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Memória

Por Amor

Estudiantina, no final do século 19, com seu maestro Keber

A coluna desta semana resgata duas personalidades pouco lembradas, mas que deixaram suas marcas na arte e na vida de Santa Cruz do Sul. Histórias dignas de filme.

Uma é Maria Bieri, a jovem que encantou o imperador Dom Pedro II na sua última visita ao Rio Grande do Sul. Ela nasceu em Porto Alegre em 1872 e era filha de Marie Haas e do professor Fre- derico Bieri, ambos naturais de Zurique. Maria foi educada para as artes – tocava piano, violino, órgão e cítara – e falava portu- guês, alemão, francês e inglês. Aos 18 anos, foi convidada para um concerto em homenagem ao imperador. O violino que usou encontra-se exposto no Museu do Colégio Mauá.

Sua vida mudou radicalmente quando conheceu o santa-cruzense Christiano João Schmidt, que foi estudar na Escola Normal (formação de professores) que Frederico dirigia e onde a jovem ensinava música. Cristiano e Ma- ria se apaixonaram e ela não teve dúvida em trocar sua carreira e os palcos da Capital para viver em Rio Pardinho junto com es- poso, cuidando da casa, da horta e do jardim e criando dez filhos. Além disso, dava aulas, realizava partos e ajudava na organização da comunidade. Ela faleceu em 1949.

Outro nome importante na arte é o músico e maestro Guilherme (Wilhelm) Keber, imigran- te prussiano que chegou ao Brasil em 1880. Era formado no Con- servatório de Sonderhausen (Ale- manha) e, em Santa Cruz, fundou a Sociedade de Canto Liedertafel (1887) e a Musik Schule (1888) e lecionava no Deutsche Schule (atual Colégio Mauá).

Keber: paixão pela música

A responsável pelo Museu do Mauá, professora Maria Lui- sa Rauber Schuster, relata que ele vivia exclusivamente para a música. Solteiro, periodicamente viajava à Alemanha e de lá vol- tava com a mala cheia de par- tituras e das últimas novidades na música europeia. Foi um dos primeiros maestros da Orquestra Estudiantina, fundada em 1898.
Sem fazer uma reserva finan- ceira para o futuro, morreu pobre e os amigos da maçonaria tive- ram que garantir o seu sepulta- mento em 1925. Muitos maçons, dentre eles o intendente Gaspar Bartholomay, haviam sido alunos de Wilhelm Keber. A lápide que foi colocada em seu túmulo hoje faz parte do acervo do Museu do Mauá.

Maria: trabalho comunitário

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