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Coluna

Dias de quarentena: em busca de felicidade e bem-estar

Alessandra Steffens Bartz
Psicóloga
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Tantas vezes, durante nosso andar pela vida, somos questionados sobre o que buscamos. Variadas respostas podem surgir para essa questão. Dentre elas, com frequência as pessoas defendem que almejam a felicidade. Mas o que é felicidade para cada um de nós? Será possível encontrar a felicidade ou teremos apenas momentos felizes? E, ainda, será que momentos de dor podem conter faíscas de alegria?

No senso comum, o conceito de alegria, felicidade e bem-estar são muito subjetivos, dependem do olhar e das vivências de cada um. Que alegria contagiante têm os pequeninos! Alegram-se facilmente e irradiam essa emoção por todos os poros. Com o passar do tempo, as crianças vão ficando mais sérias, algumas chegam a ter uma rotina de empresário, com tantos compromissos na agenda. Os adolescentes oscilam de humor facilmente, indo da alegria à irritabilidade, devido a mudanças hormonais, emocionais, físicas, relacionais, o luto da infância perdida. E os adultos andam frenéticos, mergulhados nos estudos, no trabalho, com o intuito de obter maior conforto, segurança, bem-estar e a almejada felicidade.

Costumamos olhar para a frente, para o futuro, planejar, tentar prever. Também espiamos para trás, para o passado, seja bom ou ruim. Mas a vida acontece aqui e agora, no presente. E é no presente que vivemos momentos felizes. Pode ser um engano pensar que a felicidade virá num grande evento, depois da promoção, após a aposentadoria. Na maior parte do tempo somos tocados por pequenas gotas de alegria, que são percebidas quando você está conectado no presente. Um sorriso, o gesto de bondade, o conforto do lar, estar junto de quem se ama. Quantas vezes estamos com o pensamento longe, nos planos, nas preocupações, ou no celular, e não enxergamos o que se passa ao nosso redor.

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Os momentos difíceis parecem automaticamente ruir com qualquer possibilidade de felicidade e bem-estar. A dor, a angústia calam muito forte no íntimo de cada um. Nos sensibilizamos, iramos, choramos, esbravejamos, calamos. No entanto, os momentos de dor aguçam a sensibilidade e favorecem o olhar para as pequenas coisas. Aquelas que só vemos quando paramos. E temos visto tanta solidariedade, união, voluntariado, belezas nunca vistas em tamanha proporção e frequência. Aprendemos muito nos momentos de dor, onde se abrem as cortinas do que realmente importa. Estamos todos aprendendo muito! E, nesse momento inusitado, nunca antes vivido pelas gerações atuais, somos desafiados a continuar sendo felizes de alguma maneira, em meio à insegurança e o medo.

O gesto de ajudar o próximo nos proporciona muita alegria. O amor, a empatia, são ingredientes abundantes nas pessoas mais felizes, provando que a felicidade não está na riqueza, mas no modo de olhar e guiar a vida, nas ações. Muitos estão genuinamente preocupados com o bem-estar de todos, desde o empresário que não quer demitir seus colaboradores, deixando desprovidas as famílias; todos os profissionais que estão trabalhando para ficarmos bem e aqueles que estão se mantendo isolados, saindo apenas para o que for essencial. Nosso bem-estar depende de todos. E fica tão claro agora que estar com saúde, por si só, já é motivo de felicidade e gratidão.

Se a vida (ou o coronavírus) nos desatina, mostremos que somos guerreiros, flexíveis, adaptáveis, criativos, solidários. Nosso desafio diário é conduzir a vida no lar com mais calma, a fim de enxergar a beleza do entorno: sentir o prazer de ter o filho no colo, de dialogar com o adolescente, de ouvir o idoso com mais tempo e atenção. Estar presente permitirá perceber que vivemos pequenas alegrias diárias, mas que não existe uma fase de total felicidade. A vida não é perfeita e não é passível de controle. Cultivar a felicidade implica em cuidar da saúde física, mental, espiritual, relacional, financeira. Apesar da pandemia, continuamos sendo responsáveis por nossa felicidade. Sigamos cultivando o jardim da alegria, esse fator protetor que nos impulsiona a resistir esperançosamente à nuvem negra que insiste em assolar.

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