A edificação mais antiga da cidade de Rio Pardo, construída em 1790, exibe um novo brilho após a pintura realizada pouco antes da Semana Santa. O trabalho nas paredes e nas aberturas externas do Solar Almirante Alexandrino começou em 9 de março e a conclusão ocorreu no dia 20. A execução do serviço foi viável com as contribuições anuais dos sócios da Associação de Amigos do Solar do Almirante (Aasa) e de doações da comunidade.
A presidente da Aasa, Patrícia Boeira da Fontoura, afirma que antes da execução da pintura havia dúvidas sobre a realização do trabalho neste momento ou apenas após a restauração do prédio. “Tínhamos medo de pintar o solar e as pessoas pensarem que o projeto estava concluído”, explica. Porém, depois de muito debate, a associação resolveu que era importante a realização do trabalho agora. Patrícia cita três motivos para a decisão: para embelezar Rio Pardo, pela necessidade de proteger a edificação contra as ações do tempo e para dar visibilidade ao projeto de recuperação. Observa que as pessoas notaram a intervenção e houve a adesão de mais sócios.
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A escolha das tintas e do material para a execução do trabalho contou com a orientação de pessoas qualificadas, como da vice-presidente da Aasa, Vera Schulze, arquiteta especialista em restauro. Patrícia explica que durante a pintura houve algumas intervenções internas de manutenção no prédio, ação que acontece desde 2019, quando a associação obteve a guarda provisória do solar. Entre os serviços executados neste período está a descupinização, o restauro de aberturas que estavam quebradas e de vidros danificados, e a manutenção frequente no telhado, entre outros cuidados.
A Aasa obteve a cessão de uso provisória do imóvel da Superintendência do Patrimônio Histórico da União e a entrega das chaves do prédio pela Prefeitura no fim de 2019. O objetivo do grupo é unir forças para viabilizar o restauro e evitar o desabamento do prédio, que há mais de três anos estava com as portas fechadas por causa da precariedade da estrutura. Patrícia Fontoura afirma que a estrada ainda é longa para alcançar a meta.
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Para dar sequência ao projeto, a associação conta com uma produtora cultural que ajuda a concorrer nos editais e procurar as leis de incentivo para obter recursos. “Ainda precisamos muito da ajuda da comunidade, lembrando que quando falamos no espaço do Solar do Almirante estamos não só falando da história de Rio Pardo, mas do Brasil, pois o Almirante Alexandrino foi quatro vezes ministro da Marinha e por um momento acumulou esta pasta e da Guerra”, frisa Patrícia. “Atuamos em várias frentes buscando verbas com o intuito de garantir o restauro, a manutenção e, depois, a sustentabilidade do prédio” acrescenta. As intervenções mais urgentes e necessárias são no telhado.
Sarau Cantante vai ter a sua segunda edição em 8 de abril
A realização de eventos para obter apoio ao projeto da Aasa se intensificou a partir de 2021 e já há diversas promoções programadas para este ano. A presidente da associação, Patrícia Fontoura, explica que a obtenção da guarda provisória ocorreu em novembro de 2019 e em março de 2020 começou a pandemia da Covid-19, impedindo a realização de promoções durante quase um ano. A próxima atividade será o Sarau Cantante, no largo do solar, no dia 8 de abril. A primeida edição ocorreu no ano passado e a expectativa é repetir a grande participação. Patrícia afirma que a entidade tem o apoio do comércio de Rio Pardo, com o patrocínio dos eventos.
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O prédio do solar não está aberto para visitação, mas grupos de pessoas podem conhecer o local com agendamento. “Já fizemos isso várias vezes, quando vieram grupos de Venâncio Aires, de Santa Cruz do Sul e escolas de Rio Pardo”, explica Patrícia.
A presidente da Aasa informou que há um número significativo de associados e pessoas que se sensibilizam e doam valores para o plano de recuperação do solar. Os interessados em saber mais sobre o projeto, associar-se, ajudar a divulgar, colaborar com ideias, podem entrar em contato com Patrícia, pelo WhatsApp 9 9894 1550. Os sócios pagam uma anuidade de R$ 120,00, valor que é totalmente direcionado para a manutenção do solar. Aqueles que querem fazer doações em dinheiro pode encaminhar para o PIX 33.695.837/0001-51 (CNPJ da Associação de Amigos do Solar do Almirante – Aasa).
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Importância histórica
O Solar Almirante Alexandrino é o prédio mais antigo ainda existente em Rio Pardo, mantendo-se de pé com características originais. A edificação, na Rua Almirante Alexandrino, esquina com a Rua São Francisco, se configura como um típico sobrado do século 18, reunindo soluções funcionais, construtivas e estéticas, representativas do período colonial da história brasileira. Desta forma, a construção é considerada como um dos mais significativos remanescentes desta fase da arquitetura brasileira no Estado.
A construção do prédio ocorreu em 1790, por Mateus Simões Pires, um dos primeiros açorianos a chegar em Rio Pardo. O sobrado, de arquitetura colonial, foi erguido em barro e madeira, dois metros acima do nível da rua. Inicialmente era um prédio comercial, composto de 12 salas e uma senzala em dois pavimentos. Alexandrino de Alencar nasceu no local em 2 de outubro de 1848. Ele teve importante papel na política e na Marinha, fez propaganda republicana, participou da revolta de Saldanha da Gama, serviu na esquadra brasileira em operações no Paraguai, combatendo sob as ordens de Tamandaré e Barroso; foi senador, ministro do Supremo Tribunal Militar e ministro da Marinha. Casou-se com Amália Murray Simões e Santos e teve duas filhas e um filho.
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A edificação abrigou até 2016 o Museu Municipal Barão de Santo Ângelo, inaugurado em 1935. Atualmente, o acervo, com peças inéditas, como a mobília da primeira Câmara de Vereadores (1811), que também serviu de trono a Dom Pedro II, além de armas da Revolução Farroupilha, está no Centro Regional de Cultura.
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