O Brasil consolidou, de acordo com dados apurados pelo DataSebrae, pouco mais de 30 milhões de empreendimentos no terceiro trimestre de 2022. Desse número, 10.344.858 são resultado da ação empreendedora de mulheres, um recorde. O índice, 34,4% do total de empresas brasileiras, só é menor do que a marca histórica do segundo trimestre de 2019, quando chegou a 34,8%.
Apesar de estarem ampliando a participação no mercado empresarial, elas ainda representam os menores ganhos. A média de rendimento mensal das donas de negócios é R$ 2.360,00, abaixo dos R$ 2.737,00 deles. Há setores, como serviço de apoio à educação, em que a diferença pró-homens é superior a 460%. Em outros, porém, são elas que têm maior retorno, como na área de seguro/saúde e previdência privada (eles ganham R$ 1.818,00, e elas R$ 8.484,00).
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Os baixos salários e o número cada vez maior de mulheres como chefes de domicílio fazem com que 55,1% das que se atrevem a empreender façam isso por necessidade. Assim, as áreas em que mais aparecem é comércio de vestuário, de produtos farmacêuticos, cosméticos e perfumaria, confecção sob medida, profissionais da saúde (exceto odontologia), atividades de ensino e de serviços pessoais, fabricação de produtos cerâmicos, de calçados ou parte deles, embalagens, lojas de departamento, seguros e previdência privada, entre outras.
Indiferentemente do setor, conta o analista de relacionamento com cliente do Sebrae RS, Cássio Braga, 90% chegam às unidades da região com foco definido. “Elas vêm com a ideia de negócio formada. O Sebrae auxilia na questão da abertura e planejamento.” Além disso, despontam como quem procura qualificação. Ele destaca que a maior parte do público dos cursos de aperfeiçoamento é de mulheres. “O que se percebe é que elas estão mais presentes em grandes empresas, como lideranças, e empreendendo em novos negócios. Isso está cada vez mais comum na região”, frisa.
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Muito além do segmento clássico
O Rio Grande do Sul acompanha a média nacional de mulheres à frente de empresas. São 34% dos empreendimentos. Um dos exemplos é a CEO da GT Participações, Giulia Tolotti. Seguiu um rumo diferente do que o escolhido por elas para atuarem: optou pelo mercado imobiliário. “Desde o primeiro momento que tive contato, inclusive participando de alguns processos para trainee em empresas do ramo, entendi o potencial de transformação desse mercado e me encantei por ele”, explica.
“Os empreendimentos que construímos hoje na GT não atendem apenas à empresa, mas aos seus futuros moradores e a toda a comunidade do entorno, podendo melhorar a vida das pessoas”, acrescenta. Mesmo já tendo conseguido formar um conceito sobre o trabalho apresentado, Giulia afirma que as mulheres vivem muitos ambientes nos quais a competência é questionada e onde não participam ativamente das rodas de relacionamento que têm potencial gerador de negócio. “Sinto que a união das mulheres nesse sentido é um movimento recente e existe também o desafio da desconstrução de alguns paradigmas com os quais crescemos”, observa.
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Giulia ressalta outra possibilidade de destaque do protagonismo, que é o intraempreendedorismo, ou seja, ter atuação de evidência, mesmo não sendo dona. Mas alerta: “Ainda existe no nosso país uma desigualdade de salários que precisa ser corrigida”.
Sobre a abertura de espaços e a possibilidade de gerar oportunidades de colocação para outras mulheres, a CEO acredita que, como mulher, conhece os desafios a enfrentar. Para ela, a vivência ajuda a entender que o gênero não determina a capacidade para realizar qualquer que seja a atividade. “Buscamos identificar talentos para cada oportunidade que temos dentro da empresa, mas sempre com a visão de encontrar o profissional que tenha perfil comportamental, capacidade técnica e alinhamento com a nossa cultura”, garante.
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E, assim, percebe que é possível ocupar espaços, tendo exemplos que podem ser seguidos. “Tive muitas inspirações e sigo tendo a cada dia. Minha avó, por si só, já foi uma mulher que marcou época na cidade com o seu empreendedorismo, vestindo gerações com a Casa das Noivas”, exemplifica.
Em números
O levantamento Empreendedorismo Feminino no Brasil em 2022, publicado neste mês, mostra que os estados com melhor desempenho em mulheres à frente de empresas são Rio de Janeiro e Ceará, com 38%. O Rio Grande do Sul, aproximando-se da média nacional, tem 34%.
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Gestor de atendimento do Sebrae Vales do Taquari e Rio Pardo (VTRP), Clóvis Glesse destaca como um dos desafios para as mulheres a necessidade de ser multitarefa. “Além da gestão das empresas, elas cuidam da casa, dos filhos, do companheiro, buscam capacitação, a manutenção da saúde, entre tantas outras coisas”, exemplifica Glesse.
Uma das peculiaridades apontadas é que, como se trata de muitas empresas novas, o número de profissionais contratados pelas mulheres é pequeno. São 74% dos empreendimentos com até cinco contratados. Muitas ainda optam pelo trabalho por conta própria (representando 87%), ou seja, estão à frente do empreendimento mas não possuem empregados. O número de contratantes, porém, tem crescido significativamente. Aumentou 30% de 2021 para 2022.
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