O solo é o principal patrimônio de um agricultor, porque ele é a base de sustentação da produção. Quando um solo é manejado inadequadamente e utilizado de uma maneira extrativista, ele apresenta um decréscimo de potencial produtivo, limitando a produtividade dos cultivos nos anos favoráveis e agravando o prejuízo nos anos desfavoráveis. Manter o solo agrícola com elevada qualidade é um desafio que precisa ser enfrentado com muita atenção pelos agricultores.
Manejo integrado da fertilidade
Um solo saudável e fértil deve ser prioridade, seja qual for o plantio. A fertilidade do solo é trabalhada passo a passo, com manejo conservacionista, de prevenção e de regeneração. Assim é possível traçar um bom planejamento para se obter alta produtividade. A produção é uma relação entre planta, clima, manejo, microbiota e solo. O manejo da fertilidade do solo fortalece esses componentes e diminui o impacto de fatores de estresse, como seca e outros. Nesse sentido, existem três componentes principais da fertilidade do solo – físico, químico e biológico. O nível de fertilidade do solo resulta das características naturais do solo e das interações que ocorrem entre esses três componentes.
LEIA MAIS: Dia da Conservação do Solo: por que cuidar é necessário?
Publicidade
O engenheiro agrônomo e professor titular da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Telmo Amado, explica que o manejo da fertilidade do solo com base biológica é baseado no conceito de que um solo fértil vai além do incremento dos teores químicos de três ou quatro nutrientes principais. Primeiramente, deve-se considerar que a biota do solo mede a disponibilidade dos nutrientes para as plantas.
Nesse contexto, faz-se necessário criar um ambiente favorável à atividade biológica do solo e ao desenvolvimento radicular das plantas. Esses dois fatores são essenciais para incrementar a eficiência de absorção e utilização dos nutrientes pelas plantas. Ainda, a preservação da estrutura do solo por meio da formação dos macroagregados é dependente da atividade biológica.
LEIA TAMBÉM: FOTOS: Caminhada na Natureza reúne mais de 80 participantes em Monte Alverne
Publicidade
“Um solo bem estruturado fornece para a planta água e ar de forma equilibrada, ambos imprescindíveis para o desenvolvimento dos cultivos. Da mesma forma, um solo estruturado favorece o crescimento radicular das plantas e, finalmente, a matéria orgânica que é considerada o principal indicador de qualidade do solo é formada e estabilizada a partir da ação dos micro-organismos”, justifica.
Biologia, química e física do solo em equilíbrio
Segundo Amado, atualmente, quando um solo possui um equilíbrio entre a química, a física e a biologia, diz-se que ele possui saúde. Um solo saudável é a base para o crescimento de plantas com vigor e um ecossistema protegido. Para tanto, quatro princípios são considerados essenciais:
- Minimizar ou evitar o preparo do solo
- Manter o solo coberto durante todo o ano, evitando períodos em que ele permaneça descoberto ou com baixa cobertura
- Promover a diversificação dos cultivos
- Estimular o desenvolvimento das raízes, notadamente as mais finas, durante o maior tempo possível. Nesse contexto, as plantas de cobertura, rotação de culturas e insumos biológicos são essenciais.
LEIA MAIS: Conservação do solo: cuidar para garantir o futuro
Publicidade
Insumos biológicos
Os insumos biológicos podem ser classificados como de biocontrole, promotores de crescimento vegetal, solubilizadores de nutrientes, fixadores de nitrogênio atmosférico e amenizadores de estresse vegetal. “Os insumos biológicos tem sido considerados um componente essencial para um manejo sustentável do solo. É crescente o interesse dos agricultores pelo tema, utilizando-os como complementares aos insumos químicos, de modo a aumentar sua eficiência evitando seu uso excessivo”, acrescenta o professor.
Agricultura regenerativa
Não é novidade que a perda da fertilidade do solo e da biodiversidade representa uma ameaça ao planeta. De acordo com pesquisadores na área de solos, as taxas de destruição – ou seja, descarbonização, erosão, desertificação e poluição química, entre outros – podem resultar em danos irreversíveis quando se fala em saúde pública, pois acabam impactando na produção de alimentos de qualidade e ricos em nutrientes.
LEIA TAMBÉM: Fim de semana deve ser de temperaturas amenas e chuva; veja a previsão do tempo
Publicidade
A agricultura regenerativa tem sido proposta como um meio alternativo de produzir alimentos que podem ter impactos ambientais ou sociais mais baixos – ou mesmo positivos –, já que a prática tende a aumentar a sustentabilidade na produção de alimentos, inclusive fazendo parte de estratégias para mitigar as mudanças climáticas. “A agricultura regenerativa se propõe a conciliar o interesse de melhorar a qualidade do solo enquanto se aumenta a produtividade dos cultivos. Assim, concilia-se os objetivos econômicos do agricultor e os ambientais da sociedade. Acredito que exista uma oportunidade de aprimorar os sistemas agrícolas com base em processos importantes como a ciclagem de nutrientes”, diz Telmo Amado.
No Dia da Conservação do Solo a reflexão necessária é que cada vez mais a sociedade depende de um solo protegido contra a erosão e os principais fatores de degradação e que ainda tenha sua atividade biológica e qualidade preservadas. Desta forma, a produção de alimentos para uma população crescente poderá ser alcançada. Um solo quimicamente fértil, embora sempre desejável, nem sempre é suficiente para garantir um solo com elevada atividade biológica e que apresente as características de ser saudável e sustentável.”
Telmo Amado
LEIA AS ÚLTIMAS NOTÍCIAS DO PORTAL GAZ
Publicidade
Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!