crise, porém, bem estruturados, conseguimos honrar todos os compromissos com os empregados e com as contas normais.
De manhã cedinho, dou minha caminhada no calçadão do Distrito Industrial. Paro o carro defronte ao Restaurante do Schera. Estava desolado, disse-me que antes do fechamento já estava difícil e agora ficou péssimo. Foram todas as suas reservas e ele teve de fazer um empréstimo com um fiel amigo. E tem mais a falta de sensibilidade dos frequentadores devedores, que sumiram, desabafou.
Esse é um dos dramas dos pequenos e médios restaurantes. Assim poderíamos escrever uma crônica só desses problemas. Tem empresários que pagam aluguéis caros e devem com reformas e melhorias nos seus estabelecimentos. E assim vão se alastrando em cadeia.
Parece que os problemas vêm todos juntos. Na semana passada, a Gazeta do Sul estampou na capa a foto da penúria do Lago Dourado (quem imaginava isso), que terá água suficiente para abastecer a cidade por somente 30 ou 40 dias. Até a Corsan terá um descanso nas reclamações diárias. O Rio Pardinho, que nos abastece, e o Jacuí estão quase secos, e a agricultura sofre com a estiagem.
Finalmente o comércio reabriu, porém com diversas restrições. Se a população não se comportar e a contaminação aumentar, fecha tudo novamente.
Além da crise provocada pela Covid-19, na sexta-feira, quando escrevo essa crônica, os noticiários esqueceram da pandemia e se dedicaram a divulgar a saída repentina do ministro Sérgio Moro, que pediu demissão do cargo. Largou da bem-sucedida carreira na magistratura para ser integrante do governo. Pelo seu brilhante trabalho no combate à Lava Jato, transferiu seu prestígio e credibilidade ao governo Bolsonaro. Sonhou que poderia ajudar o País, mas não contava com as traições na política.
Essa saída bombástica vai dar pano para manga. Mais uma vez, quem sai perdendo é o povo brasileiro, que sofre na mão da classe política, que insiste em pensar nos seus interesses pessoais ou do partido e nunca no país. Pobre Brasil!
Em contrapartida, hoje é dia de festa para a oposição, liderada pela turma da esquerda, que insiste na tese do impeachment de Bolsonaro. Nada disso acrescenta algo relevante ao país, muito por contrário, aumentam o desemprego, a miséria, a violência e a falta de segurança.
Gol contra de Bolsonaro.