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COLUNA DO WENZEL

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O assunto foi tratado com bastante reserva. Até então ela era percebida como a moça que ajudava em casa, passeava na praça, frequentava a escola e igreja, gostava de ler a revista “O  Cruzeiro”, apreciava as novelas do rádio e auxiliava o pai em algum serviço do Cartório, como também o fizeram suas irmãs Natália e Ermelinda. Os registros eram feitos à caneta tinteiro, em grandes livros, desde o nascimento ao óbito das pessoas, passando das compras e vendas de imóveis aos assentamentos de títulos e documentos diversos.

Todavia, algo novo transparecia em velados sussurros; especialmente, em alguns momentos, quando ao final da tarde, em frente ao casarão, que também abrigava o Cartório de Carlos Alberto Schneider, a família compartilhava o chimarrão. Chegou o tempo em que tudo precisaria ser esclarecido. Ela, de olhinhos brilhantes e festiva, em seu íntimo, já decidira. Iria para o  convento das Carmelitas em São Leopoldo.

Mesmo assim, até para convencer seus pais, Lucila esperava por um sinal definitivo. Eis que, sem mais nem menos, alguém ofereceu a Lucila, acarinhada como Luli, uma rosa, um dos símbolos carmelitas. As dúvidas se transformaram em convicção familiar e, no dia 6 de janeiro de 1960, ela ingressou na ordem carmelita, passando a atender pelo nome de Irmã Maria Inês. Nome que seria dado, em homenagem, à sua sobrinha e afilhada Maria Inês, mana já nascida em Santa Cruz do Sul. Assim, aos 23 anos de idade, a alegre missioneira cerro-larguense deixaria a casa, sempre aberta a todos que quisessem chegar, para se recolher no Carmelo. 

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De tempos em tempos  íamos visitar a irmã Maria Inês. Depois de se fazer anunciar, a gente seguia para uma salinha. Ali, separados por uma grade, podíamos conversar com ela e nos tocar com os dedos. Não nos demorávamos. Na saída, costumávamos deixar alguma lembrança na roda de recebimentos. Em geral oferecíamos mel, colhido pelo pai Arno, ou algum doce que mãe Natália preparara com especial capricho. No retorno para casa, em Santa Cruz do Sul, os comentários giravam em torno da roda, da grade, dos escapulários recebidos, da felicidade estampada no rosto da tia e do que imaginávamos haver para além da salinha de recepção. 

Pois agora, ainda há poucos dias, no janeiro em que a Luli ingressara na vida religiosa, nosso Mosteiro da Santíssima Trindade aniversariou. Fez 26 anos de fundação. Durante a celebração, presidida pelo bispo dom Aloísio Dilli, uma questão insistia por resposta: “Monja beneditina ou carmelita, como entender tamanho despojamento pessoal, para se dedicar à oração e ao serviço em favor do próximo?”

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