Em dez dias pouco se conhece de Portugal, o que não nos impede de compartilhar algumas impressões colhidas num percurso referencial de sul a norte. A partir de Lisboa alcançamos Faro, Sagres, Lagos e Albufeira. Do sul rumamos para Braga ao norte, passando por diversas localidades, como Mértola, Évora, Tomar, Fátima e Porto. Retornamos a Lisboa, sem antes visitar Coimbra, Batalha, Nazaré e Óbidos.
Além de visitar áreas urbanas e rurais, mosteiros, templos, museus, instituições, monumentos, mausoléus, bibliotecas (na Universidade de Coimbra deixamos dois livros), e contemplar a paisagem e rios como o Tejo, Guadiana, Douro e Mondego aproveitamos a oportunidade para conversar com as pessoas.
Destas guardamos um constrangido mal-estar acerca da situação econômica em curso. A expressão “muita inflação e pouca habitação” soa generalizada. Muitos casais, mesmo sem se separar, estão voltando para a casa dos pais, pois não conseguem adquirir moradia própria ou sequer alugar um pequeno apartamento.
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Em função da guerra na Ucrânia as dificuldades se acentuaram, com o aumento generalizado dos preços. A carga tributária é considerada elevada. Assim, a população em geral vem perdendo renda e poder aquisitivo. São vários os relatos de pessoas que conhecem conterrâneos que deixaram o país em busca de melhores oportunidades. Por outro lado, muitos também estão chegando, particularmente brasileiros.
As estradas são boas, a segurança é exemplar, o saneamento evolui, eventos culturais acontecem, a gastronomia é convidativa e o turismo floresce a olhos vistos. Notáveis se fazem os cultivos de parreiras, oliveiras, castanheiras e corticeiras. Laranjais se estendem. Observa-se um virtuoso esforço em prol da energia limpa (eólica, solar e hidráulica) bem como em favor da reciclagem, ao tempo em que anda a pleno a substituição do plástico.
Praticamente não usam mais copos, talheres, sacolas, embalagens e demais produtos descartáveis de plástico. Se louváveis diversas das iniciativas em torno da preservação da natureza, as touradas e alguns locais de caça, vergonhosamente, ainda permanecem. Bacias hidrográficas têm sofrido com as estiagens. Calores intensos não são incomuns. As elevações de temperatura tem potencializado as queimadas, particularmente em áreas de eucaliptais e pinus.
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Entrementes, uma pergunta: como entender, sob a perspectiva franciscana, os templos – não só em Portugal – em que prolifera a “talha dourada”, processo em que a madeira é esculpida e revestida por uma película de ouro, como nos explica a gentil atendente Maria José Marques, da Igreja de São Francisco em Évora?
Costuma-se dizer que é preciso situar os acontecimentos em seu tempo e circunstância, o que, convenhamos, não satisfaz. Talvez, sobre as coisas divinas não saibamos sequer fazer perguntas. Quem sabe a resposta esteja na Cova da Iria (Fátima), onde os pastorzinhos foram contemplados com aparições e não os poderosos.
No décimo dia, junto ao rio Tejo, se fez ouvir “Uma casa portuguesa…” na voz de Amália Rodrigues. Nos inundou a saudosa melancolia do entardecer típico de um país que conhece águas oceânicas e terras continentais para além das ventanias e falésias do “fim do mundo” no Cabo de São Vicente.
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