Santa Cruz do Sul recuperou a terceira posição entre os maiores municípios do Rio Grande do Sul no ranking do Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese) de 2020. O resultado indica que o município enfrentou melhor do que a média do Estado a crise gerada pela pandemia.
Calculado pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), o Idese é inspirado no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), da Organização das Nações Unidas (ONU), e serve como um termômetro das condições de vida em cada localidade. No caso de Santa Cruz, o índice geral obtido, em uma escala que vai de 0 a 1, foi de 0,814 – inferior ao de 2019 (0,816).
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O recuo, que foi observado na maioria das cidades, reflete o impacto da Covid-19 e da estiagem prolongada, sobretudo em uma das dimensões mensuradas, a de renda, que avalia a geração e apropriação de riquezas no Estado. Ainda assim, o fato de ter subido da quinta posição, na qual estava desde 2018, para a terceira, indica que Santa Cruz saiu-se melhor diante da crise, conforme um dos responsáveis pelo estudo, Tomás Fiori. “O município conseguiu manter um patamar de alto desenvolvimento mesmo em face da crise gerada em um ano de exceção, o que já é um grande mérito”, analisou.
Na dimensão renda, que leva em conta indicadores como PIB per capita, Santa Cruz ficou novamente em segundo lugar entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, atrás apenas de Porto Alegre. Segundo Fiori, os números apontam que Santa Cruz, mesmo com as restrições às atividades econômicas e o tombo na empregabilidade, sustentou um nível de renda ao longo do ano, embora tenha perdido em apropriação, o que significa que houve uma concentração maior das riquezas geradas.
A melhor colocação do município foi alcançada na dimensão educação, onde desta vez liderou entre as maiores cidades, puxado por uma baixa perda de matrículas tanto no ensino pré-escolar quanto no Ensino Médio. Já na dimensão saúde, onde obteve a melhor pontuação, manteve-se na 10ª colocação.
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Nesse quesito, são considerados, entre outros, estatísticas de óbitos infantis e óbitos por mortes evitáveis. Se considerados todos os 497 municípios do Estado, Santa Cruz avançou 15 posições, passando de 74º para 59º. Apesar disso, os dados históricos indicam uma estagnação ao longo da última década. Em 2013, a pontuação obtida foi de 0,807. O maior patamar já alcançado foi registrado em 2017 (0,916), mas depois disso o desempenho oscilou, mesmo antes da pandemia.
No Vale do Rio Pardo, Santa Cruz do Sul foi o único município a figurar entre os 100 mais bem colocados no ranking geral. O segundo melhor desempenho foi o de Venâncio Aires, que ficou em 172º. No outro extremo, Vale do Sol e Vale Verde ficaram entre os 10 municípios com a pontuação mais baixa do Estado.
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A prefeita Helena Hermany comemorou ontem os novos dados. “A terceira colocação no ranking do Idese entre os municípios gaúchos com mais de 100 mil habitantes é mais uma confirmação da nossa força produtiva, mostrando sempre o compromisso de cuidar das pessoas e suas necessidades. É um resultado para ser celebrado por toda a nossa comunidade”, frisou.
Ano de exceção influenciou os indicadores
O pesquisador do DEE Tomás Fiori alerta que os números do Idese devem ser analisados com cautela, em função de 2020 ter sido um ano atípico. Segundo ele, até alguns indicadores positivos precisam ser encarados como exceções geradas pela pandemia e não necessariamente tendências.
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Um exemplo envolve a questão da saúde. De acordo com Fiori, os números indicam uma queda nos óbitos infantis e nos óbitos por mortes evitáveis. Tudo indica, porém, que isso é reflexo do distanciamento físico imposto para frear a disseminação do vírus da Covid-19, o que inclui a suspensão das aulas presenciais. Com menos circulação, a incidência de outras doenças despencou, mas isso tende a normalizar com a retomada da rotina normal.
O mesmo ocorre na dimensão educação. Fiori observa, por exemplo, que em 2020 não houve aplicação da prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Seab), uma das variáveis utilizadas na composição do Idese. Além disso, o desempenho das matrículas no Ensino Médio é influenciado pelo fechamento da economia, já que, com a queda na empregabilidade, muitos jovens que pretendiam trabalhar não puderam.
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